Perrengue chique pelo mundo afora!

Queria Migs expatriada, 

em primeiro lugar, você pre-ci-sa seguir no insta o Perrengue Chique. É de chorar de rir!!! 

Brasileiro acha que morar fora é puro glamour, tipo essa minha foto do post. Onde tudo acontece, a vida é maravilhosa e ainda se ganha em euros/ pounds. Uau! Migs, nós gastamos em euros também, tá? 😊

As pessoas romantizam uma vida que não é bem assim. Muito pelo contrário, tem muitos perrengues, e ainda são potencializados porque não temos familia, ajuda por perto, outra língua e não conhecemos a cultura. 

Agora, claro que não estou aqui para falar que os meus perrengues são maiores do que o seu. Apenas quero contar algumas dificuldades que passei nos países que morei. Migs, vamos combinar que é  muito bom rir das desgraças dessa vida. Rá!!!

Bora lá!!! ✌🏽

Sampa, Brasil

Apenas seis meses antes de casar (em 2011), eu comecei a passar mal. Vomitava do nada. Fui ao médico, e ele pediu um raio X. Estava eu linda e bela na sala do raio X quando a médica fez uma careta, olhou bem a tela, saiu da sala, voltou e falou: Natalia, acabei de ligar para seu médico. Ele já está ciente e pediu para você ligar assim que sair. Liguei e ele pediu para eu marcar endoscopia. Fiz a tal da endoscopia, tive alergia ao contraste, minha boca inchou e fiquei lá o resto do dia. Voltei ao médico. E ele me disse que eu tinha um tumorzinho básico (claro que não com essas palavras!) e se aumentasse apenas 0,5mm seria um câncer fatal. Gentchy, morri, né? Isso era uma quinta, na segunda às 5h da matina eu já estava linda, maquiada e arrumada no Einstein. Tirei a vesícula, o tumor e vida nova. Uhuuuu!

Santiago, Chile 

Quando mudamos para o Chile, um dos melhores amigos do meu marido iria ser o nosso fiador do aluguel (na época, não sabíamos que a empresa seria), mas ele deu para trás no dia, ou melhor, no horário de assinar no cartório. É óbvio que ele tinha todo direito do mundo, mas deveria ter avisado antes. Resumo: perdemos o apartamento, mandamos a mudança para um depósito e levamos apenasssss dois meses para conseguir outro apto. Moramos com a Valentina (oito meses, na época) durante dois meses em um flat micro. Aquela fase linda de papinha, 122mil malas, cinco graus e eu não conhecia ninguém. Para melhorar, tivemos que mudar de flat e fizemos a mudança usando o carrinho do mercado. Eita, perrengue chique!!! 

Uma vez a Valentina pegou rotavírus. Ficou internada três dias no hospital, eu peguei dela e fiquei um dia internada. Nós três saímos do hospital e voltamos para casa a noite. Thiago também pegou. De repente, acordei e ele estava desmaiado no banheiro. Como eu ía levantar um homem daquele tamanho? Valentina tinha 1 ano e eu estava so-zi-nha! Migs, aprendi nessa vida expatriada a me virar do jeito que dá. Voltamos para o hospital, claro. Uma amiga querida – obrigada Chrixxxx – me ajudava revezando entre um quarto e outro. Perrengão!!!

Londres, Reino Unido

Migs, era um belo dia de verão quando fui buscar a Valentina na creche. Tínhamos mudado há 15 dias. Ela tinha um ano e meio. Ficava duas quadras de casa. Ela estava super bem, a coloquei no carrinho e partiu casa. Sabe instinto materno? Então, olhei para o carrinho e ela estava  … convulsionando! Pois é, Migs. Minha filhotinha de um ano e meio estava tendo uma convulsão, e eu olhando para a pior cena da minha vida. Para piorar, eu não tinha bolsa, somente o celular mas não sabia o número da emergência (por favor, anotem sempre!). E pior, não passava uma alma viva na rua. Graças a Deus uma senhora, anja, saiu de casa e me ajudou. Eu já sabia o que fazer, porque uma amiga tem uma filha que já passou por isso. Tirei do carrinho e a protegi para não se machucar. Essa senhora ligou para a emergência, me ajudou em alguns procedimentos, chamou a ambulância e ficou lá comigo o tempo todo. Liguei para meu marido que tinha ido de bike nesse único dia, mas pegou o carro de qualquer pessoa para nos encontrar no hospital. A ambulância chegou super rápido. O médico me fez 122mil perguntas, e nessa hora eu agradeci minha mãe que me enchia o saco para aprender inglês enquanto eu odiava. Bom, Migs, depois deu tudo certo. Foram exames. Visitas em casa para acompanhamento. Ela teve febrile convulsion somente essa vez e graças a Deus nunca mais. No dia seguinte, comprei flores, um cartão e entreguei para essa senhora. Serei eternamente agradecida por ter me ajudado. Pior perrengue da vida!!! 

