Sobre empatia nessa vida expatriada: “my one person”.

Querida Migs expatriada, 

estou nessa vida expatriada, mudando para lá e para cá, há seis anos e meio (para quem não me conhece). 

Sempre quando as coisas vão “muito bem, obrigada” em algum país, vem meu marido e fala que vamos mudar novamente. E só quem já passou por isso, sabe exatamente a sensação, de tudo junto e misturado, que é começar do zero em um novo país. 

Migs expatriada, por favor, leia esse textão: 

Am I invisible? One mom’s pain-relieving response to being excluded

Parte do texto: 

Remember this.

“Remember this when you are in familiar territory and someone new walks up looking for guidance.

Remember this when you see someone on the outskirts anxiously holding her own hand.

Remember this when someone approaches you and asks a question – see the bravery behind the words.

Remember this when you see someone stop trying – perhaps he’s been rejected one too many times.

Remember this when you see someone being excluded or alienated – just one friendly person can relieve the painful sense of feeling invisible.
Remember the deepest desire of the human heart is to belong … to be welcomed … to know you are seen and worthy of kindness.”

My one person. ❤️

Parte do texto: 

“I just hope I am not the only new kid in my class,” my older daughter said looking out the window. “I hope there is just one other new person.”

After a long pause, she repeated, “Just one.”

That had been my solitary prayer in the months leading up to the move … just one friend … just one kind friend for each of my girls. 

One person can instantly make you feel unalone, uninvisible … like you belong.

One person can do that.

One person can take away months of angst in an instant.

With one invitation, we can take someone 

From outsider to insider 

From outcast to beloved member 

From unknown neighbor to coffee companion 

From wallflower to life-of-the-party”.

Mês passado conheci a Fê, brasileira que morava em Singapura. Ela tinha acabado de chegar com a filha (querida!) e marido. Foi ela quem me mandou esse textão e falou que eu era a my one person ❤️ dela. Eu sou chorona mesmo (e daí?), e claro que fiquei emocionada e agradecida. 

Eu lembrei de todas as minhas my one person ❤️ nos países que morei. 

Um agradecimento especial para todas as minhas: My one person. ❤️

Em Santiago, Chile, a Celina Ferrari foi a minha. É minha amigona querida para sempre. Ela já morava no Chile, quando cheguei, e além de uma filha da mesma idade, tínhamos muitas coisas em comum. Ela me recebeu de coração aberto, me ensinou muito e ainda me faz rir todos os dias. Seja no insta, no zap, na vida virtual e real. Obrigada, Migs. 

Em Londres, a Paula Marquez foi a minha. Eu entrei em um grupo do facebook de mães brasileiras em Londres, e escrevi na caruda se alguém queria ser minha amiga, morava em Ealing e tinha uma filha de 1,5 ano. Migs, a Paulinha respondeu, marcamos no parque no dia seguinte e a noite ela me chamou e o Thiago para ver o jogo do Brasil na casa dela. Não tínhamos TV ainda. Existe coração maior do que esse? Desde esse dia, ela sempre foi e será minha BFF de Londres. 

Em Madrid, a Alessandra Moraes foi a minha. Uma amiga em comum nos apresentou. Ela foi em casa e me apresentou o mundo. Tudinho de Madrid e várias amigas. Se não fosse por ela, eu não teria tido as amigas maravilhosas da Espanha. Obrigada por tanto, Ale! 

Em Amsterdam, a Joana Barroso foi a minha. Ela foi tão my one person que a chamo de Crush. Uma querida! No dia que eu cheguei, tive que fazer o RG em outra cidade, deu tudo errado, errei o trem várias vezes, e na volta ela tinha marcado um café cazamigas e me chamou. Que carinho no coração. Muito obrigada mesmo, Crush! 

Seja a my one person de alguém ❤️

Se tem uma coisa que eu tenho certeza é que SIM, eu tenho prazer em ajudar! Muito mesmo. Eu não criei esse blog para ser blogueirany, não aceito coisas de graça, e não tenho intenção de ganhar dinheiro com isso. Eu escrevo aqui, porque quero ajudar as expatriadas pelo mundo. 

Eu faço questão de gastar o que eu tenho de mais precioso no mundo – meu tempo – com uma pessoa que chega em um novo país. 

Tem também o outro lado da história, claro. Eu mega ajudo, apresento mil amigas e a pessoa se ajeita na nova vida. Eu chamo para mil coisas e não me chama para um café na esquina. Migs, se eu fico chateada? Claro! Mas como  a autora fala: “Regardless of how anyone treats you, you stand to benefit. While some people teach you who you do want to be, others teach you who you don’t want to be. And it’s the people who teach you who you don’t want to be that provide some of the most lasting and memorable lessons on social graces, human dignity, and the importance of acting with integrity.” Fica a dica, né? 😉

Uma amiga de infância, Dani, que mora em Londres. Ela fala que eu sou a pessoa mais acolhedora que ela conhece. Eu abro a porta da minha casa (literalmente), da minha vida. Eu dou a mesma chance para todo mundo. O que a pessoa vai fazer com essa chance, é problema dela. 

Sobre empatia ✌🏽

Migs, se você conheceu alguém que acabou de chegar. Ajude. Se coloque no lugar daquela pessoa, ela viveu uma vida toda em outro país, deixou tudo para trás e está começando do zero. É fodástico! Um sorriso. Uma ajuda. Um “oi, tudo bem?” na nossa língua muda o dia, muda a nova vida. 

