A pergunta que eu mais recebo … como você consegue?

Querida amiga expatriada,

Eu não sei quantas vezes já me perguntaram: “Como você consegue?”. Seja no Brasil, na Holanda, quem me conhece e quem não me conhece.

A verdade é … eu só consigo por causa do meu marido. E ele só consegue por causa de mim. Nós conseguimos juntos!

Simples assim.

Ele é pai tanto quanto eu sou mãe.

Ele trabalha assim como eu trabalho.

Eu ganho muitoooooo menos do que ele, mas o meu trabalho NÃO é menos importante do que o dele.

Ele consegue trabalhar até às 22h, viajar a trabalho, cumprir metas e ser promovido … apenas porque eu faço o restante acontecer quando ele não está.

Eu consigo bater meta, viajar a trabalho para Londres e ser promovida … apenas porque ele faz o restante acontecer quando eu não estou (sem listinha, sem avós e sem ajuda).

Já ouvi também: “Ahhh mas quando você mudou de país, já sabia que o trabalho dele era muito importante e teria que viajar muito”. Sim, claro que eu sabia, e ele também sabia que eu abri mão da minha carreira, familia e país para viver o sonho dele (no começo, esse não era meu sonho!).

Nossa rotina.

Voltamos do Brasil no primeiro domingo de janeiro a noite.

Na segunda-feira, nós dois trabalhamos em casa para também dividir as tarefas domésticas e ficar com as meninas. Eu arrumei as malas e lavei todas as roupas. Ele fez compras e cozinhou para a semana. Nós dois ficamos com as meninas, entre um video call e outro. E segue o baile … não existe milagre ou receita pronta.

Na quinta-feira, eu estava em Rotterdam trabalhando. Ele me ligou e disse que iria levar a Vic ao médico, devido a eczema. Ele trabalhou em casa, foi buscá-la na escola, levou ao médio, pegou os cremes, passou nela e a deixou na escola. A noite, eu falei: “Paixão, obrigada por levá-la ao médico. Ele me disse: “Está louca? Não precisa me agradecer. Ela é minha filha”.

Ele está certo. É que vejo tantos pais por aí que fico chocada. Já falei que pai brasileiro acha que pagar babá e empregada significa ajudar. Exercer a paternidade não tem nada a ver com isso.

Thiago leva as meninas na escola segunda, terça, quarta e quinta. Na segunda e terça eu vou para a academia cedo, na quarta e quinta estou em Rotterdam trabalhando. Nossa, mas você vai malhar e ele arruma as meninas? Sim, claro, obvio e com certeza …  e pena que não posso malhar cedo na quarta e na quinta também.

Viagens

Quando viajo a trabalho ou cazamigas, sempreeeeeee alguém me pergunta: “E as meninas, onde estão? ” Ué, claro que ficam com o pai! Eu queria saber se alguém pergunta quando ele está viajando: “Nossa, com quem estão suas filhas?”.

Amanhã vou viajar a trabalho por três dias. E elas? Na segunda, vão para um playdate depois da escola (obrigada Dalia e Carol!), ele busca cada uma em uma casa e a noite – avisei em cima da hora e ele não conseguiu desmarcar a reuniao. Porém os demais dias vão ficar com o pai ué!

A única parte que eu fico freak é que ele não prende o cabelo das meninas bem preso, e piolho tem passaporte europeu #medooo.

Na semana que vem é a vez dele viajar, na outra semana também e assim por diante. Ele viaja todos os meses e eu fico igual barata tonta quando ele não está. Perdidinha e acabadinha da Silva.

Se eu posso viajar todos os meses? Não. No Brasil, eu viajava muito a trabalho e não quero mais essa vida. A empresa que eu trabalho mega respeita e entende isso.

“Mas é que você trabalha …”

Não, minha gente, já fiquei sem trabalhar fora alguns meses e ele também fez.

A verdade é que a gente se coloca numa situação que “só” porque não trabalhamos fora, podemos e devemos fazer 100%, tudo e mais um pouco em prol da familia.

Se você se sente bem com vida de Amélia, parabéns! Uma salva de palmas para você, porque realmente eu não sou evoluída assim.

Acima de tudo isso, para mim, tem a questão de valores. Acho muito importante as nossas filhas crescerem vendo que as tarefas são divididas e não que “menino tem que usar azul e menina usar rosa”.

Se eu consigo, qualquer um consegue. A gente dificulta demais as coisas, a vida e os encontros. Seja mais leve!

