Vida expatriada é sobre escolher as batalhas! 

Querida amiga expatriada, 

se você é expatriada, vai se identificar MUITO porque temos 122mil mil prioridades. Se você está lendo de curió esse post, pode idealizar mas nunca vai saber o quanto é fodástico. 

Migs, desejo do fundo do meu coração, que você tenha uma vida expatriada leve. Isso é o mais importante, e o resto flui. Vamos lá … 

Se você projetar sua vida expatriada, você paralisa. 

Aquele momento dramático, quando o marido/ esposa vem e fala: “Precisamos conversar. Vamos mudar para a Islândia”. Pronto. Apenas uma frase e já passa um filme na cabeça: como deve ser morar lá, casa, escola, médico, comida, azamigas, emprego e por aí vai. Nossa mente nunca vai parar. Migs, deixa eu te contar, o começo sempre vai ser o caos. Isso não é novidade, apenas a dura realidade.

Talvez porque eu nunca fiz planejamento para nada (mesmo sendo ansiosa), acho que as coisas e pessoas deveriam ser mais let it go … 

Tenho certeza que você planeja assim: no mês de setembro vou fazer o curso de decoração que tanto amo. Quando eu tiver dinheiro, vou fazer uma viagem. Quando eu souber quantos anos ficarei na China, vou trabalhar. Pasmem, você já está paralisada! 

Hello Migs, levanta o popô dessa cadeira e faça acontecer. Não tem mamãe para passar a mão na cabeça ou dar um colinho (eita coisa boa!), o que tem para hoje é comprar comida, cozinhar e uma pilha de roupas para lavar em todas as casas expatriadas. 

Eu morei em cinco países nos últimos seis anos. Se eu tivesse planejado ou esperado … jamais teria vivido tudo que eu vivi e conhecido azamigas maravilhosas para uma vida toda.

Partner de agora em diante, e agora? 

É muito comum mudar de país devido ao trabalho do namorado, marido, tico tico no fubá ou esposa. O nome desse tipo de visto, ou até mesmo conceito, é partner.

Migs, sério, você fez tudo o que fez na vida para ser partner de agora em diante? Não estou aqui pagando de feminista ou sei lá o que você queira chamar. O fato é que um dia os filhos crescem e aí você vai fazer o que?  Basta pensar se é isso mesmo que você quer. Cuidar da casa e cuidar dos filhos. Se SIM, você está de parabéns, porque eu realmente não consigo. Minha vida tem que ter um propósito. Não somente um trabalho, mas um curso interessante, vender algo que faz e gosta, ensinar algo, trabalhar como voluntária e etc. 

Não adianta falar que não tem tempo para nada. Você nunca vai ter tempo se não souber priorizar as coisas.

Espelho x Realidade 

A Migs começa a vida expatriada projetando como será a nova vida na Slovenia, se enxerga (do jeito que ela acha) e partiu vida nova! 

Depois de uns meses vem aquele período de reclamação 24X7, igual suporte (sou de TI!). E você pensa que o problema está sempre no outro, na cidade, na cultura do país novo e por aí vai … porque nós, migs querida, somos  incríveis, maravilhosas e merecedoras do melhor do mundo, né? Na verdade, não é bem por aí! 

Agora se olha no espelho e para de projetar uma vida imaginária. Coloque seus pés no chão. Claro que todos países tem problemas, todo lugar é diferente, mas é você quem chegou e precisa se adaptar, não as pessoas que já nasceram; moram no local.

Aprenda a diferença entre espelho x realidade.

Deadlines

Migs, eu não sou nem um pouco arrependida de nada nessa vida, até porque eu me jogo mesmo e de cabeça! Isso mesmo, eu tenho metas com datas para tudo, simplesmente porque é muito fácil entrar na rotina do dia a dia e perder o timing das coisas. 

Eu perdi um timing na vida expatriada, mas depois corri atrás. Isso tudo porque esperava que as coisas fossem acontecer. Por exemplo, a segunda gravidez. Sai do emprego do Brasil e mudamos para o Chile, a Valentina tinha meses, mas eu poderia ter engravidado naquela época, porque demorou 10 meses para eu conseguir um emprego no Chile e logo em seguida nós mudamos para Londres, onde eu fiquei mais seis meses sem trabalhar. Migs, você me entende? Depois aprendi a lição e criei uma meta: até novembro/2014 se eu não conseguir um emprego, vou engravidar. Dito e feito! Não consegui e engravidei, mas poucas semanas depois recebi a offer letter, por sinal, do mesmo emprego que tenho até hoje. 

