Parto no Brasil X Parto na Inglaterra 

Querida amiga-mãe-expatriada,

eu poderia só escrever … parto cesárea x parto normal? Fim.

Parto no Brasil

Casamos em Trancoso, Bahia, no dia 13 de novembro de 2011. Fomos para a região de Champagne, na França, para a lua de mel e … voltei grávida! Parei de tomar a pílula uma semana antes de casar, porque cai no conto … “você toma há anos pílula”, “vai demorar um ano para engravidar”(essa é ótima!) e por aí vai. Bom, nem acreditávamos! Foi realmente emocionante engravidar tão rápido e em um momento super especial das nossas vidas.

Meu médico particular no Brasil, em São Paulo, é o Dr. Paulo Colabone – super mega ultra indico! – segue o fone dele: +55 11 3845.0402. É o pai de três super amigas, e eu cresci na casa delas, e elas na minha. No ultra de 10 semanas, ele já nos disse que seria menina. Uau! Ele é fodástico mesmo. Também tive um descolamento de placenta com 4meses, devido ao salto alto (larga o salto, migs) e se não fosse ele, sei lá como teria sido minha gravidez.

Fiz o pré-Natal todo com ele. Fazia os ultras no próprio consultório e os exames no Fleury. Foram incontáveis ultras e exames. Sério, migs! Para quem nunca viveu a maternidade em outro país, não faz ideia da quantidade de exames que são feitos no Brasil.

No final da gravidez, tivemos aquela conversa sobre o parto. Primeiro: eu MORRO de medo de hospital e cirurgia – já tinha tirado a vesícula por causa de um tumorzinho básico. Segundo: eu estava dentro da “bolha”- sim, classe média no Brasil vive na bolha! Terceiro: zero conhecimento de parto normal. Naquela época, de todas as minhas amigas, só duas tiveram parto normal, a Shi do blog Macetes de Mãe e a Teca. Quarto: a Valentina era um bebê grande, de tamanho e peso. Quinto: meu médico não me induziu, eu fiz cesárea porque eu quis!

Trabalhei a gravidez toda. Parei de trabalhar no dia 03 de agosto e fui na cartomante. Isso mesmo, migs! Depois, nunca mais voltei porque a cartomante disse que via muita mudança na minha vida. Isso é óbvio!

Engordei 12kg na gravidez toda. Não fiz dieta e comi de tudo. Ía e voltava a pé para o trabalho, esse era meu exercício.

Agendei a cesárea dia 04 de agosto às 12h, no Einstein, claro! Eu me achava rhycah no Brasil – ou melhor, fazia parte da “bolha” e tinha que ser nesse hospital luxo. Na noite anterior, tive contrações, cheguei ao hospital com contrações leves e dilatação de 1cm … fomos para a cesárea. Estava maquiada e com escova no cabelo, levei 122mil lembrancinhas, convidei 198mil pessoas para assistir o show. Sim, isso é um show! No Einstein, tem uma janela de vidro dentro da sala de parto, onde o Thiago levou a Valentina para os amigos/familiares verem, assim que ela nasceu. O mesmo fotógrafo do nosso casamento registrou esse momento lindo. Foi inesquecível estar rodeada dos nossos familiares e amigos mais especias, acima de tudo com todo suporte de um médico e hospital renomados.

Foi maravilhoso! Chorei muito. Meu marido mais ainda. Valentina  nasceu com 3,8kg e 51cm no dia, que eu completei 39 semanas, 04/08/2012. ❤

Avós babando na primeira neta.

Eu e ele. Sempre, minha melhor companhia para tudo.

Amor, muito amor.

Fiquei cinco dias dhyvando no Einstein. Recebemos 41 visitas, juro! Flores. Champagne. Quadro na porta. Presentes. Pijama caro. Tinha serviço de escova, maquiagem e até massagem. Não fiz nada disso, se eu pudesse ía para lá agora. Teletransporte já!

O parto foi com médico e equipe particular. Nosso plano, na época, cobriu 1/3 do custo total. Adiciona também nesse custo, uma viagem para Miami SÓ para fazer enxoval – rhycah feelings.

Eu tinha mãe, sogro, sogra e cunhada em São Paulo. Minha Tia Jane, veio de Recife, para me ajudar durante um mês. Tia Nara e Tia Vilma também vieram do RJ. Tinha mensalista. Tinha marido trabalhando no Itaim e morava rhycah nos Jardins. Tinha saúde. Tinha zero dor da cesárea, minha recuperação foi ótima! Tinha uma Princesa Valentina, quietinha e boazinha que me dava zero trabalho.