Tenha empatia. Ensine isso para seus filhos, também. Minhas filhas mudaram várias vezes de escola. E acalma meu coração quando elas falam de uma nova amiga. Meu muito obrigada a essas mães maravilhosas que passam isso para seus filhos. 

Se você está de mudança para algum país que morei, me manda mensagem no @expatriadaporamor que eu te ajudo, tá? Conta comigo! 

Perrengue chique pelo mundo afora!

Queria Migs expatriada, 

em primeiro lugar, você pre-ci-sa seguir no insta o Perrengue Chique. É de chorar de rir!!! 

Brasileiro acha que morar fora é puro glamour, tipo essa minha foto do post. Onde tudo acontece, a vida é maravilhosa e ainda se ganha em euros/ pounds. Uau! Migs, nós gastamos em euros também, tá? 😊

As pessoas romantizam uma vida que não é bem assim. Muito pelo contrário, tem muitos perrengues, e ainda são potencializados porque não temos familia, ajuda por perto, outra língua e não conhecemos a cultura. 

Agora, claro que não estou aqui para falar que os meus perrengues são maiores do que o seu. Apenas quero contar algumas dificuldades que passei nos países que morei. Migs, vamos combinar que é  muito bom rir das desgraças dessa vida. Rá!!!

Bora lá!!! ✌🏽

Sampa, Brasil

Apenas seis meses antes de casar (em 2011), eu comecei a passar mal. Vomitava do nada. Fui ao médico, e ele pediu um raio X. Estava eu linda e bela na sala do raio X quando a médica fez uma careta, olhou bem a tela, saiu da sala, voltou e falou: Natalia, acabei de ligar para seu médico. Ele já está ciente e pediu para você ligar assim que sair. Liguei e ele pediu para eu marcar endoscopia. Fiz a tal da endoscopia, tive alergia ao contraste, minha boca inchou e fiquei lá o resto do dia. Voltei ao médico. E ele me disse que eu tinha um tumorzinho básico (claro que não com essas palavras!) e se aumentasse apenas 0,5mm seria um câncer fatal. Gentchy, morri, né? Isso era uma quinta, na segunda às 5h da matina eu já estava linda, maquiada e arrumada no Einstein. Tirei a vesícula, o tumor e vida nova. Uhuuuu!

Santiago, Chile 

Quando mudamos para o Chile, um dos melhores amigos do meu marido iria ser o nosso fiador do aluguel (na época, não sabíamos que a empresa seria), mas ele deu para trás no dia, ou melhor, no horário de assinar no cartório. É óbvio que ele tinha todo direito do mundo, mas deveria ter avisado antes. Resumo: perdemos o apartamento, mandamos a mudança para um depósito e levamos apenasssss dois meses para conseguir outro apto. Moramos com a Valentina (oito meses, na época) durante dois meses em um flat micro. Aquela fase linda de papinha, 122mil malas, cinco graus e eu não conhecia ninguém. Para melhorar, tivemos que mudar de flat e fizemos a mudança usando o carrinho do mercado. Eita, perrengue chique!!! 

Uma vez a Valentina pegou rotavírus. Ficou internada três dias no hospital, eu peguei dela e fiquei um dia internada. Nós três saímos do hospital e voltamos para casa a noite. Thiago também pegou. De repente, acordei e ele estava desmaiado no banheiro. Como eu ía levantar um homem daquele tamanho? Valentina tinha 1 ano e eu estava so-zi-nha! Migs, aprendi nessa vida expatriada a me virar do jeito que dá. Voltamos para o hospital, claro. Uma amiga querida – obrigada Chrixxxx – me ajudava revezando entre um quarto e outro. Perrengão!!!

Londres, Reino Unido

Migs, era um belo dia de verão quando fui buscar a Valentina na creche. Tínhamos mudado há 15 dias. Ela tinha um ano e meio. Ficava duas quadras de casa. Ela estava super bem, a coloquei no carrinho e partiu casa. Sabe instinto materno? Então, olhei para o carrinho e ela estava  … convulsionando! Pois é, Migs. Minha filhotinha de um ano e meio estava tendo uma convulsão, e eu olhando para a pior cena da minha vida. Para piorar, eu não tinha bolsa, somente o celular mas não sabia o número da emergência (por favor, anotem sempre!). E pior, não passava uma alma viva na rua. Graças a Deus uma senhora, anja, saiu de casa e me ajudou. Eu já sabia o que fazer, porque uma amiga tem uma filha que já passou por isso. Tirei do carrinho e a protegi para não se machucar. Essa senhora ligou para a emergência, me ajudou em alguns procedimentos, chamou a ambulância e ficou lá comigo o tempo todo. Liguei para meu marido que tinha ido de bike nesse único dia, mas pegou o carro de qualquer pessoa para nos encontrar no hospital. A ambulância chegou super rápido. O médico me fez 122mil perguntas, e nessa hora eu agradeci minha mãe que me enchia o saco para aprender inglês enquanto eu odiava. Bom, Migs, depois deu tudo certo. Foram exames. Visitas em casa para acompanhamento. Ela teve febrile convulsion somente essa vez e graças a Deus nunca mais. No dia seguinte, comprei flores, um cartão e entreguei para essa senhora. Serei eternamente agradecida por ter me ajudado. Pior perrengue da vida!!! 