Esse lance de deixar a vida te levar só funciona para o Zeca Pagodinho. Quando vemos, a vida passa naquele país, você já está de mudança novamente e ai vai levar o que de aprendizado; legado dali?

A importância de ter vários papéis e ter a consciência que nenhum deles será perfeito. 

Migs, o que você gosta de fazer? O que você faz por você? Não vale responder cuidar de filho, porque isso é para a familia. Não é somente por você. 

Eu sei que para mim é super importante desempenhar vários papéis ao mesmo tempo. Tenho plena consciência que nenhum deles será perfeito ou maravilhoso. Simplesmente porque o feito é melhor do que o perfeito.

Por exemplo, eu gosto de cozinhar. Adoraria comer comida fresca e saudável diariamente, mas para isso eu não poderia trabalhar, cuidar das filhas e teria que ir ao mercado sempre (o que eu detesto!). Então não é possível e OK para mim.

Outro exemplo é a minha carreira profissional. Migs, não se pode ter tudo nessa vida. Meu marido volta do trabalho depois das 21h ou está viajando. Portanto, eu não tenho como viajar sempre a trabalho e ser a mega-power-fodástica mesmo eu tendo estudado e batalhado para isso. Por outro lado, eu não quero que minhas filhas sejam criadas pela babá (nada contra quem tem essa vida, mas para minha família não funciona). Então não é possível e OK para mim.

Na escola, quando tem aniversário pode levar um cupcake para cada aluno e cantar parabéns na classe. Migs, eu vou passar na loja Dunkin Donuts e comprar para os amiguinhos das minhas filhas. Eu poderia fazer os cupcakes? Eu poderia fazer o bolo? Poderia, mas ai já ficaria estressada em pensar como encaixar a ida ao mercado, cozinhar e levar no meio da minha semana caótica. Então, eu quero mais é ser leve e feliz. Vou de donuts mega power colorido da lojinha e voilá!

Você precisa escolher as batalhas.

Migs, simples, para ter uma vida expatriada mais leve basta escolher as batalhas.

Eu tenho que cuidar das meninas, trabalhar todos os dias da semana, bater minha meta do trabalho (vender apenassss 3.6 milhões de pounds, isso mesmo!), dar aquela atenção para o marido, lavar e guardar a roupa, cozinhar, mercado e limpar a casa. Eu escolho as minhas batalhas.

Quais as suas prioridades? O que você não abre mão?

Tenha consciência que precisa largar o osso em muitas coisas, tipo eu largo o osso com limpeza e comida fresca diariamente. Simplesmente não é possível ser feliz assim!

Não se pode ter tudo nessa vida, mas se pode ser muito feliz com tudo o que você tem de importante nessa vida.

Sobre a insegurança de mudar de país. 

Querida amiga,

uma seguidora do insta (me achany a blogueirany) me perguntou se eu me sentia insegura, no começo, nos países que morei.

Migs, claroooooo, sim, com certeza e óbvio!

Vamos começar do começo – bem redundante mesmo.

Minha mãe me ensinou, e principalmente me proporcionou, essa paixão de viajar. Ela me levou para todos os estados do Brasil e alguns países. Quando eu tinha 11 anos, ela me mandou de excursão para a Disney , com uma amiga da mesma idade, pela Dimensão Turismo. Ficamos em Miami e Orlando 15 dias. Dormimos no mesmo quarto da guia. E eu? AMEI!!! Sou eternamente grata.

Com 17 anos fui com duas amigas para a Espanha por um mês. Até aprendi um pouco de espanhol nessa viagem MAETROCINIO total. Com 20 anos, fui estudar inglês por três meses em Toronto, Canadá.

Sobre o medo

Quando você muda sem previsão de volta, seja sozinha ou com a família, é totalmente diferente. Incomparável! Não compare um intercâmbio com pagar suas contas para sobreviver em um país.

Nós ficamos condicionados na zona de conforto, e quando vem algo externo para nos tirar dela, isso gera medo e muita insegurança.