Parto na Inglaterra

Eu queria ter outra menina, muito! Não queria muita diferença de idade. Moravamos em Londres, nessa época. Engravidei da Vic em novembro de 2014. O due date era o mesmo da Valentina. Muita coincidência!

Choque de realidade.

Hospital público. Fiz o Pré-Natal no Queen Charlotte Hospital, em West London. Migs, é um hospital público – óbvio – com um atendimento excelente. Você não tem um médico só para você. Tem enfermeira, midwife e o plantonista do momento. Fiz três ultras a gravidez toda, juro! A midwife media o crescimento com fita métrica. E só fiz a última ultra com 38 semanas, porque a Vic era enorme. Exames? Só urina e sangue, uns três no total.

Trabalhei até oito meses de gravidez. Minha vida era muito diferente da primeira gravidez. Pegava dois ônibus e seis metros por dia, cuidava da Valentina e fazia todos os serviços domésticos. Lipa ía 3h na semana para me ajudar. Meu marido viajava muito a trabalho. Não fiz nenhum curso de gestante. Não fiz fisioterapia para parto normal. Nenhum tipo de preparação. Nadica!

Engordei 10kg a gravidez toda. Não fiz dieta, quem me conhece, sabe que eu amo comer. Um dos maiores prazeres da minha vida é comer pelo mundo afora.

Grávida de quase seis meses, fui fazer a ultra para descobrir o sexo do bebê. Fomos eu e Thiago. Eu não acredito ate hoje como eu consegui esperar tanto tempo – sou super ansiosa. Quando a médica falou “It is a girl”! Meu Deus, eu gritava e chorava de alegria. Queria muito, muito e muito outra menina. Migs, para esclarecer, se eu pudesse ter mais outro filho, iria querer menina, ok? Não adianta fazer piadinha que falta um flamenguista. Obrigada. De nada.

Em todo o meu pré-Natal, nas consultas, sempre me orientaram sobre VBAC – vaginal birth after c-section (parto vaginal depois da cesárea). Tinha até curso para fazer. E, sim, sempre me induziram (veja bem, não me forçaram) parto normal devido a minha boa saúde. Lá pela semana 38, comecei a ir todos os dias. Até que a midwife me disse que devido ao tamanho da Vic, não passaria da semana 40, depois de já ter feito uma cesárea.

Marcaram para induzir dia 04 de agosto. Migs, no mesmo dia do aniversário da Valentina. Eu não queria! Porque hoje as duas moram juntas, mas e no futuro? Uma na China e outra na Índia? Aí teria que fazer a “escolha de Sophia”? Estou fora! Pedi para mudar. Ele, educadamente, me disse: “Querida, isso é um hospital púplico, em Londres, você não pode escolher a data”. Falei que tinha um sobrinho, no Brasil, do mesmo dia também. Ele saiu e voltou com o dia 11 de agosto. Ufa! Ufa nada … porque fiz dois membrane sweep – nunca ouvi falar disso no Brasil – mas a médica enfia dois dedos (mas parece que ela enfiou o corpo todo dela) para acelerar o trabalho de parto. Einstein, cadê você? Fui até a Lua e voltei de dor.

Minha mãe chegou, do Brasil, então relaxei. Agora, a Vic podia nascer. No último final de semana grávida, fizemos a festa de aniversário da Valentina (3anos), festival de verão, dia dos pais e comi wasabe no cursinho de sushi do Jamie Oliver até não poder mais, além de limpar muito a casa.

Na segunda-feira, de madrugada, acordei. Ía no banheiro e nada. Achei que era uma dor de barriga devido ao excesso de wasabe. Meu marido acordou às 6h30, ligou no hospital e pediram para eu ir. Acordamos minha mãe para ficar com a Valentina. Migs, desci as escadas e tive minha primeira contração. Eu queria mesmo era beliscar a parede! Falando nisso, uma vez a midwife me disse – “Querida, se você consegue falar durante uma contração, então fique em casa no trabalho parto. Se você não consegue falar, o bebê vai nascer e venha para o hospital”. Morávamos mais ou menos perto, eu xingava meu marido demais – afinal, ele quem me engravidou”. Te amo, paixao!

Saí de camisola e corremos muito. Chegando lá, adivinha? A enfermeira disse que ía acordar a midwife. Migs, sério! Essa é a realidade. Alô, planeta Terra chamando. Ela acordou, me examinou e fomos para o quarto. Eu tinha 2cm de dilatação às 7h30. Pensei que ía para um centro cirurgico, claro, mas era um quarto mesmo.

Fui ao banheiro – ainda achava que era uma diarreia. Pedi para Thiago forrar o assento com papel higiênico. Migs, ele pegava cada papel higiênico e cortava naquela linha pontilhada e forrava a privada. Eu quase morrendo de dor. Forrou o assento todo, e eu achando que ia morrer de dor. Quando finalmente sentei, a enfermeira gritou: “Saia daí já, porque se o seu bebê cair na água da privada pode pegar infecção!”

