Eis a grande questão: “Você acha que o holandês é sincero ou agressivo?”

Querida Migs expatriada,

se você mora na Holanda já vai entender tudinho pelo título do blog, se você não mora … senta aqui, deixa eu te contar.

Eis a grande questão: “Você acha que o holandês é sincero ou agressivo?”

Eu tenho uma lista enormeeee de várias situações que passei na Holanda desde que cheguei, há um ano e sete meses. Seja no trabalho, com vizinhos, em qualquer lugar. Bora lá para algumas:

  • Meu vizinho de cima (quando eu morava na casa dos ratos em Oud Zuid), tocou a campainha e perguntou: “A empresa que o seu marido trabalha paga as escolas das suas filhas ou vocês pagam?” Eu juro que ele tocou a campainha somente para perguntar isso!
  • Minha vizinha da rua (eu nem a conhecia) perguntou se eu alugava algum andar da minha casa. Falei que não. Então ela perguntou: “Por quê vocês moram nessa casa somente quatro pessoas?” Como se eu morasse no Schonbrunn, Palácio da Imperatriz Sissi, na Áustria (por sinal, super vale a visita aos jardins!). Detalhe que todas as casas da rua são iguais.
  • No meu trabalho eu ouvi que era “unprofessional” por contratar uma brasileira. Oi, quem perguntou???
  • Presenciei um colega de trabalho jogando uma caneta pilot no colo do Presidenteeeeee, porque este disse que não estava correto o trabalho. Então ele mandou o chefe fazer. E a reunião seguiu o baile normalmente.
  • Outro dia tinha uma moça na minha empresa. Eu achava que era cliente, claro. Papo vai e papo vem. Até que um colega me disse que era noiva do Ciclano. Então falei para ela:”Ué por quê você não me disse que era noiva dele?”. A mocinha respondeu: “Em primeiro lugar, eu posso ver que você não é daqui. Aqui nós somos feministas. Eu não sou noiva, esposa ou sei lá o que dele. Eu tenho um nome e meu nome é Fulana”. Eu queria responder: “Tá bom Cavala, love you too.”
  • “Quanto você ganha?” junto com “Qual é o cargo do seu marido?” e termina com “Quanto você paga de escola?”

Migs, são várias situações mas todas estão ligadas aquela linha tênue … sinceridade x agressividade.

Nos primeiros seis meses, eu saia chorando do trabalho toda semana (uma vez por semana). Sério! Não dormia porque ficava pensando como deveria ter respondido. Até que a People Culture Director (nome chique, benhê!) da minha empresa veio da França e conversamos muito. Ela me indicou um livro – inclusive já falei neste post aqui.

Outro livro que estou lendo é o The Undutchables. Muito bom!!! Não tenho tempo para fazer resenha de livro, porque preciso comprar comida, cozinhar, lavar, arrumar casa, cuidar das filhas, do marido e trabalhar … ufa! Mas enfim, vale a pena ler. Se quiser emprestado, me manda mensagem. Inclusive, nesse livro, o autor fala que o Dutch pergunta tudo da sua vida e fala demais porque ele gosta de ter um inventário sobre tudo o que os amigos, vizinhos e familia tem.

Cultural x Pessoal

Confesso que demorou mais do que eu gostaria para entender que é cultural e não pessoal. Sério, Migs!!! Eu sei que você deve estar falando não, que isso é falta de educação.

Chorei horrores. Xinguei horrores também. Hoje consigo levar isso mais leve, afinal eu moro aqui então segue o baile …

Não leve para o pessoal. Não estou dizendo para você concordar com isso, muito pelo contrário. Responda alto e em bom tom. Também não estou dizendo que é correto. Apenas que se você não levar para o pessoal, sua vida por aqui será mais leve. E a vida expatriada é tão fodástica, que eu só desejo leveza.

Em inglês, quando uma pessoa é diretona, a gente fala que vai straight to the point. Aqui eles vão straight to the heart. Eita pemba, como dói!

Cultura Pai/ Filho X Bando de Adultos

Eu NUNCA vou esquecer quando essa pessoa do RH da minha empresa me explicou que eu sou de uma cultura latina de pai e filho, chefe e subordinado e por aí vai. Mega hierárquica profissionalmente e pessoalmente. E aqui, a Holanda, é um país de bunch of adults. 