Migs, tenho algumas dicas (experiência própria) para amenizar essa situação:

Redes Sociais

Migs, antes de mudar, coloque no facebook, instagram, tinder, pinterest e sei lá mais o que avisando que vai se mudar para a cidade X e pergunta se alguém conhece um primo-da vizinha-da tia-do cunhado que mora lá. Sempreeeee tem alguém! Eu já conheci pessoas super especiais assim, e também já apresentei várias assim.

Eu não uso muito facebook mais, mas deixo ativo porque vai que mudo de novo e vou precisar, né? Nunca se sabe. Sempre tem grupos no face de brasileiras na Holanda, mais brasileiras e sei lá mais o que …

Se você não tem rede social, parabéns é muito iluminada, pule 10 casas e você ganhará esse jogo! 🙂

Brasileiras

Nem toda brasileira será sua amiga. Fato. E, Migs, that is ok (como fala minha filha Valentina) …

Eu tenho azamigas pelo mundo afora. Se eu morasse no Brasil, algumas seriam minhas amigas com certeza, mas outras com toda certeza não. É uma questão de afinidade.

Muitas vezes você não vai achar aquela amiga-poha-loka-quiiirida, mas tem que conviver com as que tem. Vai selecionando com o tempo. Esteja sempre aberta a novas amizades.

Internet e Fake News

Migs, cuidado com o que você lê na net. Fake news!

Muito cuidado também com o que azamigas falam. Sempre alguém vai contar que aconteceu algo horrível com a amiga-da-prima-da-tia-da-vizinha naquele país. Eita mundo invejoso! Lembre-se da sua mãe. Tenho certeza que ela também falava: Você não é todo mundo!

Língua

Migs, é super normal morrer de vergonha de falar nos primeiro dias. Se você fala errado, e daí? Se você não fala, e daí? Nunca é tarde para recomeçar. Aliás, voltar a estudar é uma ótima oportunidade para fazer novos amigos, aprender e ocupar a mente.

Conhecendo a cidade

Se você vai mudar para alguma capital/ cidade grande, a chance de ter um FREE WALKING TOUR é de 100%. Conhece? Já perdi a conta de quantas vezes eu já fiz … Ljbilijana, Budapeste, Madrid, Londres, Amsterdam, Tel Aviv, Jerusalem, Santiago e etc. Só jogar no Google o nome da cidade. Tem que cadastrar com antecedência pelo site. Normalmente são três horas andando a pé pelo centro da cidade guiado por um professor(a) de história mega-ultra-power inteligente. No final, recomenda-se dar 5euros de gorjeta. Vale a pena!

Faça isso logo na sua chegada, não importa se você já conhece a cidade. Migs, com certeza eles conhecem MUITO mais do que você. Tem coisa mais incrível do que saber a historia do local que você mora?

Aproveite para tirar, no final, algumas dúvidas.

Vizinhos

Migs, vamos lá! Tive a sorte de ter vizinhos maravilhosos em todos países que morei.

Eu não sou a melhor vizinha do mundo, porque sempre dou uns gritos em casa (quem nunca?), devem pensar que sou maluca, escuto funk e meu marido sertanejo, damos altas festas, mas voltando …

… SEMPRE dei uma lembrancinha. Para de ser “pitangueira/ mão de vaca” e compre uma torta ou vinho. Toque a campainha e se apresente. Isso é uma questão de educação.

Em Santiago dei café e não me deram nada … mas é feio para quem faz, não para quem fez. Em Londres, os vizinhos que me deram cartão, vinho e cookies. Em Madrid, levei café do Brasil e dei para os vizinhos. Em Amsterdam me deram uma torta de maça com vinho.

Minha vizinha de Londres chorou tanto quando fomos embora, e eu choro só em lembrar.

Nao espere que o vizinho te convide para entrar, logo de cara, com certeza não mas você pede o telefone e já pergunta sobre a reciclagem do lixo, mercado e etc. Já me ajudaram tanto!

Trabalhar/ Estudar/ Academia/

Se você está mudando pelo trabalho do seu marido/ namorado ou tico tico no fubá vale a pena estudar, trabalhar, ir para a academia, fazer trabalho voluntário ou virar blogueirany. Enfim, fazer algo por você por puro prazer.

Migs, não sei se você está mudando a trabalho. No meu trabalho em Londres, fiz amigos para a vida toda. Já no meu trabalho na Holanda não posso dizer a mesma coisa. Depende muito da cultura do país.