Tem também um relato do meu parto aqui. Um mini perrengue. 

Quando a Vic nasceu, em 2015, nós morávamos em Londres. Foi uma fase muito difícil porque eu ficava muito sozinha com as duas. Thiago trabalhava muitos dias do mês na Índia. Um belo dia, voltamos do museu com as duas. A Vic tinha 2 meses e Valentina 3 anos. Thiago ficou branco e falou que estava passando mal do coração. Migs, foi um perrengue perrenguístico! Ver meu marido passando mal, e eu com dois bebês em outro país sozinha? Meu leite secou e eu não parei de chorar. Foi o “tilti” para entrar numa mega fase de depressão pós-parto. Fui na médica de família, e ela achou melhor eu voltar para o Brasil por um tempo. Voltei. Fiquei os dois meses restantes da minha licença maternidade por lá. Ufa!  

Migs, quando você pensa que tudo vai melhorar … piora! Rá! Fui para o Brasil sozinha com as duas. Vic tinha 3meses e Valentina 3 anos. No voo a Vic pegou um vírus respiratório chamado sinsicial (sei lá escrever isso) e ficou 3 dias internada no Eisntein em SP. Saiu e teve que voltar. Foram 15 dias dela passando super mal com 3 meses de idade. Desesperador! 

 Madri, Espanha

Um belo dia de verão eu tinha uma cleaner, 6h na semana, e ela me disse que iria trabalhar em outra casa porque queria morar no trabalho e economizar no aluguel. Até aí ok. Eu não conhecia outra e era o primeiro dia das férias de quase três meses das meninas. Tudo bem também. Afinal eu já fazia tudo, ela dava um help nos banheiros e limpeza pesada da casa. Só que meu marido me liga e fala: Paixão, quebrei o joelho jogando bola, não consigo andar e estou indo de ambulância para o hospital. Oi??? Pois é! Enfim, resumindo. A Mari Freitas, uma amiga super querida (obrigada!), indicou um médico e deu todo o caminho das pedras. Nessas horas, morando fora, você não tem referência de nada. Nadica. Thiago operou o ligamento, não andou por uma mês e ficou de muletas por dois meses. No dia da cirurgia, ele foi sozinho (coitado!). Eu deixei as meninas no summer camp e fui para lá. Fiquei com ele. Tudo certo, na medida do possível. Deixei ele no hospital, fui buscar as duas do summer camp e quando cheguei em casa, a chuva da laje escorria pelo banheiro e meu quarto pelos spots. Rá! Coloquei todos baldes e panos de chão. Pedi emprestado mais baldes e não parava de pingar. Botei as meninas para dormir e passei a noite tirando água dos baldes e jogando fora. Ohhh maravilha! E no dia seguinte, tudo de novo. 

Amsterdam, Holanda 

Caraca! Nos meus primeiros dias de Holanda, teve perrengue que não acabava mais. 

Primeiro dia de Holanda fomos para Utrecht (outra cidade) para fazer o RG local. Como Thiago não andava, chegamos 3 minutos atrasados. Adivinha? Claro que o cara falou que não ía atender e pediu para remarcar e voltar daqui a um mês. Rá! No dia seguinte, mudamos para a casa, e a geladeira não funcionava. Voltamos para o hotel. O dono comprou uma geladeira nova. Mudamos para a casa. Fomos tomar banho e não tinha água. Voltamos para o hotel. Ele arrumou o registro. Mudamos. Thiago viajou a trabalho. E eu descobri que minha casa tinha ratos (post aqui!), e muitos mas muitos cocôs ratatouille. Três dias depois, voltando da escola de metro, a Valentina ficou presa dentro do vagão e eu e a Vic estavamos fora. O metro andou. Perrengue fodástico!!! Consegui resgatá-la (amém!), voltamos para casa, toca a campainha e meu vizinho de cima fala: Oi, tudo bem? Queria saber se a empresa paga as escolas das suas filhas ou vocês? Oiiii??? Queria mandar para aquele lugar. Enfim, meu marido voltou de viagem. Acordei no domingo e fui a missa , rezar para as coisas melhorarem, mas nessas fases as coisas só pioram. Voltei para casa e de repente meu marido grita: Roubaram minha moto! Pois é, ele trabalhou a vida para comprar e roubaram. Não, não recebemos o dinheiro do seguro e também não tocamos nesse assunto em casa. Não me pergunte, por favor. Obrigada. De nada. 

