Licença Maternidade Inglaterra X Licença Maternidade Brasil

Querida amiga expatriada,

esse ano várias amigas expatriadas estão grávidas. Ui, quero passar longe dessa fila! Amém, irmã. Meu marido ainda quer mais um, claro –  ele viaja, não sai dele, a celulite dele não aumenta, o cabelo dele não cai no pós-parto e não é a carreira dele que vai para o beleléu – mas eu fechei a fábrica para as próximas cinco encarnações. Obrigada. De nada. 😁

E ainda encaro sempre aquela piadinha … faz um menino. Mas desde quando eu quero um menino? Nada contra, óbvio, mas engraçado como o povo “sabe” o que é melhor para mim. Só para deixar claro, se eu um dia em louca consciência eu tivesse mais um filho … seria MENINA.

Eu tenho duas meninas, Valentina (2012) e Victoria (2015). Você pode ler sobre meu relato de parto aqui.

Gravidez Brasil.

Engravidei da Valentina na Lua de Mel. Isso mesmo! Parei a pílula uma semana antes de casar porque acreditei no conto de fadas que demora um ano para engravidar. Voltei da viagem com um sono da poha. Segui na aula de circo, dando muitas piruetas. Até que comentei com a Vivi e comprei o teste. Deu positivo. Fiz mais três testes e um exame de sangue.

Muita emoção! Uma alegria enorme e depois pensei: “Caceta, acabei de pagar a festa power de casamento e vou ter que fazer enxoval de nova rhycah emergente em Miami. Meldels!” 

Fiz 122mil exames, ultras e sei lá mais o que durante a gravidez no Brasil.

Estava em um processo seletivo na Microsoft – naquela época era meu sonho trabalhar nesta empresa – e contei, claro, que não poderia continuar porque estava grávida. A Gerente de RH, na época, ficou impressionada porque contei. Minha gente, claro né! Golpe da barriga?

Trabalhei plena até os 9 meses. Tinha a sorte de trabalhar perto do trabalho, ainda mais em São Paulo. Ía a pé. Então foi bem tranquilo e saudável caminhar diariamente.

Marquei minha cesarea, como manda o figurino, no dia 04 de agosto no Einstein e parei de trabalhar no dia 03 de agosto (sexta). Fui na cartomante – sim, eu era dessas, mas depois que ela falou que vou mudar sem parar, não voltei mais porque isso não é novidade. Dei uma voltinha nas lojinhas e #partiuparir.

Licença Maternidade Brasil.

Juntei minhas férias e fiquei cinco meses de licença maternidade.

Você acha que tive deprê? Você acha que eu tinha algum problema? Você acha que era cansativo? Você acha que eu reclamava? No way!

Eu “achava” que era rhycah e morava nos Jardins. Passeava duas vezes no dia, de carrinho, na Oscar Freire e subia a ladeira da Bela Cintra para voltar para casa. Com isso, emagreci muitooo e ainda acompanhava todas as vitrines com a última tendência da moda.

Para fechar o pacote, a Valentina NUNCA teve cólica, não chorava e o trabalho era zero (até hoje).

Ahhh eu tinha empregada até as 15h. Faz seis anos. Nem sei mais como é essa vida …

Minha Tia Jane veio de Recife e ficou um mês me ajudando, minha mãe trabalhava mas sempre ía em casa lamber as crias e meu sogro também. Thiago trabalhava pertinho, na Ambev.

Fui para Recife com ela sozinha, claro. Que delícia!!!

Para melhorar, tinha céu azul todos os dias.

No Brasil, como vocês sabem, recebi o salário full nesses meses.

Minha primeira licença maternidade foi ma-ra-vi-lho-sa! ❤️

A única coisa surreal foi voltar ao trabalho e de DOZE funcionárias que eu tinha, fiquei somente com UMA. WTF? Eita Brasil, né minha gente, o povo acha que licença maternidade é ferias!