Mediram os batimentos da Vic. Pedi anestesia e nada … mas ganhei um gás – que eu queria isso agora! Iria cheirar quando minhas filhas me deixassem louca – que dava uma super aliviada. Lança perfume feelings! A anestesia também é diferente do Brasil. É aplicada da mesma forma, mas a midwife da um controle. Você aperta o botão desse controle, para descer mais anestesia, de acordo com sua dor. Apertei só uma vez.

Nesse meio tempo, Thiago foi estacionar o carro e pegar a mala, porque tinha largado na entrada do hospital. Mais uma coisa, não existe manobrista, claro!

A midwife, quer dizer obstetrícia no Brasil. Não é médico que faz seu parto, é a midwife. Não deu tempo de perguntar o nome dela, juro! Enfim, ela me examinou às 10h e disse: “Você está com 10cm de dilatação. É agora”. Podem passar anos, e eu nunca vou esquecer desse – It is time!

Bom, era eu, ela e meu marido na sala. Sem nenhum instrumento. Na hora da contração, ela falava push. Fiz tanto push, push e push … aprendi que tenho limite, mas posso ultrapassá-lo. Suei muito. Zero glamour. Muito mulher. Muito mãe leoa. Muito amor. Muita cumplicidade, somente eu e meu marido. Foram cinco horas de trabalho de parto.

Durante o push, o batimento da Vic caiu. A midwife apertou um botão e entrou a equipe médica.

Vic nasceu, de um parto normal mais lindo do mundo, às 11h30 do dia 10 de agosto de 2015, em Londres. Pesava 4kg e 54cm. Sim, bem gordinha de muita saúde e muito amor ❤

Não tenho fotos. Não tenho filme. Não estava maquiada e produzida. Não tenho registros do dia mais emocionante da minha vida e do meu marido, somente uma selfie. Mas na nossa memória ficará para sempre, porque só eu e ele sabemos o que passamos ali, da nossa cumplicidade e do fruto do nosso amor, da forma mais natural possível de vir ao mundo.

Thiago, serei eternamente grata por todas suas palavras, presença e todo amor do mundo. Te amo, paixao!

Amor, muito amor.

Vic nasceu. Não limparam. Não aspiraram. Não dão banho. Nada.

A midwife me disse: “Natália, vamos levantar, tomar banho e ir para casa”. Oi?!? Princesa Kate feelings. Estou longe de ser princesa e sair de salto e vestido do hospital. Óbvio, que fiquei por lá mesmo. Em um quarto compartilhado, com quatro famílias, e um banheiro. Sem lembrancinha. Sem enfeite na porta. Sem flores. Sem mimimi. Com amor, muito amor. Minha única e mais importante visita: minha mãe.

Voltei para casa, e apresentamos a Victoria para a Valentina. Que emoção! A partir dali, tudo fez sentido para mim. Que presente nos estávamos dando uma para a outra.

Valentina e Victoria, pela primeira vez.

Não vou fazer discurso feminista-parto humanizado-natureba feelings … porque cada um sabe o que é melhor para você. E eu não sou dessas, alias longe isso. Acho que o mundo evolui, e nos evoluímos com ele. Parto em casa, na banheira, de cócoras no rio, da época das cavernas … não faz meu estilo. O meu, migs! Como eu tive as duas experiências, minha recomendação é : Eu faria parto normal 122mil vezes, pela emoção, amor e forma natural de vir ao mundo no dia e momento que o bebe escolher.

Valentina e Vic, muito obrigada por ter nos dado essa oportunidade em nossas vidas. Te amamos!

 

Postado em MINHAS MENINAS, MORAR EM LONDRES.

Prazer, Nati. Mãe da Valentina(2012) e Victoria(2015). Casada com o Thiago Marchi, que me fez expatriar por amor. Moramos em SP(Brasil), Santiago(Chile), Londres(UK), Madrid (Espanha), e Amsterdam (Holanda) no últimos 12 anos. Trabalho em vendas de software, amo viajar (52 países and counting ...) e ler. Bem-vinda ao zero glamour de uma mãe expatriada!

8 Comments

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  3. Ola Natalia, me recomemdaram o Dr. Paulo. Por favor, vc saberia me dizer se ele tem essa visão mais “parto normal”? Eu quero muito um parto normal, e até onde eu conseguir, sem intervenções. Obrigada Juliana ah, por favor não publica meu comentário 😊

  4. Amei tudo ! Fico feliz por ter participado um pouco do nascimento da Valentina 😘😘para as duas VVs rsrs 😘

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