 

 

 

 

 

 

 

Falta gaveta para enfiar tanta saudade.

Querida amiga expatriada,

Há quase seis anos eu vivo com aquele nó entalado na garganta. Mais conhecido, como saudade. ♥️

Já tentei explicar para gringo o significado de saudade, mas não existe tradução.

A tecnologia ajuda a diminuir a distância, mas não mata a saudade.

Tenho saudade de cheiros.

O cheiro das 18h, conhece? Aquele cheiro de alho e cebola na panela, sinal que o jantar que está chegando (e não será feito por mim).

O cheiro do mar. Nossa, como eu sinto falta daquele cheiro de maresia.

Sinto falta até do cheiro da poluição de Sampa. Migs, sua loka! Pois é, mas é verdade esse bilhete.

Tenho saudades da comida.

Eu amo, amo e amo comer.

Na Holanda, definitivamente eles não sabem o que é comer bem.

Purê de mandioquinha, feijoada aos domingos, manteiga de garrafa, pastel de feira, carne louca com pão, bolinha de queijo, dadinho de tapioca, esfiha de zatar, pão na chapa, pão de batata, pão de queijo da beira de estrada, linguiça com pimenta, pão de alho de churrasco, tapioca com queijo do reino, queijo de coalho … enfim, uma infinidade de coisas.

E os doces? Hummm, meu fraco. Pudim de leite condensado, torta de limão, brigadeiro (qualquer um!) … eita, saudade!

Tenho saudade das pequenas coisas.

Tenho saudade de abrir a janela e ver o céu azul 💙 (pois é, nada comum por aqui).

Tenho saudade de abraço.

Abraço de gente conhecida. Abraço de quem acabou de se conhecer. Abraço que só brasileiro sabe dar. Abraço de verdade, sabe?

Quem é essa na fila do pão?

Tenho saudade de puxar assunto na fila do pão e fazer amizade. Sim, sou dessas!

Em Londres, eu pegava sempre o mesmo metro. Sempre as mesmas pessoas que nunca falavam Bom Dia.

Um dia li uma notícia de um chá de bebê que fizeram para uma moça que sempre pegava o ônibus naquele horário, no Rio de Janeiro. Muito amor. Coisas que só o Brasil faz por você! 😁

Tenho muita mas muita saudade dazamigas/os.

São amigas de muitos anos, que sabem da minha história, que participaram da minha vida e que eu não preciso dizer nada, apenas um olhar.

Tenho saudade que dói! Dói na alma, sabe?

Dos filhos dazamigas.

De não ter ído ao casamento de algumas.

De não ter visto o parto.

De não acompanhar o dia a dia.

De não estar presente nos aniversários.

Vejo tudo isso pela tela do celular: stories do instagram,  WhatsApp e facebook. Nossa, como dói!

Tenho saudade da minha família.

Eu MORRO de saudade da minha familia.

Eu não sou boas em despedidas. Choro muito. Parece que o mundo vai acabar.

Minha filha, Valentina, me puxou. Chorou muito na despedida. Fala que quer a Vovó Rosa (minha mãe), de partir o coração. Ontem ela estava olhando o chinelo, lembrou de Recife, e desatou a chorar.

Falta gaveta para enfiar tanta saudade!

Acabei de voltar do Brasil, depois de três semanas de amor, carinho e o melhor: não fazer serviços domésticos.

Hoje, minha lavanderia está bombando.

Agora, me resta enfiar toda essa saudade nas gavetas, lavar essas roupas e esperar 2019 passar … dezembro estarei lá, novamente! ❤️✌🏽🤸🏽‍♀️

Sobre oportunidades.

Querida amiga expatriada,

um dia uma uma leitora me mandou uma mensagem bem linda sobra as oportunidades da vida. Ela fez milagres com as oportunidades que teve na vida. E eu sempre fico emocionada (sim, sou chorona!) com o que as pessoas fazem das oportunidades.

Eu fui privilegiada na infância. Primeiro porque eu era filha única, e se tivesse mais irmãos não teria tido nem metade das oportunidades que tive. Segundo porque minha mãe era visionária desde sempre. Ralava para me dar o melhor. E o melhor não significava me dar todos os brinquedos ou tudo que eu pedia, mas o melhor era pagar escola, inglês, espanhol e francês. Obrigada, Maiê!