Gravidez na Inglaterra.

Migs, engravidei novamente dois anos depois em Londres, na Inglaterra.

Descobri que estava grávida no mesmo dia que recebi minha primeira offer letter em Londres. Dia 08 de dezembro de 2014. Claro que contei para a empresa.

Era FODÁSTICO!!!!

Primeiro porque eu achava que toda gravidez era igual. Na Valentina, eu não tive absolutamente nadica. Na gravidez da Vic, lembro de um dia ter vomitado OITO vezes. Ficava muito enjoada e vivia a base de Meclin/ Vonau.

Eu tinha uma rotina maluca.

Acordava às 5h45 para trabalhar. Andava 15minutos, pegava um bus, três metros e chegava no escritório às 7h30. Trabalhava até às 16h15 e voltava mais esbaforida do que qualquer coisa, porque tinha que buscar a Valentina no horário. Caso contrario, a escola cobrava £5 o MINUTO, isso mesmo!

Thiago a levava todos os dias.

A compra do mercado chegava (online) na sexta a noite. No sábado de manhã, a Lipa ía em casa e eu cozinhava a comida da semana com ela.

Eu tinha apenas 3 horas de cleaner na semana. Dividia os trabalhos domésticos entre mim e o Thiago.

Fiz varias viagens incríveis, mas tirei menos fotos do que gostaria.

O quarto da Vic foi com as coisinhas que eu já tinha. Zero planejamento. As roupas eram as mesma da Valentina. Berço e cômoda eram do quarto da irmã.

Esperei 24 semanas para saber que era MENINA. Eu queria MUITO outra menina. Chorei MUITO e gritei na sala do ultra quando a médica falou. Foi emocionante!

Licença Maternidade Inglaterra.

Quando completei 7 meses já estava mais para lá de Bagdá. Poucas semanas depois, entrei de licença maternidade. Realmente, eu não aguentava mesmo o tranco.

Vic nasceu dia 10 de agosto, de parto normal (yayyy!) com 4kg e 54cm. Me deu a maior alegria da vida. 😉

Na Inglaterra, a licença maternidade é de até 12 meses. A mãe escolhe quanto tempo vai ficar fora do trabalho.

Cada empresa escolhe quantos meses vai pagar o salário full. Não tem nenhuma empresa que paga o salário full por 12 meses, claro. A minha pagou somente três meses, e depois entrei no salário de todas as mães do governo. Uma ajuda de custo por mês de 600 pounds. Não importa se seu salário é £120K ou £10K. Todas as mulheres vão ganhar a mesma coisa. Algumas ficam um ano fora e outras não. Quando retorna, a empresa é obrigada a dar a mesma vaga ou similar.

Eu nao consegui ficar mais do que seis meses. Surtei, Migs! E eu tenho coragem de falar que a minha licença maternidade da Vic foi a pior fase da minha vida. Surreal!

Ajuda é bom e eu A-DO-RO!

Migs, se você é expatriada e está grávida, meu único conselho é: peça ajuda. Não tem problema algum em pedir ajuda. Não tem problema algum em aceitar ajuda. Não fique se “achany menas maim” por isso. A verdade é que simplesmente não é possível fazer tudo. E OK não dar conta de tudo.

Três dias depois do parto, eu já estava levando a Valentina para a escola, com a Vic no carrinho ou no canguru.

Minha mãe ficou um mês me ajudando. Obrigada Mãe, como sempre.

Minha sogra ficou 10 dias em Londres.

Meu marido viajava toda semana para a India ou algum país da Europa. Quando estava em Londres, voltava às 22h para casa.

Eu tirei a Valentina full time da escola e deixei somente das 13h às 17h, porque achava que não estava trabalhando então poderia ficar com ela mais tempo. Para que, não sei, meldels! Porque eu não consegui fazer nada por completo e bem feiro, era tudo menos do que a metade.