Eu não sou tímida, mas sou casada com uma pessoa tímida e tenho uma filha mais tímida ainda. Eu entendo. É muito difícil dar o primeiro passo, mas se voce não der, quem vai dar por você? Vamos lá!

Migs, se tiver medo … vá com medo mesmo! Porque se eu tivesse escolhido ficar no Brasil, há seis anos quando meu marido recebeu a primeira proposta de trabalho, eu teria perdido as melhores oportunidades da minha vida.

Sobre descomplicar a vida

Querida amiga expatriada,

se você está lendo seu post em busca da receita do bolo … não vai ser aqui que você vai achar, mas sim dentro de você. Isso mesmo!

Não, Migs. Não faço yoga, não sou medium, não sou louca (um pouco!) e nem sou psicóloga, mas a maturidade me trouxe muita coisa … pouco cabelo, mais celulites e menos ansiedade.

Há anos acompanho as minhas amigas tomarem ansiolíticos. Nunca tomei. Isso quer dizer que sou melhor do que elas? Óbvio que não, cada uma sabe onde o salto aperta.

Não faço terapia. Até gostaria, mas acho que vai gerar ansiedade encaixar mais uma coisa na minha rotina maluca. Pois é!

O que eu aprendi foi descomplicar a vida. Não faço planejamento de nada (só de viagens!). Não me faço de ocupada. Não crio empecilhos. Me jogo!

Agora é um novo ano, uma nova chance.

Vamos lá! Descomplique sua vida.

Encontros.

Migs, se você é expatriada, com certeza tem 122mil coisas para fazer. Esqueça todas essas coisas e a mais importante de todas é: faça amigas, sua vida será mais leve!

Se eu estou cansada, eu saio cazamigas.

Se eu estou feliz, eu saio cazamigas.

Se estou triste, eu saio cazamigas.

Marido não é amiga! Não adianta. Ele não vai falar da última tendência da blogueira de usar calça embaixo do vestido – só eu acho isso uó?!?!? Muito menos te marcar nos memes do Instagram.

Eu lembro tanto das festas cazamigas em Santiago, no Chile. Lembro das tardes com bolo e café na casa da Paulinha, em Londres. Do café da manhã cazamigas de Madrid.

Se eu escrever aqui todas minhas lembranças cazamigas, não vou parar nunca, porque tenho muitas e especiais azamigas pelo mundo afora. ❤️

Já viajou cazamigas? Não tem nada melhor nessa vida. Uma falação 24h do dia, a gente ri, chora, brinda e marca outra viagem. Minha primeira, depois que mudei para a Europa, a Vic tinha seis meses e Valentina 3 anos. Ficaram com o pai, claro, e #partiueslovaquia. Já perdi a conta de quantos países já fui com elas.

Desencontros.

Migs, é óbvio que tenho uma ✔️To Do List gigantesca para fazer, mas um dia da semana eu me dou o luxo de ver azamigas para manter a minha sanidade mental.

Eu terei que trabalhar anyway, terei que lavar roupa anyway e arrumar a casa anyway … então isso tudo pode esperar – sempre pode! –  e #partiuazamigas…

Quando estou estressada e com a semana lotada de coisas no trabalho, você acha que eu não as vejo? Muito pelo contrário, faço questão e isso me faz um bem danado.

Por quê é tão difícil se encontrar no Brasil?

No Brasil, virou uma coisa insuportável para mim! As pessoas estão ou se fazem de MUITO ocupadas.

Eu só fico de bituca nos grupos de zap. Afff, que preguiça! Uma não pode porque tem isso, outra porque tem aquilo. Quando eu vou, tenho que marcar com muita antecedência um encontro. Na última vez marquei em uma pracinha com geral, assim não perco mais meu precioso tempo levando bolo e não me irrito mais.

Clarooooo que a Migs que mora em Sampa vai falar: “Ahhhh, mas aí não tem trânsito, não é perigoso e bla bla bla” … pelo amor! Isso tudo são desculpas. Se você tivesse que encontrar uma amiga e depois voltar para casa (de metro ou bike) no frio do cão para comprar e fazer o jantar, lavar a louça, dar banho nas kids, ajudar na lição de casa e lavar a roupa (isso tudo em apenas uma noite), você não iria sair nunca, com certeza!