Tenho amigas que tiveram MUITO menos oportunidades do que eu. Migs, eu tenho amiga de infância que vive do Bolsa Família!

Tenho outras amigas que tiveram MUITO mas MUITO mais oportunidades do que eu. E essas … se eu contar onde estão, vocês nem acreditam. Fracassadas porque tiveram tudo e não valorizaram!

Mas eu tenho uma amiga inesquecível …

Sobre o meu maior orgulho – Mayara Hellen. ❤

Pode pegar um lencinho porque é de chorar. De chorar de amor e alegria!

Há sete anos, eu estava grávida da Valentina, e fomos consertar o celular do meu marido na Nokia.

Fomos atendidos pela Mayara Hellen. Na época, ela tinha 19 anos. O celular estava quebrado, ela pegou um aparelho para substituir, mas que também estava quebrado. Imagina a cara de c… do meu marido, né?

Resumindo, ela manteve a calma e fez um atendimento MUITO acima do esperado.

Eu a observei o tempo todo e no final, disse: “Oi, você é excelente e eu queria te contratar. Esse é o meu cartão, me manda um email com seu CV, por favor”. Tenho certeza que ela não acreditou naquele momento. Afinal com quem isso acontece na vida, certo? Mas enfim, ela me mandou o CV e encaminhei para o RH.

Eu era Gerente de Marketing e tinha uma equipe de atendimento ao consumidor. Eram 12 guerreiras!

Lembro, como hoje, no dia que ela chegou para fazer o processo seletivo. Tão nova e tão esforçada. Fez todo o processo e … adivinha?

EU A CONTRATEI!!!

Migs, a Mayara é meu maior orgulho! Ela agarrou essa oportunidade com todas as forças.

Morava bem longe do trabalho. O pai era motorista de ônibus e a mãe diarista. Filha única.

Na hora do almoço, eu dava aula de inglês (de graça) para ela e as outras mulheres especiais e guerreiras.

A Mayara sempre foi além em tudo. Eu pedia algo, ela fazia muito mais.

Entrou para a faculdade de administração, e em poucos meses a promovi para uma vaga no Financeiro, onde tinha mais a ver com o que ela estudava.

Eu sai da empresa, fui morar fora do Brasil e nunca perdi o contato, porque queria acompanhar essa novela.

Eu sempre achei que ela iria voar. Dito e feito.

Aquela empresa era muito pouco para ela. Ficou dois anos e meio. Estudou. Cresceu. Mudou de empresa.

Há quatro anos ela é Consultora na Ernerst Young.

Eu choro de emoção todas as vezes que vejo foto no insta. É ela, toda linda, na foto desse post!

Mayara, minha querida, esse mundo é muito pequeno para as oportunidades que você merece! Seja feliz sempre. Eu MORRO de orgulho e estarei torcendo sempre, mesmo que do outro lado do mundo, pelas suas conquistas. ❤

Palavras da Mayara Hellen …

E aí mandei o post para a May, e ela escreveu essas lindas palavras que chorei, choro e vou chorar sempre que lembrar.

“Naty, eu não tenho palavras para expressar o que você representa na minha vida. Você com apenas um gesto, mudou tudo… Muitas coisas aconteceram, mas foi ali que tudo começou, graças a VOCÊ. E o que eu mais acho fantástico é que tudo que vem acontecendo é interligado ao que você fez.

Vou citar algumas coisas:

Você me deu a oportunidade, assim comecei a trabalhar na Prosoft… Lá eu trabalhei com o Michel, que depois de um tempo veio para a EY… Assim, ele me indicou e eu abracei a oportunidade… Depois de 3 anos me candidatei para uma outra área da EY e um dos diferenciais foram que eu já havia trabalhado na Prosoft.
Olha só… Você mais uma vez presente na minha vida.

Na vida nada é por acaso e desde da primeira vez que te vi, soube que era um anjo em minha vida. Tudo começou ali, pq você acreditou no meu potencial e no que eu tinha a oferecer.

Quero deixar registrado aqui o meu MUITO OBRIGADA… Por TUDO! Sou eternamente grata a você, por tudo que fez e continua fazendo por mim.

Tenho CERTEZA que Deus te colocou na minha vida em forma de um anjo. E sei que mesmo você estando longe, estaremos sempre interligadas. É algo muito forte.