Exatamente isso. Os holandeses, desde muito pequenos, são criados de forma independentes. No parquinho as mães sentam e conversam. Não ficam como mãe-helicóptero-brasileira olhando cada passo do filhote. As crianças vão de bike sozinhas para a escola com oito anos de idade. Cada um por si desde sempre.

Eu acho que em muitas coisas eles são corretos. MUITA mesmo. Já achei também que eram agressivos, mas hoje tenho certeza que não. Isto é cultural. Eu e nem ninguém pode mudar a cultura de um país. Jamais.

Estava conversando sobre isso com meu grupo de amigas do Chile (saudades Chicas!). E a Dani Campos disse: “Diferenças culturais sempre existirão mas é na diferença que aprendemos sobre nós e sobre os outros. O diferente não é negativo, muito pelo contrário, é só diferente mesmo”.

É a mais pura verdade, e só nos damos conta quando saímos da zona de conforto, conhecemos o mundo afora, nos colocamos no lugar do outro – praticando a empatia – e aprendemos MUITO com essas diferenças.

 

 

 

 

 

 

 

Vida expatriada é sobre escolher as batalhas! 

Querida amiga expatriada, 

se você é expatriada, vai se identificar MUITO porque temos 122mil mil prioridades. Se você está lendo de curió esse post, pode idealizar mas nunca vai saber o quanto é fodástico. 

Migs, desejo do fundo do meu coração, que você tenha uma vida expatriada leve. Isso é o mais importante, e o resto flui. Vamos lá … 

Se você projetar sua vida expatriada, você paralisa. 

Aquele momento dramático, quando o marido/ esposa vem e fala: “Precisamos conversar. Vamos mudar para a Islândia”. Pronto. Apenas uma frase e já passa um filme na cabeça: como deve ser morar lá, casa, escola, médico, comida, azamigas, emprego e por aí vai. Nossa mente nunca vai parar. Migs, deixa eu te contar, o começo sempre vai ser o caos. Isso não é novidade, apenas a dura realidade.

Talvez porque eu nunca fiz planejamento para nada (mesmo sendo ansiosa), acho que as coisas e pessoas deveriam ser mais let it go … 

Tenho certeza que você planeja assim: no mês de setembro vou fazer o curso de decoração que tanto amo. Quando eu tiver dinheiro, vou fazer uma viagem. Quando eu souber quantos anos ficarei na China, vou trabalhar. Pasmem, você já está paralisada! 

Hello Migs, levanta o popô dessa cadeira e faça acontecer. Não tem mamãe para passar a mão na cabeça ou dar um colinho (eita coisa boa!), o que tem para hoje é comprar comida, cozinhar e uma pilha de roupas para lavar em todas as casas expatriadas. 

Eu morei em cinco países nos últimos seis anos. Se eu tivesse planejado ou esperado … jamais teria vivido tudo que eu vivi e conhecido azamigas maravilhosas para uma vida toda.

Partner de agora em diante, e agora? 

É muito comum mudar de país devido ao trabalho do namorado, marido, tico tico no fubá ou esposa. O nome desse tipo de visto, ou até mesmo conceito, é partner.

Migs, sério, você fez tudo o que fez na vida para ser partner de agora em diante? Não estou aqui pagando de feminista ou sei lá o que você queira chamar. O fato é que um dia os filhos crescem e aí você vai fazer o que?  Basta pensar se é isso mesmo que você quer. Cuidar da casa e cuidar dos filhos. Se SIM, você está de parabéns, porque eu realmente não consigo. Minha vida tem que ter um propósito. Não somente um trabalho, mas um curso interessante, vender algo que faz e gosta, ensinar algo, trabalhar como voluntária e etc. 

Não adianta falar que não tem tempo para nada. Você nunca vai ter tempo se não souber priorizar as coisas.

Espelho x Realidade 

A Migs começa a vida expatriada projetando como será a nova vida na Slovenia, se enxerga (do jeito que ela acha) e partiu vida nova! 

Depois de uns meses vem aquele período de reclamação 24X7, igual suporte (sou de TI!). E você pensa que o problema está sempre no outro, na cidade, na cultura do país novo e por aí vai … porque nós, migs querida, somos  incríveis, maravilhosas e merecedoras do melhor do mundo, né? Na verdade, não é bem por aí! 