Para piorar, foi bem na época de chuva, escurecia mais cedo e o vento entrava no útero.

A Vic tinha eczema e asma. Ficava muito doente, consequentemente dormia muito mal e eu nem dormia porque ela já ía acordar mesmo.

Thiago não podia pegar a Vic no colo, porque a Valentina morria de ciúmes, só depois que ela dormia. Pois é! Então criei uma rotina de dormir assim que elas dormiam às 19h30. Ele ficava acordado até 0h30, se a Vic acordasse nesse período era função dele. E eu ficava de plantão a madrugada toda.

No dia seguinte, a Vic dava uma boa esticada na soneca de manhã e eu brincava com a Valentina. No almoço a levava para escola e ficava com a Vic durante a tarde, fazia serviços domésticos, passava super rápido e já dava tempo de buscar a Valentina novamente. Entrava naquela rotina insana de mama, jantar, banho e cama.

Nao aguentei. Depois de dois meses, quase morri de depressão. Liguei no GP (médico da família), falei que achava que estava com depressão. No dia seguinte já fui para a consulta aos prantos. Respondi um formulário enorme, mas as perguntas eram tipo assim: “Você tem vontade de jogar seu bebe na parede?” Oxe, claro que não. Enfim, ela me disse que era exaustão e não depressão. Fazer o que né? Eu queria drogas 🙂 – sério, nunca tinha usado ansiolítico mas não rolou, Migs.

A médica me indicou caminhar. Dito e feito. Deixava a Valentina na escola e empurrava o carrinho da Vic sem rumo, ía aos parques, ruas para cá, ruas para lá e ía na casa dazamigas. Batia a perna a tarde toda e voltava direto para buscar a Valentina na escola. Não melhorou muito, mas ajudou bastante. A outra opção era voltar para o Brasil por um tempo.

Parti para a segunda opção, e comprei a passagem para nós três por dois meses. Uhuuuu! Mais ou menos uhuuu porque durante o voo a Vic pegou um vírus respiratório e ficou internada no Eisntein três dias. Ai que tristeza! Minha Tia Jane e minha mãe estavam em casa e ficaram com a Valentina. Meu sogro ficou comigo no hospital com a Vic. Obrigada família!

Migs, é o seguinte, se você mora fora do Brasil, é surreal!!! Se abra cazamigas, mãe, irmã, madrinha, amiga, papagaio e piriquito. Vale tudo, mas peça ajuda. Eu sempre achava que ía dar conta e tudo iria melhorar. A verdade é …

As coisas não vão melhorar!!!

Você terá um bebezuco que exige 24h de atenção, o primeiro filho com mega energia, cozinhar, lavar roupa, lavar louça, comprar comida, limpar a casa e ainda ter que DAR para o marido. Isso mesmo que você está lendo, não é assim?

A conta não fecha.

Aí no meio da mamada, você abre o insta e vê sua miga, que teve filho na mesma época no Brasil, linda e plena com toda ajuda do mundo. É PACABÁ!!!

Migs, aceite ajuda. Isso vai fazer bem para você, seu filho e seu marido.

Lembre-se: HAPPY WIFE. HAPPY FAMILY.

Sobre descomplicar a vida

Querida amiga expatriada,

se você está lendo seu post em busca da receita do bolo … não vai ser aqui que você vai achar, mas sim dentro de você. Isso mesmo!

Não, Migs. Não faço yoga, não sou medium, não sou louca (um pouco!) e nem sou psicóloga, mas a maturidade me trouxe muita coisa … pouco cabelo, mais celulites e menos ansiedade.

Há anos acompanho as minhas amigas tomarem ansiolíticos. Nunca tomei. Isso quer dizer que sou melhor do que elas? Óbvio que não, cada uma sabe onde o salto aperta.

Não faço terapia. Até gostaria, mas acho que vai gerar ansiedade encaixar mais uma coisa na minha rotina maluca. Pois é!