Conte sempre comigo! E vamos  em frente, pq o céu não é o limite…”

O Clique

Quando eu tinha 17 anos, meus pais se separaram. Não tenho contato com meu pai há 20 anos, mas não quero entrar nesse detalhe … e foi exatamente nessa época que aconteceu aquele CLIQUE da vida, sabe?

Eu era a filha-única-mimada-privilegiada, e de uma hora para outra, se minha mãe morresse no dia seguinte, eu não teria do que e nem onde viver. Acorda, filha!

Sorte é quando a oportunidade encontra o preparo – frase de uma leitora Vale Campelo.

Pois bem, começei a dar meus pulos! Na verdade, parti direto para o duplo mortal carpado twist com saída em espacate. 🤸🏽‍♀️

Comecei a trabalhar no Shakers aos 18 anos – fazia drinks em festa fechada. Ganhava R$80,00 por festa. Fazia facu de manhã, espanhol no almoço e trabalhava na night. O brasileiro parece que tem vergonha de trabalhar em certas coisas. Pagava bem e que mal tem? Fiz uma boa graninha que usei no meu intercâmbio no Canadá.

Depois, aos 20 anos, entrei em Hotelaria. Fiquei por quatro anos trabalhando das 15h às 23h30, no intervalo do meu trabalho (19h), eu ensinava os coziheiros do hotel a ler. Fazia faculdade de manhã e espanhol na hora do almoço. Tenho super amigos dessa época até hoje!

Meta

Eu sempre quis e vou ser: rhycah e feliz (sim, porque tem muita rhycah deprê) para viajar o mundo. Essa é minha meta! Não julgue. Sem mimimi. Foque na sua meta e vá lutar por ela.

Depois de quatro anos em hotelaria, percebi que não iria ficar rhycah. Muito menos trabalhando na área operacional que eu tanto amava. Também não teria tempo para viajar (minha outra meta)… o que eu fiz? #partiuTI.

Comecei como assistente. Não, Migs! Nada de assistente de Tecnologia da Informação, mas assistente faz-tudo-quando-ninguém-quer-fazer-poha-nenhuma, conhece? Era uma empresa finlandesa de segurança da informação.

Comecei do zero em TI. Só sabia digitar, ligar e desligar um computador.

E aí, a maior parte do meu salário eu investia em estudos, porque o conhecimento ninguém tira (aprendi com minha mãe) … estudei para poha! Fiz pós-graduação e especialização em Marketing, Marketing de Serviços, Administração de TI e MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Entreguei meu TCC duas semanas antes da Valentina nascer.

A empresa te da oportunidade ou você busca a oportunidade?

Você é quem na frase acima? Pense bem.

Eu busco, aliás cavuco a oportunidade na empresa.

Eu sempre entreguei muito além dos meus resultados, até hoje … bati minha meta deste ano em setembro. Uhuuuu!!!

Tive chefe que me xavecava (safado!).

Tive chefe que me humilhava.

Tive chefe que eu fazia tudo e ele quem ganhava os louros.

De todos, eu sempre tirei o melhor aprendizado.

Migas, eu também tive chefes maravilhosos! Renato Chammas, Fabiano Orsi, George Durante e Lucas (VP da minha atual empresa), meu eterno muito obrigada. ❤️ Esses caras são fodásticos!

Um dia eu trabalhava em Hotelaria, e um hóspede habituee (frequente) pediu para ver um quarto superior. Quando mostrei, ele me agarrou, eu sai feito louca correndo e chorando. Avisei para o Gerente Geral, na época. E ele? Falou com o hóspede e contou o ocorrido para a empresa que pagava a hospedagem. Simplesmente ele virou persona no grata no hotel. Chefe da poha, obrigada GG!

Fui mudando de empresa e crescendo profissionalmente na área de Tecnologia da Informação. Todos meus empregos, eu consegui pelo LinkeIN. Tem dicas dessa ferramenta maravilhosa neste post.

Me encontrei. Amo o que eu faço! TI é o futuro, sempre vai ter mercado para quem quer crescer nessa área.

Acho que 80% são homens. E eu AMO trabalhar com homens. Sou prática. Migs, pelo amor, a mulher olha sua roupa e fica com cara de c … a tarde toda porque não almoçou com você. Além de desejar sua bolsa, corpo, cabelo, qualquer coisa que ela acha que é melhor do que ela tem. Faz drama e fofoca. Puxa tapete. Se o homem tiver algum problema, já fala na cara e resolve.