Agora se olha no espelho e para de projetar uma vida imaginária. Coloque seus pés no chão. Claro que todos países tem problemas, todo lugar é diferente, mas é você quem chegou e precisa se adaptar, não as pessoas que já nasceram; moram no local.

Aprenda a diferença entre espelho x realidade.

Deadlines

Migs, eu não sou nem um pouco arrependida de nada nessa vida, até porque eu me jogo mesmo e de cabeça! Isso mesmo, eu tenho metas com datas para tudo, simplesmente porque é muito fácil entrar na rotina do dia a dia e perder o timing das coisas. 

Eu perdi um timing na vida expatriada, mas depois corri atrás. Isso tudo porque esperava que as coisas fossem acontecer. Por exemplo, a segunda gravidez. Sai do emprego do Brasil e mudamos para o Chile, a Valentina tinha meses, mas eu poderia ter engravidado naquela época, porque demorou 10 meses para eu conseguir um emprego no Chile e logo em seguida nós mudamos para Londres, onde eu fiquei mais seis meses sem trabalhar. Migs, você me entende? Depois aprendi a lição e criei uma meta: até novembro/2014 se eu não conseguir um emprego, vou engravidar. Dito e feito! Não consegui e engravidei, mas poucas semanas depois recebi a offer letter, por sinal, do mesmo emprego que tenho até hoje. 

Esse lance de deixar a vida te levar só funciona para o Zeca Pagodinho. Quando vemos, a vida passa naquele país, você já está de mudança novamente e ai vai levar o que de aprendizado; legado dali?

A importância de ter vários papéis e ter a consciência que nenhum deles será perfeito. 

Migs, o que você gosta de fazer? O que você faz por você? Não vale responder cuidar de filho, porque isso é para a familia. Não é somente por você. 

Eu sei que para mim é super importante desempenhar vários papéis ao mesmo tempo. Tenho plena consciência que nenhum deles será perfeito ou maravilhoso. Simplesmente porque o feito é melhor do que o perfeito.

Por exemplo, eu gosto de cozinhar. Adoraria comer comida fresca e saudável diariamente, mas para isso eu não poderia trabalhar, cuidar das filhas e teria que ir ao mercado sempre (o que eu detesto!). Então não é possível e OK para mim.

Outro exemplo é a minha carreira profissional. Migs, não se pode ter tudo nessa vida. Meu marido volta do trabalho depois das 21h ou está viajando. Portanto, eu não tenho como viajar sempre a trabalho e ser a mega-power-fodástica mesmo eu tendo estudado e batalhado para isso. Por outro lado, eu não quero que minhas filhas sejam criadas pela babá (nada contra quem tem essa vida, mas para minha família não funciona). Então não é possível e OK para mim.

Na escola, quando tem aniversário pode levar um cupcake para cada aluno e cantar parabéns na classe. Migs, eu vou passar na loja Dunkin Donuts e comprar para os amiguinhos das minhas filhas. Eu poderia fazer os cupcakes? Eu poderia fazer o bolo? Poderia, mas ai já ficaria estressada em pensar como encaixar a ida ao mercado, cozinhar e levar no meio da minha semana caótica. Então, eu quero mais é ser leve e feliz. Vou de donuts mega power colorido da lojinha e voilá!

Você precisa escolher as batalhas.

Migs, simples, para ter uma vida expatriada mais leve basta escolher as batalhas.

Eu tenho que cuidar das meninas, trabalhar todos os dias da semana, bater minha meta do trabalho (vender apenassss 3.6 milhões de pounds, isso mesmo!), dar aquela atenção para o marido, lavar e guardar a roupa, cozinhar, mercado e limpar a casa. Eu escolho as minhas batalhas.

Quais as suas prioridades? O que você não abre mão?

Tenha consciência que precisa largar o osso em muitas coisas, tipo eu largo o osso com limpeza e comida fresca diariamente. Simplesmente não é possível ser feliz assim!

Não se pode ter tudo nessa vida, mas se pode ser muito feliz com tudo o que você tem de importante nessa vida.

Você leva a vida: TRYING TO FIT IN? 