Tem também um relato do meu parto aqui. Um mini perrengue. 

Quando a Vic nasceu, em 2015, nós morávamos em Londres. Foi uma fase muito difícil porque eu ficava muito sozinha com as duas. Thiago trabalhava muitos dias do mês na Índia. Um belo dia, voltamos do museu com as duas. A Vic tinha 2 meses e Valentina 3 anos. Thiago ficou branco e falou que estava passando mal do coração. Migs, foi um perrengue perrenguístico! Ver meu marido passando mal, e eu com dois bebês em outro país sozinha? Meu leite secou e eu não parei de chorar. Foi o “tilti” para entrar numa mega fase de depressão pós-parto. Fui na médica de família, e ela achou melhor eu voltar para o Brasil por um tempo. Voltei. Fiquei os dois meses restantes da minha licença maternidade por lá. Ufa!  

Migs, quando você pensa que tudo vai melhorar … piora! Rá! Fui para o Brasil sozinha com as duas. Vic tinha 3meses e Valentina 3 anos. No voo a Vic pegou um vírus respiratório chamado sinsicial (sei lá escrever isso) e ficou 3 dias internada no Eisntein em SP. Saiu e teve que voltar. Foram 15 dias dela passando super mal com 3 meses de idade. Desesperador! 

 Madri, Espanha

Um belo dia de verão eu tinha uma cleaner, 6h na semana, e ela me disse que iria trabalhar em outra casa porque queria morar no trabalho e economizar no aluguel. Até aí ok. Eu não conhecia outra e era o primeiro dia das férias de quase três meses das meninas. Tudo bem também. Afinal eu já fazia tudo, ela dava um help nos banheiros e limpeza pesada da casa. Só que meu marido me liga e fala: Paixão, quebrei o joelho jogando bola, não consigo andar e estou indo de ambulância para o hospital. Oi??? Pois é! Enfim, resumindo. A Mari Freitas, uma amiga super querida (obrigada!), indicou um médico e deu todo o caminho das pedras. Nessas horas, morando fora, você não tem referência de nada. Nadica. Thiago operou o ligamento, não andou por uma mês e ficou de muletas por dois meses. No dia da cirurgia, ele foi sozinho (coitado!). Eu deixei as meninas no summer camp e fui para lá. Fiquei com ele. Tudo certo, na medida do possível. Deixei ele no hospital, fui buscar as duas do summer camp e quando cheguei em casa, a chuva da laje escorria pelo banheiro e meu quarto pelos spots. Rá! Coloquei todos baldes e panos de chão. Pedi emprestado mais baldes e não parava de pingar. Botei as meninas para dormir e passei a noite tirando água dos baldes e jogando fora. Ohhh maravilha! E no dia seguinte, tudo de novo. 

Amsterdam, Holanda 

Caraca! Nos meus primeiros dias de Holanda, teve perrengue que não acabava mais. 

Primeiro dia de Holanda fomos para Utrecht (outra cidade) para fazer o RG local. Como Thiago não andava, chegamos 3 minutos atrasados. Adivinha? Claro que o cara falou que não ía atender e pediu para remarcar e voltar daqui a um mês. Rá! No dia seguinte, mudamos para a casa, e a geladeira não funcionava. Voltamos para o hotel. O dono comprou uma geladeira nova. Mudamos para a casa. Fomos tomar banho e não tinha água. Voltamos para o hotel. Ele arrumou o registro. Mudamos. Thiago viajou a trabalho. E eu descobri que minha casa tinha ratos (post aqui!), e muitos mas muitos cocôs ratatouille. Três dias depois, voltando da escola de metro, a Valentina ficou presa dentro do vagão e eu e a Vic estavamos fora. O metro andou. Perrengue fodástico!!! Consegui resgatá-la (amém!), voltamos para casa, toca a campainha e meu vizinho de cima fala: Oi, tudo bem? Queria saber se a empresa paga as escolas das suas filhas ou vocês? Oiiii??? Queria mandar para aquele lugar. Enfim, meu marido voltou de viagem. Acordei no domingo e fui a missa , rezar para as coisas melhorarem, mas nessas fases as coisas só pioram. Voltei para casa e de repente meu marido grita: Roubaram minha moto! Pois é, ele trabalhou a vida para comprar e roubaram. Não, não recebemos o dinheiro do seguro e também não tocamos nesse assunto em casa. Não me pergunte, por favor. Obrigada. De nada. 

E agora? Estou craque em perrengues. Super qualquer coisa, por mais perrenguística fodástica que seja. Migs, e você? 🙂 

Pontos positivos e negativos dos países que moramos: Brasil, Chile, UK, Espanha e Holanda.

Querida Miga expatriada,

quase toda semana eu recebo essa pergunta no @expatriadaporamor.

Quais os pontos positivos e negativos da cidade XYZ para morar?

Migs, em primeiro lugar, vamos falar de expectativa X realidade.

Para alinhar as expectativas, depois de mais de seis anos mudando para lá e para cá, a minha perspectiva de morar em determinado país com certeza será muito diferente da sua, porque já tive outras experiências. O que eu considero bom para minha família, pode não ser bom para sua família. Inclusive os meus valores não são os mesmos que os seus.

Se eu comparar cada país que morei com o Brasil, seria super injusto.