E agora? Estou craque em perrengues. Super qualquer coisa, por mais perrenguística fodástica que seja. Migs, e você? 🙂 

A vida como ela é … sem mensalista/diarista.

Amiga-mae-expatriada,

se você é brasileira, com certeza teve ou tem uma pessoa para ajudar com as tarefas da casa. Seja diarista ou mensalista. Na casa da minha mae, eu cresci com a minha amada e querida Nildinha. Eu nem sei o que seria da minha vida sem ela, tenho certeza que minha mae também não saberia, pois tinha que trabalhar e viajar muito. Foram 18anos juntas. Nildinha, serei eternamente grata!

Entao, fora do Brasil, o conceito é outro. Se você sujou, você tem que limpar. Simples assim. Nada mais justo do que isso.

Eu já até esqueci das mordomias do Brasil, afinal são cinco anos nessa vida expatriada. Todos os anos, quando volto, fico muito chocada. Óbvio que a minha vida seria muito mais fácil se eu tivesse uma diarista/ mensalista, mas não é esse valor que quero passar para minhas filhas, alguém fazendo tudo para elas. Me sinto bem em viver em uma sociedade mais justa, sem tanta desigualdade. Tudo aqui é mais prático. E, claro, meu marido faz uma boa parte das tarefas domésticas (um salve para o homao da poha!) e minhas filhas também ajudam, de acordo com a idade delas. Aprendi a desapegar, aliás essa palavra soa como um mantra por aqui. Tenho outras prioridades do que passar roupa, toalha e lençol.

Quando eu morava em Londres, minha querida vizinha Jenny, nunca – juro por Deus! – nunca teve uma pessoa para limpar a casa. Detalhe, ela tem a minha idade – 36 anos. Lembro do dia que ela chamou uma brasileira para limpar sua casa, apenas por 3horas na semana, pois tinha acabado de fazer uma cesárea. Ela me disse: “Nati, você não vai acreditar! Ela arrumou minha cama igual cama de hotel, com os travesseiros e almofadas alinhadas”. Ah minha gente, só sei de uma coisa: o ignorante é muito feliz! Quando você não sabe o que é isso, tudo é novidade. Quando esse conceito está enraizado, é muito difícil se acostumar sem essa regalia. Sim, porque isso é luxo na Europa, Estados Unidos e boa parte do mundo.

Pela minha experiência, no Chile e Espanha, infelizmente ainda existe esse conceito da ajudante morar com você. Ela mora de segunda de manha até sábado depois do almoço. Para quem me conhece, sabe que eu acho isso um modelo casa grande e senzala, mas não quero polemizar esse post. Elas são de outros países da América do Sul, como Bolívia e Uruguai. Mandam praticamente todo o dinheiro que ganham para a família e filhos, no país de origem. Trabalham das 6h às 22h30. Na Espanha, muitas são filipinas para falar inglês com os filhos dos “rhycos” e “milhonários”. Ganham de 800 a 900euros por mês.

No Chile, a Eli foi meu presente. Querida Eli, muita saudade! Quando fomos embora do Chile, ela me disse que eu fui a melhor coisa que poderia ter acontecido na vida dela. Morro de chorar até hoje, quando lembro. Enfim, rímel borrado novamente, mas vamos ao que interessa … ela me ajudava duas vezes na semana,das 10h às 16h, por 18mil pesos chilenos a diária. Na época, há quatro anos, dava em torno de 70reais.

Na Europa, a cleaner cobra por hora.

Custa 10 euros a hora da cleaner em Londres. Tive a sorte da Lipa ter cruzado a minha vida. Lipa, meu amor, obrigada por tudo sempre! Quando mudei, ela fazia 4horas na semana para mim. Ela é tao honesta, mas tao honesta, que me disse que 4horas seria muito pois conseguiria arrumar a casa toda em 3horas. Sim, amiga-mae-expatriada, honestidade existe fora do Brasil! Ficou acertado dela arrumar a casa em 3horas e passar a roupa em 1hora. A Lipa ía um dia da semana e fazia 4horas. Eu morava numa casa vitoriana de três andares (típica casinha londrina) e ela fazia tudo com amor e muito bem feito. Depois que a Victoria nasceu e eu voltei da licença maternidade, aumentamos para 5 horas, ela vinha duas vezes na semana, fazia 3horas um dia e 2horas no outro dia.