Querida amiga expatriada,

senta que lá vem papo cabeça …

Tudo começou no meu grupo de whatsapp das minhas amigas de Londres. Aliás, saudades meninas!!! ❤️

A Teressa jogou a questão do brinco na orelha em bebezucas e surgiram 122mil comentários. Migs, se você está lendo esse post do Brasil deve achar mais do que normal furar a orelha da bebezinha, mas na verdade há controversias. Bem-vinda ao mundo por aqui!  Não vou discutir o que é certo ou errado. Até porque não existe certo e errado. Alguns falam que é um ato “bárbaro”. Outros falam que somente pessoas sem educação fazem. Alguns falam que o bebê/ mulher deve decidir o que fazer com o corpo. O fato é que, em Londres, é proibido meninas de brincos, nas escolas, a partir de quatro anos.

Sobre esse lance, eu furei a orelha da Valentina no Einstein em Sampa, quando ela nasceu. Isso mesmo, bemmmmmm como manda o “figurino”. Porém, atualmente, NENHUMA amiga dela, de diferentes nacionalidades, usa brinco então ela quis tirar já tem um ano e meio. Deixei, claro! Também furei a da Vic bebezuca e ela nem chorou. Por enquanto, está de brinco mas se quiser tirar … OK também.

Migs, isso é CULTURAL!!!

Assim como é cultural, na Inglaterra, não cuidar dos dentes. Porque antigamente só quem tinha dinheiro para comprar açucar/ doces eram pessoas ricas. Então dente cariado/ podre era sinônimo de status. BUT convenhamos, né? Uó do borogodó!!!! Eu tenho uma colega de trabalho que tem Chanel e Louboutin mas nãooooo tem um dente. Bom, eu não tenho nada disso, mas tenho os meus dentes, porque essa é a minha cultura e levo isso como prioridade.

Papo vai e papo vem. Até que a Paulinha, minha BFF de Londres, falou:

A gente leva a vida TRYING TO FIT IN!!! No final, a gente nem se reconhece mais.

Boom!!!! Todo mundo concordou e acordou.

E eu pensei, por horassssss, quantas coisas que fazia, fiz e faço somente por TRYING TO FIT IN. Para quê, Migs?

Em Londres, no começo, eu me esforçava muitoooo para ter sotaque britânico. Para quê? Hoje falo inglês superrrrr brazuca (alguns erros) e com orgulho, afinal não sou british, só minha filha Vic. ☺️

Em Madrid, assim que chegamos, convidaram a Valentina para uma festinha de uma amiguinha da escola em um parquinho indoor. Era segunda às 16h30, ou seja, após a escola. Eu fui normal ué! Bota sem salto, calça jeans, “brusinha” da Zara e casaco Uniqlo. Migsssss do Céu, quando cheguei lá, as mães estavam de bota de salto, superrrrr maquiadas, casaco de pele, vestido-longo-esvoaçante-estampa Liberty, bolsa Chanel e cabelo com cachos a la Gisele. Capa da revista HOLA em plena segundona a tarde no frio! Eu também levei a Vic, porque não tinha ajuda, mas Madrid todooooo mundo tem interna – que mora com você de domingo a sábado.

Depois desse episódio, o que eu fiz? TRYING TO FIT IN, claro. Depois de uma temporada no Chile e em Londres, eu somente mega me arrumava para trabalhar. E ainda deixava meus saltos no trabalho, claro. Então fiz umas compritchas e mega me arrumava nas festinhas, para buscar as meninas na escola e tudo mais. Para quê??? Depois de um tempo desencanei, porque aquela não era eu, e consequentemente acabei fazendo amizade com expatriadas e somente duas espanholas.