Ninguém é tão ocupado que não pode reservar minutos do seu dia para azamiga.

Encontros e Desencontros.

Por outro lado, aqui as pessoas são descomplicadas. Fato.

Descobri que ía a trabalho para Londres em cima da hora. Mandei mensagem para meu grupo dazamigas, para nos vermos na terça a noite. Estava chovendo, temperatura negativa, nevou e adivinha quantas foram? Apenassss DOZE. Obrigada meninas. ❤️

Bora descomplicar a vida e ter mais encontros … deixe os seus desencontros para as coisas ruins dessa vida. 😄

A pergunta que eu mais recebo … como você consegue?

Querida amiga expatriada,

Eu não sei quantas vezes já me perguntaram: “Como você consegue?”. Seja no Brasil, na Holanda, quem me conhece e quem não me conhece.

A verdade é … eu só consigo por causa do meu marido. E ele só consegue por causa de mim. Nós conseguimos juntos!

Simples assim.

Ele é pai tanto quanto eu sou mãe.

Ele trabalha assim como eu trabalho.

Eu ganho muitoooooo menos do que ele, mas o meu trabalho NÃO é menos importante do que o dele.

Ele consegue trabalhar até às 22h, viajar a trabalho, cumprir metas e ser promovido … apenas porque eu faço o restante acontecer quando ele não está.

Eu consigo bater meta, viajar a trabalho para Londres e ser promovida … apenas porque ele faz o restante acontecer quando eu não estou (sem listinha, sem avós e sem ajuda).

Já ouvi também: “Ahhh mas quando você mudou de país, já sabia que o trabalho dele era muito importante e teria que viajar muito”. Sim, claro que eu sabia, e ele também sabia que eu abri mão da minha carreira, familia e país para viver o sonho dele (no começo, esse não era meu sonho!).

Nossa rotina.

Voltamos do Brasil no primeiro domingo de janeiro a noite.

Na segunda-feira, nós dois trabalhamos em casa para também dividir as tarefas domésticas e ficar com as meninas. Eu arrumei as malas e lavei todas as roupas. Ele fez compras e cozinhou para a semana. Nós dois ficamos com as meninas, entre um video call e outro. E segue o baile … não existe milagre ou receita pronta.

Na quinta-feira, eu estava em Rotterdam trabalhando. Ele me ligou e disse que iria levar a Vic ao médico, devido a eczema. Ele trabalhou em casa, foi buscá-la na escola, levou ao médio, pegou os cremes, passou nela e a deixou na escola. A noite, eu falei: “Paixão, obrigada por levá-la ao médico. Ele me disse: “Está louca? Não precisa me agradecer. Ela é minha filha”.

Ele está certo. É que vejo tantos pais por aí que fico chocada. Já falei que pai brasileiro acha que pagar babá e empregada significa ajudar. Exercer a paternidade não tem nada a ver com isso.

Thiago leva as meninas na escola segunda, terça, quarta e quinta. Na segunda e terça eu vou para a academia cedo, na quarta e quinta estou em Rotterdam trabalhando. Nossa, mas você vai malhar e ele arruma as meninas? Sim, claro, obvio e com certeza …  e pena que não posso malhar cedo na quarta e na quinta também.

Viagens

Quando viajo a trabalho ou cazamigas, sempreeeeeee alguém me pergunta: “E as meninas, onde estão? ” Ué, claro que ficam com o pai! Eu queria saber se alguém pergunta quando ele está viajando: “Nossa, com quem estão suas filhas?”.

Amanhã vou viajar a trabalho por três dias. E elas? Na segunda, vão para um playdate depois da escola (obrigada Dalia e Carol!), ele busca cada uma em uma casa e a noite – avisei em cima da hora e ele não conseguiu desmarcar a reuniao. Porém os demais dias vão ficar com o pai ué!

A única parte que eu fico freak é que ele não prende o cabelo das meninas bem preso, e piolho tem passaporte europeu #medooo.

Na semana que vem é a vez dele viajar, na outra semana também e assim por diante. Ele viaja todos os meses e eu fico igual barata tonta quando ele não está. Perdidinha e acabadinha da Silva.

Se eu posso viajar todos os meses? Não. No Brasil, eu viajava muito a trabalho e não quero mais essa vida. A empresa que eu trabalho mega respeita e entende isso.