Listei os pontos que para mim são importantes nos Chile, Inglaterra, Espanha e Holanda.

Então bora lá …

Santiago, Chile

Pontos Positivos 

  • Segurança: Mudei para o Chile em 2013. Naquela época, Santiago era uma cidade segura. Morávamos em Las Condes, um bairro muito bom. Meu marido ía e voltava do trabalho de bike, com o laptop na mochila, pelo parque. Nunca aconteceu nada.
  • Preço de carro: Se você ama carro, mude para o Chile. Custa 50% do valor do Brasil. Rá!!! Tínhamos carrão-classe “mérdia”-plenah. Hoje eu sei porque não passava frio no Chile, era só ligar o aquecimento do carro e esquentava até o bumbum. Já na Europa, esperando o trem na estação, o frio entra no útero, sabe?
  • Cleaner: Eu tinha ajuda três vezes na semana (cinco horas por dia). Totalizando 15horas na semana. Hoje eu passo mal de rir quando lembro disso. Jamais, nunca e nunquinha eu poderia pagar tudo isso de ajuda morando na Europa. Lá também tem o conceito de “nana” – elas moram com a família.  Trabalham do café da manhã até depois do jantar e mais um pouco. Folgam somente aos domingos. Eu não teria nana, nem se tivesse dinheiro para pagar porque vai contra os valores que quero passar para as minhas filhas. Me julguem!
  • Comida: a comida é muito boa! Em qualquer muquifo vai ser boa. Os restaurantes eram maravilhosos e preço justo. Fico babando toda vez que lembro da sobremesa tres leches.
  • “Poder de compra”: Para tudo eu fazia o cambio para real, e sempre achava que tinha mais poder de compra do que quando morava no Brasil. Mesmo somente o Thiago trabalhando.
  • Almoçar nas Vinículas: Migs, isso é muita coisa derhycah- plenah-phynah. Ohhh delícia! Nós íamos almoçar no final de semana em vinícolas.
  • Combo completo: Tive a oportunidade de conhecer Santiago de norte a sul. Fomos ao Deserto do Atacama, e também fizemos uma viagem de carro de Santiago até a Patagonia. O país tem um combo completo: praias, estação de esqui, vulcão, montanhas e deserto. Lindo demais!

Pontos Negativos

  • Emprego: Migs, para mim é muito importante o quesito empregabilidade. Se você está acompanhando seu marido e não tem o menor interesse em trabalhar, está de parabéns! Eu não consigo viver assim. So sorry. Enfim, fiquei oito meses procurando emprego no Chile até conseguir. Tudo lá é na base do QI – quem indica.
  • Vagas para escolas privadas: Para o seu filho ser “selecionado” em uma escola privada, tudo depende do cargo (isso mesmo!) dos pais e QI também. Eu achava um absurdo!
  • Segurança: Hoje não é um país seguro como há anos. Tem um filme chamado La Nina Arana, sobre a história de meninas e meninos que sobem as varandas de prédios e assaltam. Juro, isso é real! Tenho duas conhecidas que passaram por isso. Tem assalto a qualquer hora do dia.
  • Plano de Saúde: Nós tínhamos um plano de saúde que cobria a Clinica Alemana (tipo o Einstein de SP). Porém, todas as vezes que íamos ao médico ou emergência, o plano cobria somente parte. E não tem plano que cubra todo. Gastamos MUITO dinheiro com isso. Os remédios eram bem caros também.
  • Reciclagem do lixo: Esse é um tópico muito importante para mim. Por exemplo, fico chocada com a quantidade de lixo que os EUA gera. Então, tenho pavor de poluir mais ainda o mundo! No prédio que eu morava, no Chile, não reciclavam nadica.
  • Impostos: As arrecadações de impostos de cada bairro (comunas) são usadas para a manutenção do próprio bairro, ou seja, o bairro rico sempre terá muito dinheiro e o bairro pobre, pouco. Não há distribuição de renda.
  • Poluição que atinge níveis alarmantes!:  as doenças respiratórias são muito comuns.

Londres, UK

Pontos Positivos 

  • Segurança: Londres me fez ficar mal acostumada. Depois que mudei e aprendi a viver em um local seguro, nunca mais eu quero voltar a morar em um país inseguro (se eu puder escolher, claro!). Eu tinha medo das raposas durante a noite, mas nunca de assalto.
  • Diversidade: Esse ponto é MUITO importante para mim e o que eu quero passar para as minhas filhas. A gente cresce e aprende demais na diversidade. Empatia, sabe? E lá Migs é o centro da diversidade no mundo, para mim.
  • Sistema Público de Saúde: Eu nunca tive nenhum problema com o sistema. A Vic nasceu de parto normal no hospital público e foi melhor do que meu parto no Eistein, no Brasil. Minhas filhas ganhavam todo e qualquer tipo de remédio, de graça (com o dinheiro dos nossos impostos).
  • Empregabilidade: muitas e muitas oportunidades para todos.
  • Transporte Público: caroooo para caraiooooo, mas tem 122mil linhas de metro e trem. Não tem necessidade ter carro.
  • Reciclagem do Lixo:esqueça tudo sobre reciclagem de lixo que você ACHA que faz no Brasil. Outro patamar, Migs. Muito melhor, claro.
  • Escola Pública: uma das grandes oportunidades da vida da Valentina foi se alfabetizar na escola pública em Londres. Impagável!