Na Holanda, meu lance de TRYING TO FIT IN é com a bike 🚲. Migs, uma cena cotidiana aqui é uma super mãe-deusa-holandesa pedalar carregando compras, três filhos e mais um amiguinho para playdate. Cabelo liso, falando no celular e plenaaaaa! E eu? Rá! Comprei uma bike com cesta na frente e cadeirinha atrás. Pesada para kct para começo de conversa. Enfim, quando eu pedalo na chuva tenho vontade de matar um! A chuva vai na cara borrando a make. Fecho a capa de chuva no máximo para não molhar minha bolsa cara-desejo-que trabalhei para poha para pagar- e tem que durar gerações (sim, me julguem!). Meu cabelo, depois de pedalar, parece de velha que passa spray Karina. Cheio de nó! Já cai da bike e minha cesta estava cheia de compra do mercado. Migs, fala sério, né? Eu, com 37 anos lá caída e olhando para ver se alguém estava rindo do mico. O mico maior é sair catando yogurt, manteiga e pão pelo chão. Uóóó!!! Em Amsterdam, os turistas alugam a bike e saem batendo em todo mundo. Piores do que eu. Semana passada, meu pneu estava murcho e pedalei até o posto com a Vic na garupa, pior do que cross fit, adivinha? Chegando lá não tinha bomba para encher pneu de bike, somente de carro. Voltei mor-ren-do e xingando todas as gerações, e claro, meu marido também que tenta me enfiar nessa a qualquer custo. Valeu, paixão! Já saí para jantar, sem filhas, plena e de bota. O pedal ralou toda minha bota nova, e minha bolsa Gucci (mais uma vez) pulando na minha cestinha para cá e para lá. Um dia inventei de ir a missa de bike. Parecia que eu tinha ído para a missa em Jerusalém, de tão longe. Deus que me perdoe, mas ELE estava vendo meu esforço. Não foi em vão. Amém! E na volta choveu, claro. Outra vez, meu marido estava na pista de bike (de bike, claro) e foi atropelado por uma scooter e quebrou o ombro. Para tudo!

Migs, para que tudo isso? Se você é expatriada, com certeza já passou por diversas situações assim e muito piores.

A gente tenta “se encaixar”; fazer parte da cultura local de qualquer forma a qualquer custo.

Quando comecei a trabalhar em Londres, logo de cara percebi como tudo era diferente. Ninguém conversava. Imagina minha dificuldade? Sou geminiana faladeira. Eu ía ao banheiro só para falar, falar e falar no celular. Mas  desde sempre fui EU! E meu apelido virou Sunshine em todos as BUs. Porque realmente eu sou diferente deles. Sou brasileira, pô! Nem melhor. Nem pior. Apenas diferente e OK ser assim.

Mudar faz bem. Mudar é necessário. Mas lembre-se sempre … até onde permitimos mudar? O que não mudaremos nunca?

No Brasil, eu vejo azamigas sendo fit. Postam receitinhas fit. Pratos lindos e saudáveis. Cross fit para cá e para lá. Outifits modernosos. Cropped. E eu? Migs, óbvio que eu amaria ser super fit e fazer pratos mega-power-super fit para minhas filhotas … BUT eu não tenho empregada para cozinhar, vovó perto para ficar com elas enquanto vou ao mercado, nem feira existe aqui e muito menos alguém para ficar com elas enquanto eu malho. Meu marido volta às 22h ou está em outro país. O que eu faço? Desencano de TRYING TO FIT IT e malho (duas vezes na semana super cedo) para comer e ser feliz, não para usar cropped. Comida não é remédio. Eu AMO comer e tenho prazer nisso.

Pior … tem pessoas que fazem isso em relacionamento. Seja com namorado, marido ou tico tico no fubá. Mudam o estilo de se vestir. Mudam as amizades. Mudam os lugares que frequentam.  Até esquecem da própria família.

Outras pessoas gastam os tubos para parecerem rhycah-phynah-plena igual as blogueiranys do Insta. Parcelam até a alma. Alugam até bolsas caras somente para um findi. Tem a mesma sobrancelha desenhada de fio a fio.

Agora, para e pensa … quantas coisas você já mudou somente para TRYING TO FIT IN? Muitas, com certeza.

Migs, seja você! ❤️

Tenha cuidado para não perder sua essência. Não deixe de ser você somente para agradar aos outros.Uma hora a danada da “conta” vai chegar, e será muito cara. Virá em forma de frustração, depressão, tristeza, angústia e um belo impacto financeiro também.

Migs, aviso super importante: na Holanda tem ratos!

Querida amiga expatriada,

acho que faz um ano e meio que estou ensaiando esse post e não escrevo. Porquê é um assunto nojento, mas sempre lembro dos meus primeiros dias, na Holanda, e me sinto ingênua em não ter lido nada disso.

Então vem cá, quando eu sou amiga, eu sou MEGA AMIGA … e não vou deixar você passear ou morar aqui sem saber …

NA HOLANDA TEM RATOS!!!

Migs, claro que tem rato nas grandes metrópoles como São Paulo, Paris, NY, London e etc. Porém aqui, na Holanda, o buraco é mais embaixo. Digamos que os buracos estão todos tapados com ratos.

Devido a quantidade de canais pela cidade os ratinhos adoram e se multiplicam.