Segue o baile…

Geração Millennials

Já começo esse parágrafo com preguiça dessa nova geração. Ai ai ai … como será o futuro?

Eles querem ser promovidos em seis meses. Oi???

Se achany melhor do que o Chefe. Sempre!

Tem UMA experiência profissional e acham que o CV é de f…

Focam em salário, não em carreira. Mudam de emprego por 20 euros.

Hello, new generation, bora cair na real!

Nossa se eu tivesse tido esta oportunidade …

Falei das minhas oportunidades. Falei da oportunidade da Mayara. Não se compare com a gente!

Não adianta comparar. Não adianta ficar frustrada. Não adianta ficar se achany a melhor. As suas podem ter sido melhores ou piores do que as nossas. Cada um tem e faz a sua história.

Já ouvi tanta história deprê de expatriada, mas Migs o que você faz para mudar? Fácil reclamar. Difícil é fazer acontecer. É óbvio que eu também tenho meus momentos de reclamar. Vivo perrengue atrás de perrengue, já falei aqui. 😁

É fodástico acompanhar carreira de marido, mas muitas pessoas queriam ter essa oportunidade. Aproveite o que é possível aproveitar. Faça algo que goste. Faça algo por você. Faça algo que te dê prazer.

Se você ainda não se encontrou, tem 122mil videos no youtube que é só dar um clique para aprender.

Mais uma para a conta!

Semana passada, estava almoçando com meu chefe de Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) e disse que era shame on me não falar dutch. Realmente acho uma falta de educação morar aqui, na Holanda, e não falar a língua.

Contei que fiz um curso intensivo de duas semanas, mas precisava estudar mais.

E ele? Migs, vai patrocinar um curso de dutch para mim. Estou tão feliz! Para você, pode parecer pouco mas para mim é MUITO.

Mais uma vez cavuquei uma oportunidade e consegui. Uhuuuuuu!!!

É no perrengue que a gente cresce!

Querida amiga expatriada,

perrengue, sabe? Essa é a palavra mais utilizada no vocabulário de uma expatriada, principalmente com filhos(as).

Nesse mundo das redes sociais, a Migs fala “Vou mudar para Paris”. Aí você imagina a bela vendo o por do sol nas escadas em frente a  Sacre Coeur, passeando plena de barco pelo Rio Senna, comprando bolsas caríssimas na Galeria Lafayette, fazendo look do dia na Torre Eiffel e picinic nos jardins de Versailles. Sendo que na verdade, ela está pegando aquele metro capenga com cheiro de desodorante vencido há semanas e se virando para apenas falar croissant em francês.

A gente idealiza, com um filtro romantizado, demais as coisas.

Eu tenho uma coleção de perrengues pelo mundo, e mesmo assim sigo me jogando mundo afora para aumentar essa coleção. Assinado: “a loka assumida”.

Vou contar sobre a minha experiência. Sempre recebo a mesma pergunta.
Fulaninha: Qual país você mais gostou de morar?
Eu: Eu ❤️Londres e sinto falta todos os dias da minha vida!
Fulaninha: Nossa, mas não era muito perrengue?
Eu: Sim, no perrengue a gente aprende e cresce em todos os sentidos.

Se eu tenho um conselho nessa vida é … passe perrengue! Migs, “tá loka”? Só assim a gente valoriza as coisas! E depois vai rir das histórias para contar.

Sobre nossa vida em Santiago, Chile.

No Chile, foi MUITO difícil no começo.

Quando chegamos, abaixo de zero grau e eu não conhecia nenhuma alma. Tivemos uma pisada de bola de amizade (depois tudo se resolveu!).

Moramos dois meses em um flat minúsculo.

Valentina tinha oito meses, muito pequena e eu mãe de primeira viagem totalmente perdida.

Migs, mas depois de uns meses, minha vida era ma-ra-vi-lho-sa!

Eu tinha a Eli (super querida) que me ajudava três vezes na semana por meio período (luxo!). Meu marido voltava do trabalho as 18h, milagre!

Valentina também ía a escola meio período. Pegou 122mil virus, internações e mais um pouco, enfim aquele caos dentro do esperado!

Almoçávamos em vinículas. Íamos a praia no final de semana. Esquiávamos no inverno. Conheci todas as casas/ museus do Pablo Neruda.

Eu fazia academia no prédio.

A comida era deliciosa. Ai que saudade do ceviche e tres leches!

A vista do meu apto era para a Cordilheiras dos Andes com neve.