Pontos Negativos

  • 122 milhões de pessoas morando no mesmo m2Lembro da primeira vez que sai da escada rolante da Piccadily. Meldels! Parecia que eu estava na pipoca do carnaval de Salvador. Um galeraaaaaa! É isso todos os dias e bota mais um pouco. TEM que ficar parada do lado direito da escada rolante, senão te atropelam. Não fique empacando a vida do povo no metro. Parece aquela música antiga que tocava na rádio de Sampa …” Vamobora, vamobora. Tá na hora.”
  • Distância: Não importa onde você mora em London, sempreeeee vai levar 1 hora para chegar em qualquer lugar porque tem 122 milhões de pessoas.
  • Clima: Frio da poha que entra no útero mais chuva que deixa o cabelo mara. Eita, que maravilha! Tem que sair com guarda-chuva ou capa de chuva 24 horas do dia.
  • Moradia: O mercado imobiliário é super aquecido. Se você gostar de uma casa para alugar/ vender tem que fechar na hora. O valor é altíssimo, não tem negociação, em qualquer muquifo ou zona 1.

Madrid, Espanha

Pontos Positivos 

  • Comida: uma das melhores comidas do mundo!!! Eu amooooo!!! Solomillo, presunto Serrano, croqueta e muito mais. Ixi, posso passar horas aqui escrevendo e babando.
  • Clima: o melhor do mundo. Em todas estações do ano tem aquele céu azul de brigadeiro.
  • Condominio de Coxinha: tem muitos condomínios parecidos com o conceito de SP -piscina, parquinho e porteiro. Preço mara!
  • Impostos: os expatriados podem morar no país e pagar menos impostos durante dez anos.

Pontos Negativos

  • Empregabilidade: Ahhh Migs, o país não saiu da crise. Impossível conseguir emprego porque a prioridade de contratação sempre será um espanhol.
  • Burocracia: Eita, pemba! Me lembra o Brasil. Meu RG local levou apenassss seis meses para sair. Peguei e fui embora no dia seguinte. Rá!
  • Preconceito: o espanhol gosta de turista, não de imigrante, tá? Seja qual for a sua classe social.

Amsterdam, Holanda

Pontos Positivos 

  • Qualidade de vida: O que eu mais gosto da Holanda é a qualidade de vida em tudo. Simplesmente, tudinho!
  • Tudo pertinho: Uma Migs me liga e fala para nos encontrarmos em tal lugar. Com certeza será 20min de bike, bondinho ou bus. Eu trabalho em outra cidade duas vezes na semana, pego um trem e voilá!
  • Tudo funciona: Sabe burocracia de governo? Então, você preenche as 122mil coisas, vai lá e tudo pronto na hora marcada.
  • Verde: A boadrasta do meu marido veio nos visitar e achava que eram vários parques nas ruas de tanto verde que Amsterdam tem. Era somente uma rua mesmo.
  • The Happiest Kids in the World: Eu não tenho a menor dúvida que são as crianças mais felizes do mundo! Para começar, comem pão com Nutella e sprinkles de café da manha. Como começar o dia ruim assim?
  • Working Hours: Migs, você mulher, tem muitasss vagas part time e muitos direitos.
  • 30% Tax Rule: Eu e meu marido temos o 30% de tax rule válido por 5 anos. Tem benefícios de impostos, entre outros.
  • Bolsa Familia: Sim, Migs. Todas as mães recebem bolsa família do governo.

Pontos Negativos

  • Pouca oferta de escolas internacionais: Eu sei que isso é muito white people problems, mas dentro da minha realidade não tem muita oferta de escola internacional com curriculum IB. Britanica somente uma em Amsterdam e mais duas pela Holanda.
  • Fees da escola: SIM, tenho vontade de trabalhar na Red Light District para pagar o fee da escola. Caríssimo! Custa um salário de uma mulher (eu sei que essa frase não é feminista, but that is the way it is!).
  • Seconday school: Migs, eu não concordo com o sistema de ensino na mudança do primary para o secondary school. Esse é um dos motivos  das minhas filhas frequentarem uma escola internacional. Na Holanda, o secondary tem quatro níveis de ensino de acordo com os seus resultados na primary school. Eles são muito pequenos, nessa idade, para esse tipo de análise de performance. Eu, por exemplo, fui uma aluna mediana para baixo até essa idade.
  • Clima de … boxxxxxxta! Chove praticamente todos os dias. Céu cinza 300 dias do ano. É de chorar!
  • Ratos … milhares! Em toda Holanda, mas Amsterdam ganha do mundo. E o pior é que para eles é super normal.
  • Cultura Holandesa: Ahhh Migs, não vou detalhar aqui a cultura individualista e “agressiva”, mas já falei no blog.
  • Empregabilidade: Vixeeee! Boa sorte. Vá se benzer. Dar pirueta e fazer mais 122mil coisas para conseguir um emprego se você não falar holandês.
  • Aluguel: é caro para caraleooooo e tem pouca oferta.
  • Comida: … terrível! Uooo do borogodó. Como uma pessoa pode viver de pão? Crio mega expectativa em cima do restaurante e quase sempre é ruim.

Migs, e você … me conta o que gosta e não gosta no seu país?

O LinkedIN não é uma rede social de colocar CV, mas sim uma rede de oportunidades. Tem muita informação de mercado interessante. Saiba mais com a especialista em LinkedIN, Carolina Dostal.