As casas sao geminadas e muito antigas. Eles moram entre as paredes, basement, tubulação, enfim em todos os lugares das casas e muito antes de você, que acabou de se mudar.

Minha experiência com ratos (que eu nem queria e não desejo para ninguém)!

Migs, mudei de Madrid para Amsterdam, em setembro de 2017, feliz da vida com família. Ficamos em um hotel duas semanas.

Meu marido encontrou uma casa linda (de filme!) no ground floor em Oud Zuid. Um bairro central. Dava para ir a pé para os museus, lojinhas e restaurantes super descolados. Morávamos em frente a British School of Amsterdam.

Eu AMAVA!!!

A casa era menor do que as outras casas que morei, mas era muito bem localizada e aconchegante.

O aluguel mais caro de todos os países que moramos. Amsterdam é uma cidade caríssima!

A vida por aqui ía maravilhosamente bem, até que … um belo dia minha cleaner (que ía uma vez na semana) me avisou que encontrou coco de rato na minha tábua de cortar comida. Oi?!?!? Pois é, ela me mostrou. Parece um granulado de brigadeiro mas um pouco mais gordinho. Eu queria fugir!

Meu marido estava viajando a trabalho. Isso aconteceu na segunda e ele só iria voltar no sábado. E eu? Não tinha muita opção a não ser virar PHD em exterminadora de ratos.

Ir para um hotel, não era uma escolha porque o mais próximo era o Hilton e jamais poderia pagar várias diárias.

Vizinhos

Fui pedir ajuda para os vizinhos.

Bati na porta do meu vizinho de cima. Uma casa linda e reformada. Ele me mostrou as ratoeiras elétricas que tinha pela casa, e disse: “Em seis meses peguei 16 ratos “. Se ele morava em cima pegou tudo isso, imagina eu que morava no ground floor?!?!?

Bati na porta da minha vizinha de quintal, e falei que estava com um problema em casa: ratos. Ela apenas me disse: “Qual é o seu problema? Porque os ratos estão em toda Amsterdam. Você teria que mudar de cidade. Compre a ratoeira humanizada, deixa a noite na pia da cozinha, no dia seguinte desça antes das crianças e afogue os ratos na privada e joga fora.” Migs, isso foi o verdadeiro significado de filme de Terror.

Bati na porta da minha vizinha da direita, e ela tinha uma gato. Me disse que não adiantava ela ter gato que eu iria seguir com os ratos. Eu também teria que ter um.

Liguei para o landlord. Ele disse que não tinha solução, que morou anos na casa e sempre com ratos, até que resolveu comprar um gato. Falou para chamar a empresa de Pest Control que ele poderia pagar, mas os ratos iriam voltar. Falei que iríamos sair, e ele disse que teríamos que pagar 12 meses de aluguel …

… não tínhamos como pagar isso. Chorei MUITO!!!

Eu não poderia ter gato, porque a Vic tem asma. Cada um lida de uma maneira diferente para cada assunto. Para mim, foi surreal!

Veneno, ratoeira e exterminador de ratos.

No dia seguinte, deixei as meninas na escola, peguei a bike e #partiu para comprar veneno e ratoeira. Comprei na Gamma (fica a dica!).

O veneno parecia cereal, mas na cor rosa. E o medo das minhas filhas comerem? Coloquei as meninas na cama e joguei veneno na cozinha, em todos os buracos, no basement, sala e etc.

Tapei todos os buracos com papel alumínio e palha de aço. Rato não come.

Adivinha?

Quando acordei, não tinha mais nada do veneno. A confirmação que SIM, não era apenas um mas vários ratos.

Nesse meio tempo, aprendi sobre todos os modelos de ratoeiras. Qual você quer, Miga:

  • ratoeira padrão – coloque luvas para ativar, pois o rato sente o seu cheiro e não vai pega a isca de forma alguma. Eles gostam de pasta de amendoim.
  • ratoeira elétrica – comprei, claro. O rato entra e morre com um choque, depois você joga fora e nem precisa olhar a cara dele.
  • ratoeira humanizada – morro de rir quando alguém fala isso, mas é tipo um papel com cera em cima. O rato passa em cima e fica grudado VIVO. Você pega o ratinho e joga fora de casa.

Limpeza da casa

É MUITO importante manter sua casa limpa e não deixar NENHUM alimento fora. Nem as frutas.