O que eu aprendi foi descomplicar a vida. Não faço planejamento de nada (só de viagens!). Não me faço de ocupada. Não crio empecilhos. Me jogo!

Agora é um novo ano, uma nova chance.

Vamos lá! Descomplique sua vida.

Encontros.

Migs, se você é expatriada, com certeza tem 122mil coisas para fazer. Esqueça todas essas coisas e a mais importante de todas é: faça amigas, sua vida será mais leve!

Se eu estou cansada, eu saio cazamigas.

Se eu estou feliz, eu saio cazamigas.

Se estou triste, eu saio cazamigas.

Marido não é amiga! Não adianta. Ele não vai falar da última tendência da blogueira de usar calça embaixo do vestido – só eu acho isso uó?!?!? Muito menos te marcar nos memes do Instagram.

Eu lembro tanto das festas cazamigas em Santiago, no Chile. Lembro das tardes com bolo e café na casa da Paulinha, em Londres. Do café da manhã cazamigas de Madrid.

Se eu escrever aqui todas minhas lembranças cazamigas, não vou parar nunca, porque tenho muitas e especiais azamigas pelo mundo afora. ❤️

Já viajou cazamigas? Não tem nada melhor nessa vida. Uma falação 24h do dia, a gente ri, chora, brinda e marca outra viagem. Minha primeira, depois que mudei para a Europa, a Vic tinha seis meses e Valentina 3 anos. Ficaram com o pai, claro, e #partiueslovaquia. Já perdi a conta de quantos países já fui com elas.

Desencontros.

Migs, é óbvio que tenho uma ✔️To Do List gigantesca para fazer, mas um dia da semana eu me dou o luxo de ver azamigas para manter a minha sanidade mental.

Eu terei que trabalhar anyway, terei que lavar roupa anyway e arrumar a casa anyway … então isso tudo pode esperar – sempre pode! –  e #partiuazamigas…

Quando estou estressada e com a semana lotada de coisas no trabalho, você acha que eu não as vejo? Muito pelo contrário, faço questão e isso me faz um bem danado.

Por quê é tão difícil se encontrar no Brasil?

No Brasil, virou uma coisa insuportável para mim! As pessoas estão ou se fazem de MUITO ocupadas.

Eu só fico de bituca nos grupos de zap. Afff, que preguiça! Uma não pode porque tem isso, outra porque tem aquilo. Quando eu vou, tenho que marcar com muita antecedência um encontro. Na última vez marquei em uma pracinha com geral, assim não perco mais meu precioso tempo levando bolo e não me irrito mais.

Clarooooo que a Migs que mora em Sampa vai falar: “Ahhhh, mas aí não tem trânsito, não é perigoso e bla bla bla” … pelo amor! Isso tudo são desculpas. Se você tivesse que encontrar uma amiga e depois voltar para casa (de metro ou bike) no frio do cão para comprar e fazer o jantar, lavar a louça, dar banho nas kids, ajudar na lição de casa e lavar a roupa (isso tudo em apenas uma noite), você não iria sair nunca, com certeza!

Ninguém é tão ocupado que não pode reservar minutos do seu dia para azamiga.

Encontros e Desencontros.

Por outro lado, aqui as pessoas são descomplicadas. Fato.

Descobri que ía a trabalho para Londres em cima da hora. Mandei mensagem para meu grupo dazamigas, para nos vermos na terça a noite. Estava chovendo, temperatura negativa, nevou e adivinha quantas foram? Apenassss DOZE. Obrigada meninas. ❤️

Bora descomplicar a vida e ter mais encontros … deixe os seus desencontros para as coisas ruins dessa vida. 😄

A pergunta que eu mais recebo … como você consegue?

Querida amiga expatriada,

Eu não sei quantas vezes já me perguntaram: “Como você consegue?”. Seja no Brasil, na Holanda, quem me conhece e quem não me conhece.