Querida amiga expatriada,

recebo, via Instagram @expatriadaporamor 122mil perguntas sobre como eu consegui emprego fora do Brasil. Bora lá, quero te ajudar!

Para alinhar as expectativas, eu não tenho a receita de bolo. Simplesmente porque eu não acredito nisso, mas sim em inúmeros fatores influenciadores.

Para começar, eu sempre fui visionária. Eu não escondo de ninguém que o meu objetivo de vida é ficar rhycah para viajar o mundo e ajudar as pessoas que precisam. Comecei a trabalhar bem novinha, antes dos 18 anos,  fazendo drinks na balada (isso mesmo!). Depois trabalhei quatro anos em hoteleria – mas na área de operações eu tinha uma folga por semana e não iria ficar rhycah nevahhh evahhh.  Migrei para TI. Estudei tudo de novo. Fiz facu, pós-graduação, três especializações e um MBA. Há mais de 4 anos trabalho para uma empresa francesa de TI. Já trabalhei em Londres para a mesma empresa, e agora em Rotterdam. Tenho experiência em vendas de software para o mercado de EMEA, UK&I e Benelux.

Os meus últimos quatro empregos no Brasil e fora do Brasil foram pelo LinkedIN. SIM, isso mesmo!

E toda vez que eu menciono isso, alguém fala que o LinkedIN não funciona para determinada área, somente para TI. Nananinanão.  Simplesmente porque não existe barreira, com o meio digital você esta perto de qualquer pessoa.

Eu cavuco oportunidade desde sempre. Quando não existia o LinkedIN Premium, há uns nove anos, eu mandava mensagens de apenas duas linhas para Gerentes/ Diretores das empresas que eu gostaria de trabalhar. De forma objetiva eu falava da minha experiência, resultado e porque queria trabalhar naquela empresa. Fiz várias entrevistas dessa forma, mesmo sem ter vaga me chamavam.

Por isso, considero o LinkedIN essencial nos dias atuais. Não é uma rede social de colocar CV, mas sim é uma rede oportunidades. Tem MUITA informação de mercado interessante.

Quero apresentar a Carolina Dostal, especialista em LinkedIN.

Ela é minha amiga desde 2 anos de idade, e eu morro de orgulho. Fodástica. Parabéns, Migs! O pai faleceu, e ela muito jovem teve que assumir uma empresa sem nem saber por onde começar e depois abriu um negócio para suprir essa demanda do mercado digital. Estudou e se especializou muito em LinkedIN.

A Carol já participou desse post: Quer trabalhar na Europa, então venha!

E essa foi a mensagem que a Carol me mandou:

Quando você me ligou, da Holanda, dizendo que minha contribuição para seu blog seria interessante e me contou sobre a dificuldade que algumas brasileiras estavam passando por falta de emprego aí, na Europa, eu fiquei encasquetada!

Morar na Europa e conseguir um emprego não deve ser tarefa fácil. Você é prova concreta disso. Você lembra quantas entrevistas de emprego fez antes de conseguir seu “dreamjob” por aí?

Pois é!

Pelo que você me contou, a melhor formação acadêmica aqui, no Brasil, fica muito aquém das formações acadêmicas dos europeus.

Tipo assim: eu fiz FGV e o europeu INSEAD rsrsrsrs   Mais ou menos nessa proporção né?

Agora, minha amiga Natalia, quero que você me responda com toda sinceridade do mundo:  Por quê você conseguiu um emprego enquanto tantas outras pessoas não conseguiram?

Você eu conheço desde a infância então deixa a resposta comigo:

Aqui no meu monólogo, onde eu mesma pergunto e eu mesma respondo….

Você foi criada para o sucesso.  Você foi criada para superação. Você foi criada para o povo. Você foi criada para tratar as pessoas com gentileza, ser sociável e comunicativa.

Você, minha friend, foi criada para gostar de você e de suas raízes. Conhecia a Europa, EUA e Canadá…mas também conhecia Caruaru (interior de Recife).

Sempre soube lidar com as dificuldades da vida e mesmo com todos seus problemas pessoais (familiares) nunca perdeu a chance de fazer piada e soltar um belo sorriso.

Você, minha querida, foi abençoada por ser filha da uma mulher forte que injetou esperança e garra em você, em mim e em milhares de pessoas que ela atendeu como Coaching. Obrigada, Rosa!

O que você tem de diferente?

Simplesmente o que os RHs das empresas MODERNAS valorizam muito: SOFT SKILLS – QUE SÃO AQUELAS HABILIDADES COMPORTAMENTAIS, AQUELAS NÃO TECNICAS QUE SÃO AS MAIS DIFICEIS DE ADQUIRIR.

O seu segredo eu conheço muito bem e ele tem nome: EMPATIA, RESILIÊNCIA, CRIATIVIDADE, ATITUDE MODERNA, COMUNICATIVA, ÉTICA DE TRABALHO, LIDERANÇA e TRABALHO EM EQUIPE.

Agora voltando para o motivo pelo qual você me acionou: ajudar as brasileiras na Europa a aumentarem suas chances de conseguir um job.