Fui na Ikea, comprei potes de vidros com tampas bem vedadas, de todos os tamanhos. Coloquei todas as comidas dentro.

Virei a louca da limpeza. Se caía uma migalha, eu surtava. Passava lencinho Dettol em tudo e aspirador de pó todos os dias.

Eu limpava demais, mas mesmo assim ainda aparecia coco de rato na sala, na mesa de jantar …

Exterminador de Ratos

Fechei com uma empresa e espero que nunca você tenha que usar esse fone, mas segue: Mark +31 618 65 19 80. 

Ele fez duas visitas. Na primeira, abriu a tampa embaixo da pia e era coco de rato que não acabava mais. Deixou ratoeiras lá. Voltou depois de uma semana para pegar as ratoeiras.

Tapou TODOS os buracos da casa. Ele me disse que se tiver um buraco do tamanho do nosso dedão, o rato passa.

Cada visita custa em média 70 euros.O serviço para tapar todos os buracos custou 1,200 euros. O dono descontou do aluguel. Eita rato caro da poha!

Mesmo depois de tudo isso, ele me disse que os ratos poderiam voltar e que eu não poderia abrir o quintal ou janelas. Como viver assim?

Zero Glamour

Negociamos com o landlord. Se encontrássemos um novo inquilino, ele nos deixaria sair. Pagamos uma corretora e ela anunciou a casa novamente.

Duas famílias vieram no primeiro dia. Ambas fizeram proposta. O dono fechou com a família que pagou mais caro. Eu ía avisar sobre os ratos, mas a família tinha gato. Que ótimo para eles!!!

E lá fomos nós para a terceira mudança do ano: Londres – Madrid – Casa com rato – Casa sem rato.

Busquei casa feito louca. Achei uma casa toda reformada, a prova de ratos, em frente a escola das minhas filhas. E o melhor, o aluguel era menor.

Fizemos a mudança na quinta-feira e na segunda-feira fui para Londres a trabalho. Mega correria mas feliz da vida  sem ratos. Moramos nela até hoje.

Se você tem que se mudar porque viu um rato em casa? Claro que não, mas no meu caso, a região tem muitos, eu morava no ground floor e não tinha gato.

Migs, você que olha meu Instagram e pensa que eu tenho a vida perfeita por aqui … RÁ!!! Não sei iluda. Não acredite em redes sociais. Não pense que a grama do vizinho é melhor. Apenas agradeça que você mora numa casa sem ratos que já está bom demais. 😉

 

Sobre a insegurança de mudar de país. 

Querida amiga,

uma seguidora do insta (me achany a blogueirany) me perguntou se eu me sentia insegura, no começo, nos países que morei.

Migs, claroooooo, sim, com certeza e óbvio!

Vamos começar do começo – bem redundante mesmo.

Minha mãe me ensinou, e principalmente me proporcionou, essa paixão de viajar. Ela me levou para todos os estados do Brasil e alguns países. Quando eu tinha 11 anos, ela me mandou de excursão para a Disney , com uma amiga da mesma idade, pela Dimensão Turismo. Ficamos em Miami e Orlando 15 dias. Dormimos no mesmo quarto da guia. E eu? AMEI!!! Sou eternamente grata.

Com 17 anos fui com duas amigas para a Espanha por um mês. Até aprendi um pouco de espanhol nessa viagem MAETROCINIO total. Com 20 anos, fui estudar inglês por três meses em Toronto, Canadá.

Sobre o medo

Quando você muda sem previsão de volta, seja sozinha ou com a família, é totalmente diferente. Incomparável! Não compare um intercâmbio com pagar suas contas para sobreviver em um país.

Nós ficamos condicionados na zona de conforto, e quando vem algo externo para nos tirar dela, isso gera medo e muita insegurança.

Migs, tenho algumas dicas (experiência própria) para amenizar essa situação:

Redes Sociais

Migs, antes de mudar, coloque no facebook, instagram, tinder, pinterest e sei lá mais o que avisando que vai se mudar para a cidade X e pergunta se alguém conhece um primo-da vizinha-da tia-do cunhado que mora lá. Sempreeeee tem alguém! Eu já conheci pessoas super especiais assim, e também já apresentei várias assim.