“Mas é que você trabalha …”

Não, minha gente, já fiquei sem trabalhar fora alguns meses e ele também fez.

A verdade é que a gente se coloca numa situação que “só” porque não trabalhamos fora, podemos e devemos fazer 100%, tudo e mais um pouco em prol da familia.

Se você se sente bem com vida de Amélia, parabéns! Uma salva de palmas para você, porque realmente eu não sou evoluída assim.

Acima de tudo isso, para mim, tem a questão de valores. Acho muito importante as nossas filhas crescerem vendo que as tarefas são divididas e não que “menino tem que usar azul e menina usar rosa”.

Se eu consigo, qualquer um consegue. A gente dificulta demais as coisas, a vida e os encontros. Seja mais leve!

 

 

 

 

 

 

 

Falta gaveta para enfiar tanta saudade.

Querida amiga expatriada,

Há quase seis anos eu vivo com aquele nó entalado na garganta. Mais conhecido, como saudade. ♥️

Já tentei explicar para gringo o significado de saudade, mas não existe tradução.

A tecnologia ajuda a diminuir a distância, mas não mata a saudade.

Tenho saudade de cheiros.

O cheiro das 18h, conhece? Aquele cheiro de alho e cebola na panela, sinal que o jantar que está chegando (e não será feito por mim).

O cheiro do mar. Nossa, como eu sinto falta daquele cheiro de maresia.

Sinto falta até do cheiro da poluição de Sampa. Migs, sua loka! Pois é, mas é verdade esse bilhete.

Tenho saudades da comida.

Eu amo, amo e amo comer.

Na Holanda, definitivamente eles não sabem o que é comer bem.

Purê de mandioquinha, feijoada aos domingos, manteiga de garrafa, pastel de feira, carne louca com pão, bolinha de queijo, dadinho de tapioca, esfiha de zatar, pão na chapa, pão de batata, pão de queijo da beira de estrada, linguiça com pimenta, pão de alho de churrasco, tapioca com queijo do reino, queijo de coalho … enfim, uma infinidade de coisas.

E os doces? Hummm, meu fraco. Pudim de leite condensado, torta de limão, brigadeiro (qualquer um!) … eita, saudade!

Tenho saudade das pequenas coisas.

Tenho saudade de abrir a janela e ver o céu azul 💙 (pois é, nada comum por aqui).

Tenho saudade de abraço.

Abraço de gente conhecida. Abraço de quem acabou de se conhecer. Abraço que só brasileiro sabe dar. Abraço de verdade, sabe?

Quem é essa na fila do pão?

Tenho saudade de puxar assunto na fila do pão e fazer amizade. Sim, sou dessas!

Em Londres, eu pegava sempre o mesmo metro. Sempre as mesmas pessoas que nunca falavam Bom Dia.

Um dia li uma notícia de um chá de bebê que fizeram para uma moça que sempre pegava o ônibus naquele horário, no Rio de Janeiro. Muito amor. Coisas que só o Brasil faz por você! 😁

Tenho muita mas muita saudade dazamigas/os.

São amigas de muitos anos, que sabem da minha história, que participaram da minha vida e que eu não preciso dizer nada, apenas um olhar.

Tenho saudade que dói! Dói na alma, sabe?

Dos filhos dazamigas.

De não ter ído ao casamento de algumas.

De não ter visto o parto.

De não acompanhar o dia a dia.

De não estar presente nos aniversários.

Vejo tudo isso pela tela do celular: stories do instagram,  WhatsApp e facebook. Nossa, como dói!

Tenho saudade da minha família.

Eu MORRO de saudade da minha familia.

Eu não sou boas em despedidas. Choro muito. Parece que o mundo vai acabar.

Minha filha, Valentina, me puxou. Chorou muito na despedida. Fala que quer a Vovó Rosa (minha mãe), de partir o coração. Ontem ela estava olhando o chinelo, lembrou de Recife, e desatou a chorar.

Falta gaveta para enfiar tanta saudade!

Acabei de voltar do Brasil, depois de três semanas de amor, carinho e o melhor: não fazer serviços domésticos.

Hoje, minha lavanderia está bombando.

Agora, me resta enfiar toda essa saudade nas gavetas, lavar essas roupas e esperar 2019 passar … dezembro estarei lá, novamente! ❤️✌🏽🤸🏽‍♀️