Aproveito para deixar as mesmas dicas que citei durante minha palestra na Associação Brasileira de RH em 31 de julho de 2019. O jornal ESTADAO converteu nesse bela reportagem:

DICAS PARA UTILIZAR (BEM) O SEU PERFIL NO LINKEDIN

Realizada na sede da ABRH-SP na última quarta, a palestra “Como utilizar o LinkedIn no Mundo do Trabalho e dos Negócios” atraiu um grande número de participantes à sede da ABRH-SP. Especialista na elaboração e remodelagem do perfil no LinkedIn de profissionais de diversos setores para que eles se destaquem na rede social, Carolina Dostal conduziu a palestra.

“As mídias sociais chegaram para ficar. Reconhecer o poder delas é a chave para o sucesso”, disse Carolina, que destacou os números do LinkedIn: 625 milhões de usuários no mundo, sendo 125 milhões ativos. O Brasil é o quarto país em número de usuários.

Antes de criar ou mudar o perfil na rede social, Carolina considera fundamental responder a algumas perguntas: o que realmente você quer no LinkedIn?; qual é o seu objetivo?; quem é o seu público?; e como você vai se vender para esse público. “Ter o perfil pessoal é só o começo, é preciso localizar as pessoas certas, postar conteúdo relevante (dados, estatísticas, fatos, rankings, informações e reconhecimento) e cultivar relacionamentos.”

Para Carolina, a maioria das pessoas exige da rede social, mas não produz conteúdo: “A gente engaja com conteúdo e cria relacionamento duradouro para fechar a venda”. Outra dica: ser visual é fundamental para o sucesso do post. E, segundo a especialista, a primeira hora é sempre a mais efetiva para o post.

Fonte: O Estado de São Paulo, 04 de Agosto de 2019.

Abraços,

Carolina Dostal

www.carolinadostal.com.br

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Sobre conseguir emprego na Europa: Você tem experiência no mercado europeu? Pule cinco casas. Você é casada, sem filhos, e não tem experiência aqui? Volte três casas no jogo da vida. Agora, se você é casada, com filhos, veio acompanhar o marido, não tem família e não tem ajuda … volte ao início do tabuleiro. 

Querida migs expatriada, 

o que eu mais recebo de pergunta no instagram é sobre meu trabalho: como eu consegui, o que eu faço, como se sentir segura, por onde começar, onde eu deixo minhas filhas e etc. 

Eu não sou profissional de RH. Sou filha de uma super fodástica de RH e cresci ouvindo sobre carreira, cursos e análises comportamentais. Portanto “a fruta não iria cair longe do pé”. E minha avó já falava que marido não era emprego. 

Brasileira acha que é só chegar aqui, na Europa, e pá pum … vai conseguir o emprego para ser Dona do Rolê. Rá! Ei, deixa eu te contar: não, e ainda vai quebrar a cara com isso. 

Eu não vou anexar meu CV aqui, mas fiz faculdade, pós-graduação, três especializações, MBA, falo espanhol e inglês, e mesmo assim eu fiz apenassssss 32 entrevistas em Londres, UK. Falei nesse post aqui

A verdade é que você é um ZÉ NINGUÉM em outro país, infelizmente!

Não importa se você fez MBA na FGV (como eu fiz), estudou nas melhores faculdades e tem um cargo super alto. Aqui, o buraco é mais embaixo. O mercado é diferente. O que vale é a experiência. E não é experiência de ter trabalhado numa empresa gringa no Brasil, mas SIM morar e trabalhar aqui, na Europa. 

Hoje eu tenho experiência em EMEA, Benelux e UK&I, mas Migs já estou nesse jogo da vida há mais de quatro anos. 

Já falei nesse post aqui – algumas dicas de uma amiga querida sobre como conseguir emprego. 

“Setar” as expectativas. 

O mais importante é você “setar” as expectativas. Saiba, em primeiro lugar, NÃO vai ser fácil simplesmente porque tem muitos influenciadores fora do seu controle. Por exemplo, eu tenho experiência em MKT e Vendas no mercado de TI. Porém, quando mudei para Londres eu só buscava vaga de mkt, até que um headhunter me disse que em UK somente contratavam inglês nativo (British!) para isso. Quac, quac e quac. E eu passei longos seis meses buscando nessa área para algo que não iria dar certa. Presta atenção, Migs!!! 

Claro que se você veio transferida pela empresa é outra história. Nem precisa ler mais nada. 

As suas escolhas e dilemas dependem da sua experiência de vida. 

Eu passo na cara do meu marido dia sim e dia não que eu abri mão de tudo (carreira, família e amigos) para viver o sonho dele. E aí você deve ter pensado “Miga, sua loka! Tá rhycah na Europa e ainda reclama?”. A vida aqui é bem diferente. Eu não fico passeando de barco fumando maconha pelos canais de Amsterdam. Oi??? E tem mais, eu tive uma vida maravilhosa antes, deixa eu te contar … 

Quando mudei, eu já conhecia a Europa (algumas vezes), EUA (várias vezes desde os 11 anos), Canada (intercâmbio) e muitos outros países na época. O mais importante é que já tinha viajado o Brasil todinho com meus pais. Sempre acreditei que viajar é o melhor investimento, sair da zona de conforto e aprender que o diferente é bom também. Todas essas viagens abriram demais minha mente e forma de ver o mundo. 

Eu já tinha uma carreira e a discrepância salarial minha e dele era mínima no Brasil. Aqui é enormeeeee, algo como 4 vezes mais, porque eu tive que abrir mão de muitas coisas que eram importantes para mim e consequentemente aceitar isso. 

