A pergunta que eu mais recebo … como você consegue?

Querida amiga expatriada,

Eu não sei quantas vezes já me perguntaram: “Como você consegue?”. Seja no Brasil, na Holanda, quem me conhece e quem não me conhece.

A verdade é … eu só consigo por causa do meu marido. E ele só consegue por causa de mim. Nós conseguimos juntos!

Simples assim.

Ele é pai tanto quanto eu sou mãe.

Ele trabalha assim como eu trabalho.

Eu ganho muitoooooo menos do que ele, mas o meu trabalho NÃO é menos importante do que o dele.

Ele consegue trabalhar até às 22h, viajar a trabalho, cumprir metas e ser promovido … apenas porque eu faço o restante acontecer quando ele não está.

Eu consigo bater meta, viajar a trabalho para Londres e ser promovida … apenas porque ele faz o restante acontecer quando eu não estou (sem listinha, sem avós e sem ajuda).

Já ouvi também: “Ahhh mas quando você mudou de país, já sabia que o trabalho dele era muito importante e teria que viajar muito”. Sim, claro que eu sabia, e ele também sabia que eu abri mão da minha carreira, familia e país para viver o sonho dele (no começo, esse não era meu sonho!).

Nossa rotina.

Voltamos do Brasil no primeiro domingo de janeiro a noite.

Na segunda-feira, nós dois trabalhamos em casa para também dividir as tarefas domésticas e ficar com as meninas. Eu arrumei as malas e lavei todas as roupas. Ele fez compras e cozinhou para a semana. Nós dois ficamos com as meninas, entre um video call e outro. E segue o baile … não existe milagre ou receita pronta.

Na quinta-feira, eu estava em Rotterdam trabalhando. Ele me ligou e disse que iria levar a Vic ao médico, devido a eczema. Ele trabalhou em casa, foi buscá-la na escola, levou ao médio, pegou os cremes, passou nela e a deixou na escola. A noite, eu falei: “Paixão, obrigada por levá-la ao médico. Ele me disse: “Está louca? Não precisa me agradecer. Ela é minha filha”.

Ele está certo. É que vejo tantos pais por aí que fico chocada. Já falei que pai brasileiro acha que pagar babá e empregada significa ajudar. Exercer a paternidade não tem nada a ver com isso.

Thiago leva as meninas na escola segunda, terça, quarta e quinta. Na segunda e terça eu vou para a academia cedo, na quarta e quinta estou em Rotterdam trabalhando. Nossa, mas você vai malhar e ele arruma as meninas? Sim, claro, obvio e com certeza …  e pena que não posso malhar cedo na quarta e na quinta também.

Viagens

Quando viajo a trabalho ou cazamigas, sempreeeeeee alguém me pergunta: “E as meninas, onde estão? ” Ué, claro que ficam com o pai! Eu queria saber se alguém pergunta quando ele está viajando: “Nossa, com quem estão suas filhas?”.

Amanhã vou viajar a trabalho por três dias. E elas? Na segunda, vão para um playdate depois da escola (obrigada Dalia e Carol!), ele busca cada uma em uma casa e a noite – avisei em cima da hora e ele não conseguiu desmarcar a reuniao. Porém os demais dias vão ficar com o pai ué!

A única parte que eu fico freak é que ele não prende o cabelo das meninas bem preso, e piolho tem passaporte europeu #medooo.

Na semana que vem é a vez dele viajar, na outra semana também e assim por diante. Ele viaja todos os meses e eu fico igual barata tonta quando ele não está. Perdidinha e acabadinha da Silva.

Se eu posso viajar todos os meses? Não. No Brasil, eu viajava muito a trabalho e não quero mais essa vida. A empresa que eu trabalho mega respeita e entende isso.

“Mas é que você trabalha …”

Não, minha gente, já fiquei sem trabalhar fora alguns meses e ele também fez.

A verdade é que a gente se coloca numa situação que “só” porque não trabalhamos fora, podemos e devemos fazer 100%, tudo e mais um pouco em prol da familia.

Se você se sente bem com vida de Amélia, parabéns! Uma salva de palmas para você, porque realmente eu não sou evoluída assim.

Acima de tudo isso, para mim, tem a questão de valores. Acho muito importante as nossas filhas crescerem vendo que as tarefas são divididas e não que “menino tem que usar azul e menina usar rosa”.

Se eu consigo, qualquer um consegue. A gente dificulta demais as coisas, a vida e os encontros. Seja mais leve!

 

 

 

 

 

 

 

Postado em MINHAS MENINAS, MORAR EM AMSTERDAM, MORAR EM LONDRES, MORAR EM MADRID, MORAR EM SANTIAGO, ZERO GLAMOUR e tageado .

Prazer, Nati. Mãe da Valentina(2012) e Victoria(2015). Casada com o Thiago Marchi, que me fez expatriar por amor. Moramos em SP(Brasil), Santiago(Chile), Londres(UK), Madrid (Espanha), e Amsterdam (Holanda) no últimos 12 anos. Trabalho em vendas de software, amo viajar (52 países and counting ...) e ler. Bem-vinda ao zero glamour de uma mãe expatriada!

3 Comments

  1. Migs, já posso te chamar afinal faz 1 semana que descobri seu blog e seu Insta e desde então estou lendo tudo e mais um pouco, então acabo me sentindo sua migs tb rs.
    Menina, tão legal ver você escrevendo as coisas assim reais sabe, zero glamour mesmo e com toda a verdade que todos querem saber mas poucos tem coragem de falar.
    Adorei tudo, continue escrevendo super!!
    Bjs

  2. Natália, minha linda Amei o seu “post”. Lembre-se sempre que tudo na nossa vida são experiências gratificantes para a nossa evolução e também para aqueles que estão próximos. Sei que a sua vida não é somente baseada no “glamour” por morar fora do Brazil, existe algo mágico e de muita importância que é o amor entre vocês. Pude perceber essa energia quando estive com vocês naqueles dez dias. Saiba que vocês estão nas minhas vibrações de amor todo domingo durante as minhas orações. Beijos e saudades te amo.

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