Eu não uso muito facebook mais, mas deixo ativo porque vai que mudo de novo e vou precisar, né? Nunca se sabe. Sempre tem grupos no face de brasileiras na Holanda, mais brasileiras e sei lá mais o que …

Se você não tem rede social, parabéns é muito iluminada, pule 10 casas e você ganhará esse jogo! 🙂

Brasileiras

Nem toda brasileira será sua amiga. Fato. E, Migs, that is ok (como fala minha filha Valentina) …

Eu tenho azamigas pelo mundo afora. Se eu morasse no Brasil, algumas seriam minhas amigas com certeza, mas outras com toda certeza não. É uma questão de afinidade.

Muitas vezes você não vai achar aquela amiga-poha-loka-quiiirida, mas tem que conviver com as que tem. Vai selecionando com o tempo. Esteja sempre aberta a novas amizades.

Internet e Fake News

Migs, cuidado com o que você lê na net. Fake news!

Muito cuidado também com o que azamigas falam. Sempre alguém vai contar que aconteceu algo horrível com a amiga-da-prima-da-tia-da-vizinha naquele país. Eita mundo invejoso! Lembre-se da sua mãe. Tenho certeza que ela também falava: Você não é todo mundo!

Língua

Migs, é super normal morrer de vergonha de falar nos primeiro dias. Se você fala errado, e daí? Se você não fala, e daí? Nunca é tarde para recomeçar. Aliás, voltar a estudar é uma ótima oportunidade para fazer novos amigos, aprender e ocupar a mente.

Conhecendo a cidade

Se você vai mudar para alguma capital/ cidade grande, a chance de ter um FREE WALKING TOUR é de 100%. Conhece? Já perdi a conta de quantas vezes eu já fiz … Ljbilijana, Budapeste, Madrid, Londres, Amsterdam, Tel Aviv, Jerusalem, Santiago e etc. Só jogar no Google o nome da cidade. Tem que cadastrar com antecedência pelo site. Normalmente são três horas andando a pé pelo centro da cidade guiado por um professor(a) de história mega-ultra-power inteligente. No final, recomenda-se dar 5euros de gorjeta. Vale a pena!

Faça isso logo na sua chegada, não importa se você já conhece a cidade. Migs, com certeza eles conhecem MUITO mais do que você. Tem coisa mais incrível do que saber a historia do local que você mora?

Aproveite para tirar, no final, algumas dúvidas.

Vizinhos

Migs, vamos lá! Tive a sorte de ter vizinhos maravilhosos em todos países que morei.

Eu não sou a melhor vizinha do mundo, porque sempre dou uns gritos em casa (quem nunca?), devem pensar que sou maluca, escuto funk e meu marido sertanejo, damos altas festas, mas voltando …

… SEMPRE dei uma lembrancinha. Para de ser “pitangueira/ mão de vaca” e compre uma torta ou vinho. Toque a campainha e se apresente. Isso é uma questão de educação.

Em Santiago dei café e não me deram nada … mas é feio para quem faz, não para quem fez. Em Londres, os vizinhos que me deram cartão, vinho e cookies. Em Madrid, levei café do Brasil e dei para os vizinhos. Em Amsterdam me deram uma torta de maça com vinho.

Minha vizinha de Londres chorou tanto quando fomos embora, e eu choro só em lembrar.

Nao espere que o vizinho te convide para entrar, logo de cara, com certeza não mas você pede o telefone e já pergunta sobre a reciclagem do lixo, mercado e etc. Já me ajudaram tanto!

Trabalhar/ Estudar/ Academia/

Se você está mudando pelo trabalho do seu marido/ namorado ou tico tico no fubá vale a pena estudar, trabalhar, ir para a academia, fazer trabalho voluntário ou virar blogueirany. Enfim, fazer algo por você por puro prazer.

Migs, não sei se você está mudando a trabalho. No meu trabalho em Londres, fiz amigos para a vida toda. Já no meu trabalho na Holanda não posso dizer a mesma coisa. Depende muito da cultura do país.

Eu não sou tímida, mas sou casada com uma pessoa tímida e tenho uma filha mais tímida ainda. Eu entendo. É muito difícil dar o primeiro passo, mas se voce não der, quem vai dar por você? Vamos lá!

Migs, se tiver medo … vá com medo mesmo! Porque se eu tivesse escolhido ficar no Brasil, há seis anos quando meu marido recebeu a primeira proposta de trabalho, eu teria perdido as melhores oportunidades da minha vida.