Eu já tinha conquistado muito. Tinha trabalhado no Vale do Silício – sim, sou de TI e lá é o máximo mesmo! Já tinha trabalhado em start ups e gerado excelentes resultados. 

Por quê estou contando tudo isso? Por quê sou achany e fodástica? NÃO! Porque, para quem mora no Brasil, morar na Europa é o máximo. Sim, realmente é o máximo, mas eu não descanso uma poha de um minuto. Nem azamigas daqui! Estou passeando plena pelas tulipas, mas com uma pilha de roupas me esperando em casa para lavar. A rede social não mostra a realidade. 

Migs, minha amiga Jami, me falou uma vez: 

O que eu (como toda expatriada) faço aqui, sozinha, a mesma coisa é feita a oito mãos no Brasil – ajuda dos avós, babá, empregada, marido, madrinha, vizinha, amiga, papagaio e periquito. 

Abri mão também do apto de coxinha-com varanda gourmet em Sampa-de classe “merdia” para ser mãe full time e fazer serviços domésticos. Caralho, estudei tanto para isso? Pois é, sim. C’est la vie! 

Como expatriada, muitas vezes vem um fogo na “bacurinha”/ no rabo e você quer mais. Quer um emprego! 

E aí começa o milagre – sei lá como você quer chamar. Na verdade, fecha o tabuleiro da vida, manda o jogo para a pqp, chora, limpa as lágrimas, passa make e volte ao início sabendo que será UÓ! 

Uma lutaaaaaa conseguir emprego. Quando finalmente consegue, agora tem que fazer malabares: limpar a casa, comprar comida, cozinhar, lavar e guardar a louça, lavar e guardar a roupa (não precisa passar), cuidar das filhas, lição de casa e dar atenção para marido também, né? Ir e voltar de transporte público/ bike na chuva ou neve. Descansar no final de semana? Não. Tem que catar os brinquedos do chão e pensar no cardápio da semana. Ah esqueci das unhas, eu mesma faço para economizar e comprar passagens. Massagens, dermato e nutri? Não temos. 

Mas já escutei: “Miga, pelo menos você ganha em euros!”. Sim, e gasto em euros também só para lembrar. O salário de uma mulher aqui é mais baixo, porque elas trabalham part time (meio periodo ou quatro vezes na semana – não é meu caso) e também that is the way it is. E não adianta as feministas falarem que não, porque infelizmente é. 

 E eu vivo um dilema constante …

ainda mais essa semana com uma TPM do caraleoooo. Eu simplesmente não posso dar um passo maior na minha carreira. Tem dias que fico OK e outros que questiono as minhas escolhas, afinal sou geminiana bipolar. 

Meu marido volta do trabalho às 21h/22h ou está em outro país. Como posso ter uma super carreira? Não é possível! A conta não fecha. Quem vai ficar com as meninas? Babá full time não é opção para mim. Por outro lado, quando Thiago está em casa, é (sem dúvidas!) o marido que mais faz tudo de todas azamigas em todos países que morei. Cozinha a comida da semana, mercado, festinhas, leva na escola, leva no médico, faz 122mil programas no fds e eu não preciso pedir nada, nadica. Obrigada Paixão, te amamos muito! 

Já recusei duas vagas para um salário muito melhor, simplesmente porque não posso (agora) começar do zero e “provar” minha capacidade.

Já recusei promoção. Meu chefe me pede para viajar e quase sempre eu falo que não posso porque Thiago está viajando. A minha “sorte” é que trabalho para a mesma empresa há anos e fui transferida de Londres para Rotterdam. Eles sabem da minha situação, mas o mais importante é que meus resultados são bons, no final isso que importa para a empresa.  

Eu trabalho três vezes por semana home office e busco minhas filhas às 15h30 na escola. Duas vezes por semana eu trabalho em Rotterdam. A Thais, minha salvadora da pátria, busca as meninas na escola e fica com elas até às 19h. Tento marcar meus calls todos no período da manhã, mas várias vezes não consigo e as meninas sempre aparecem no meio do video. Me pedem para tirar e colocar a roupa na Barbie/ LOL. E eu? Continuo falando da minha meta de GBP 3,6M do ano. Já chorei e me irritei mas não posso e nem quero pagar 10 euros por hora de babá todos os dias da semana.

Por outro lado, eu quero mais, sempre mais. Também tenho que agradecer por ter um emprego na minha área com bom salário. Migs, eu não sei viver na zona de conforto (que de rotina e conforto aqui é zero). Quero ser rhycah (e não tenho vergonha de falar isso!) para viajar o mundo e ajudar quem precisa.

Migs, esses são meus dilemas, desabafos e pensamentos. Ufa!!! Ficam mais intensos quando o sol não sai, praticamente 10 meses do ano. Tenho plena consciência  que é um pouco de white people problems junto com força guerreira, porque todo mundo tem saúde aqui então está tudo ótimo, né? 

Para você, do outro lado do mundo parece tudo tão simples, porque tem ajuda, tem o QI (quem indica) na empresa, o nome da sua faculdade é reconhecido … mas para nós, expatriadas, não. E assim, seguimos o baile … beijocas e fui! Porque agora tenho que fazer o jantar das kids, lavar a louca, dar banho, ler 122mil livros para cada, fazer lição com uma e colocá-las para dormir.