A verdade é … eu só consigo por causa do meu marido. E ele só consegue por causa de mim. Nós conseguimos juntos!

Simples assim.

Ele é pai tanto quanto eu sou mãe.

Ele trabalha assim como eu trabalho.

Eu ganho muitoooooo menos do que ele, mas o meu trabalho NÃO é menos importante do que o dele.

Ele consegue trabalhar até às 22h, viajar a trabalho, cumprir metas e ser promovido … apenas porque eu faço o restante acontecer quando ele não está.

Eu consigo bater meta, viajar a trabalho para Londres e ser promovida … apenas porque ele faz o restante acontecer quando eu não estou (sem listinha, sem avós e sem ajuda).

Já ouvi também: “Ahhh mas quando você mudou de país, já sabia que o trabalho dele era muito importante e teria que viajar muito”. Sim, claro que eu sabia, e ele também sabia que eu abri mão da minha carreira, familia e país para viver o sonho dele (no começo, esse não era meu sonho!).

Nossa rotina.

Voltamos do Brasil no primeiro domingo de janeiro a noite.

Na segunda-feira, nós dois trabalhamos em casa para também dividir as tarefas domésticas e ficar com as meninas. Eu arrumei as malas e lavei todas as roupas. Ele fez compras e cozinhou para a semana. Nós dois ficamos com as meninas, entre um video call e outro. E segue o baile … não existe milagre ou receita pronta.

Na quinta-feira, eu estava em Rotterdam trabalhando. Ele me ligou e disse que iria levar a Vic ao médico, devido a eczema. Ele trabalhou em casa, foi buscá-la na escola, levou ao médio, pegou os cremes, passou nela e a deixou na escola. A noite, eu falei: “Paixão, obrigada por levá-la ao médico. Ele me disse: “Está louca? Não precisa me agradecer. Ela é minha filha”.

Ele está certo. É que vejo tantos pais por aí que fico chocada. Já falei que pai brasileiro acha que pagar babá e empregada significa ajudar. Exercer a paternidade não tem nada a ver com isso.

Thiago leva as meninas na escola segunda, terça, quarta e quinta. Na segunda e terça eu vou para a academia cedo, na quarta e quinta estou em Rotterdam trabalhando. Nossa, mas você vai malhar e ele arruma as meninas? Sim, claro, obvio e com certeza …  e pena que não posso malhar cedo na quarta e na quinta também.

Viagens

Quando viajo a trabalho ou cazamigas, sempreeeeeee alguém me pergunta: “E as meninas, onde estão? ” Ué, claro que ficam com o pai! Eu queria saber se alguém pergunta quando ele está viajando: “Nossa, com quem estão suas filhas?”.

Amanhã vou viajar a trabalho por três dias. E elas? Na segunda, vão para um playdate depois da escola (obrigada Dalia e Carol!), ele busca cada uma em uma casa e a noite – avisei em cima da hora e ele não conseguiu desmarcar a reuniao. Porém os demais dias vão ficar com o pai ué!

A única parte que eu fico freak é que ele não prende o cabelo das meninas bem preso, e piolho tem passaporte europeu #medooo.

Na semana que vem é a vez dele viajar, na outra semana também e assim por diante. Ele viaja todos os meses e eu fico igual barata tonta quando ele não está. Perdidinha e acabadinha da Silva.

Se eu posso viajar todos os meses? Não. No Brasil, eu viajava muito a trabalho e não quero mais essa vida. A empresa que eu trabalho mega respeita e entende isso.

“Mas é que você trabalha …”

Não, minha gente, já fiquei sem trabalhar fora alguns meses e ele também fez.

A verdade é que a gente se coloca numa situação que “só” porque não trabalhamos fora, podemos e devemos fazer 100%, tudo e mais um pouco em prol da familia.

Se você se sente bem com vida de Amélia, parabéns! Uma salva de palmas para você, porque realmente eu não sou evoluída assim.