Em Madrid, a Kelly salvou minha vida. Marido operado do joelho, sem andar, e as meninas de férias. Combo perfeito para a minha loucura. Nao sei o que teria sido da minha vida sem ela. Kelly, você foi uma das melhores coisas que aconteceram em Madrid para mim! Em Madrid, custa 8 euros a hora de uma cleaner. Ela vinha duas vezes na semana. Fazia 4horas um dia e 3horas no outro dia. Eu era rhycah!!!

Em Amsterdam, a Thais é minha ajudante. Ela faz 6horas na semana. Uma querida! Super rápida e esperta. A hora custa 12,50 euros. Sim, é o mais caro que já paguei. Como eu e meu marido trabalhamos todos os dias da semana, optamos, dessa vez, por termos mais horas, no total 6horas divididas em dois dias. Também já tive a Lud, a Rainha da Limpeza em Amsterdam, mas depois que mudei, minha casa ficou longe para ela.

Aqui em Amsterdam, as holandesas com quatro filhos (normal por aqui!) tem au pair. Custa 500 a 600euros por mês. A pessoa mora com você e estuda pela manha todos os dias da semana. Normalmente, de três a seis meses.

O mais importante é o desapego, amiga-mae-expatriada. Você nunca vai ter a vida que suas amigas e família tem no Brasil. Aqui nao será melhor ou pior, apenas diferente! Não vire refém da sua casa. A vida aqui já é tao dura, em alguns sentidos, que é melhor comer feijão congelado e ser feliz. Não da para ter os dois.

Sigam essas dicas, mas se tiver sol lá fora, saia. Vá aproveitar o mundo e esqueça da sua casa!

  1. Compre um aspirador mara, vai virar seu BFF (o meu é Miele! Mas já me falaram do Dyson e do robot).
  2. Esqueça pano de chão, a famosa fregona será sua confidente.
  3. 122mil paninhos de limpeza. Sai para lá! Quem vai lavar tudo isso? Compre Dettol, aqueles lencinhos que já vem com produto. Minhas filhas limpam a mesa com isso, depois do jantar. Isso nao é trabalho infantil, mas sim ensinar valores desde cedo.
  4. Baldes. Minha mae tem uma infinidade de baldes, como virginiana nata, ela escreve até os nomes nos baldes: Balde para pano de prato. Balde para pano de chao. Eu morro de rir quando ela vem aqui e fica surtada com apenas um balde que eu tenho. Mae, querida, nao tenho onde enfiar os baldes da vida. Só um para as roupas e lençóis das meninas.
  5. Rodinho de pia. Nao tem em Londres. Quando alguém ia me visitar, eu sempre pedia.
  6. Lavar a louça. Aqui em casa enfiamos tudo na máquina de lavar. Quando está cheia, é so ligar. Já vi várias pessoas passando uma água nos pratos, antes de colocar na máquina. Meu Deus, para que lavar duas vezes? Guarde esse tempo extra para sua série favorita do Netflix.
  7. Quando usar uma assadeira, coloque papel alumínio antes, assim nao precisa passar horas lavando; tirando o grude (como fala na minha amada terra Recife). Uma dica da Paulinha, minha BFF londrina.
  8. Varal. Não existe varal de teto, somente de pé. Pois é, amiga-mae-expatriada, às vezes o varal é a cabaninha das kids. Na grande maioria das casas, fica no meio da sala. Já faz parte da decoração, tipo a minha.
  9. Produtos. Nao temos uma infinidade de produtos para limpar a casa. Um para a cozinha. Dois para o banheiro. Um para o chão. O Rei da Europa: Viakal! Ele tira toda aquela parte branca que a água da torneira/chuveiro tem.
  10. Sapatos são para serem usados na rua. Entrou em casa, tire o sapato. Todas as casas são assim, claro, porque são limpas pelo dono da casa.
  11. Passar a roupa. Credo! Eu quero é ser feliz! Aqui em casa, só passamos as camisas de trabalho do Thiago e alguns vestidos meus. Nadica mais.
  12. Lavar roupa. É muito importante ter uma rotina. Aqui em casa, lavamos as roupas duas vezes na semana. Não separo as roupas brancas das escuras. Não separo as roupas das meninas. Somente separo toalhas e lençóis. Tudo, absolutamente tudo vai na máquina. O sabão é neutro. Não uso amaciante. Lavar roupa a mao? Ixi, já nem compro roupa que tenha que lavar a mao. Obrigada. De nada.
  13. Cestos/Caixas. Na Ikea tem 122mil modelos de cestos e caixas lindas. Compre. Uso para os brinquedos, mas você pode usar para organizar muitas coisas.

Querida amiga-mae-expatriada, é libertador nao depender de ninguém, mas o mais importante, para mim, é passar determinados valores para essa geração que tem tudo e pode tudo.