Acima de tudo isso, para mim, tem a questão de valores. Acho muito importante as nossas filhas crescerem vendo que as tarefas são divididas e não que “menino tem que usar azul e menina usar rosa”.

Se eu consigo, qualquer um consegue. A gente dificulta demais as coisas, a vida e os encontros. Seja mais leve!

 

 

 

 

 

 

 

Falta gaveta para enfiar tanta saudade.

Querida amiga expatriada,

Há quase seis anos eu vivo com aquele nó entalado na garganta. Mais conhecido, como saudade. ♥️

Já tentei explicar para gringo o significado de saudade, mas não existe tradução.

A tecnologia ajuda a diminuir a distância, mas não mata a saudade.

Tenho saudade de cheiros.

O cheiro das 18h, conhece? Aquele cheiro de alho e cebola na panela, sinal que o jantar que está chegando (e não será feito por mim).

O cheiro do mar. Nossa, como eu sinto falta daquele cheiro de maresia.

Sinto falta até do cheiro da poluição de Sampa. Migs, sua loka! Pois é, mas é verdade esse bilhete.

Tenho saudades da comida.

Eu amo, amo e amo comer.

Na Holanda, definitivamente eles não sabem o que é comer bem.

Purê de mandioquinha, feijoada aos domingos, manteiga de garrafa, pastel de feira, carne louca com pão, bolinha de queijo, dadinho de tapioca, esfiha de zatar, pão na chapa, pão de batata, pão de queijo da beira de estrada, linguiça com pimenta, pão de alho de churrasco, tapioca com queijo do reino, queijo de coalho … enfim, uma infinidade de coisas.

E os doces? Hummm, meu fraco. Pudim de leite condensado, torta de limão, brigadeiro (qualquer um!) … eita, saudade!

Tenho saudade das pequenas coisas.

Tenho saudade de abrir a janela e ver o céu azul 💙 (pois é, nada comum por aqui).

Tenho saudade de abraço.

Abraço de gente conhecida. Abraço de quem acabou de se conhecer. Abraço que só brasileiro sabe dar. Abraço de verdade, sabe?

Quem é essa na fila do pão?

Tenho saudade de puxar assunto na fila do pão e fazer amizade. Sim, sou dessas!

Em Londres, eu pegava sempre o mesmo metro. Sempre as mesmas pessoas que nunca falavam Bom Dia.

Um dia li uma notícia de um chá de bebê que fizeram para uma moça que sempre pegava o ônibus naquele horário, no Rio de Janeiro. Muito amor. Coisas que só o Brasil faz por você! 😁

Tenho muita mas muita saudade dazamigas/os.

São amigas de muitos anos, que sabem da minha história, que participaram da minha vida e que eu não preciso dizer nada, apenas um olhar.

Tenho saudade que dói! Dói na alma, sabe?

Dos filhos dazamigas.

De não ter ído ao casamento de algumas.

De não ter visto o parto.

De não acompanhar o dia a dia.

De não estar presente nos aniversários.

Vejo tudo isso pela tela do celular: stories do instagram,  WhatsApp e facebook. Nossa, como dói!

Tenho saudade da minha família.

Eu MORRO de saudade da minha familia.

Eu não sou boas em despedidas. Choro muito. Parece que o mundo vai acabar.

Minha filha, Valentina, me puxou. Chorou muito na despedida. Fala que quer a Vovó Rosa (minha mãe), de partir o coração. Ontem ela estava olhando o chinelo, lembrou de Recife, e desatou a chorar.

Falta gaveta para enfiar tanta saudade!

Acabei de voltar do Brasil, depois de três semanas de amor, carinho e o melhor: não fazer serviços domésticos.

Hoje, minha lavanderia está bombando.

Agora, me resta enfiar toda essa saudade nas gavetas, lavar essas roupas e esperar 2019 passar … dezembro estarei lá, novamente! ❤️✌🏽🤸🏽‍♀️