Minhas amigas eram e são super especiais até hoje.

E no final, consegui um emprego.

O que eu poderia reclamar???

Sobre nossa vida em Londres, Inglaterra.

Mudamos para Londres … bem-vinda aos perrengues!

Foram 32 entrevistas até conseguir um emprego na mesma área/posição do Brasil. Acordava às 5h45 e pegava dois ônibus e quatro metros por dia para ir e voltar do trabalho (lia três livros por mês no trajeto).

Entrava super cedo e saia às 16h30 para voar e pegar as meninas, uma em cada escola – custava 5 pounds o minuto de atraso!

Tive uma mega tristeza e dificuldade para cuidar das duas, na minha licença maternidade (frio+escurecia às 16h+Thiago viajando muito).

Aprendi a criar uma rotina para casa ou ficava louca.Tinha cleaner 5h na semana.

Nos últimos meses babá 4h na semana – uau!

Vic é asmática e tinha duas crises ao mês, no mínimo, e eu não podia ficar com ela em casa porque tinha que trabalhar. E meu chefe, naquela época, não tinha filho e não entendia nada desse paranauê.

Mas azamigas … ah azamigas me ajudaram e me ajudam muito até hoje! Amo demais, vocês.

Londres, não só para mim, mas para outras pessoas que eu convivi é realmente uma cidade bem difícil de morar por N motivos. Grande. Lotada de pessoas. Sempre faz um vento da poha ou chove. Nem sempre tem elevador nas estações para o carrinho de bebe. Tudo, praticamente tudo tem que ser planejado com muita antecedência, pois é a capital do mundo (sei lá depois do Brexit) …

… mas eu amo muito, muito e muito Londres.

Sobre nossa vida em Madri, Espanha.

Mudamos para Madrid.

Como uma pessoa pode reclamar se quando abre a janela tem o céu azul de brigadeiro mais lindo do mundo? 💙

A vida é bem parecida com a da” bolha da classe média brasileira”.

Um dos países menos caros da Europa, depois de Portugal.

Amava nosso apto. O mesmo conceito do Brasil, de condomínio com área comum.

A comida é uma delicia, meldels! Ai que saudade do solomillo!

As meninas demoraram para se adaptar na escola, por conta do espanhol.

Thiago quebrou o joelho e ficou um mês e meio sem andar AND as meninas de férias AND a única ajuda que eu tinha seis horas na semana me deixou na mão.  Quem quer esse combo perfeito?  Perrengue total, mas nessas horas sempre aparece um anjo …  uma super amiga indicou um médico ma-ra-vi-lho-so e serei eternamente grata a ela por isso. Obrigada Mari!

A Kelly apareceu para salvar minha vida no último mês por lá. Tinha muita ajuda – oitooooo horas na semana (rhycah!!!).

Fazia calor, e eu sinto muita falta desse calor. Muita mesmo!

Fiz amigas especias e queridas demais!

Sobre nossa vida em Amsterdam, Holanda.

Em Amsterdam, passei mega perrengue no começo.

Morávamos para Oud Zuid, bairro super maravilhoso e mega bem localizado. Comprei uma BIKE, estava feliz da vida, até que marido foi viajar  a trabalho e adivinha? A minha cleaner, na época, me disse que encontrou um coco de rato na minha tábua de cortar. Migs, eu chorava, dei piti e surtei! Fui falar com os vizinhos e cazamigas. Me senti super idiota, por quê como era o quinto país que eu morava – já me achava a sabidona – e  não sabia que na Holanda tem ratos????

Migs, eu sou sua Migs e vou te contar o que a internet não conta … o povo posta foto nas bikes com cestinhas com flores,  passeando nos canais lindos e casas-barco … mas praticamente TODAS azamigas que conheco, que moram em AMS, já tiveram experiência com rato em casa. Não so um, ta? Uma familia de ratinho de todos os tamanhos!!!!

Para o holandês isso é OK. O cara do meu trabalho, so esse ano, já me mostrou três fotos de ratos que ele pegou dentro da cozinha esse ano. Eu sei de 122mil historias de rato nessa terra! Para mim é nojento.

Até negociar a saída da casa e fechar uma casa nova demorou dois meses, pois o dono queria que pagássemos um ano de aluguel. O que eu fiz? Praticamente não dormi dois meses. Contratei empresa de pest control, veneno, simpatia, rezava, chorava e seguia o baile super na bad.

Resumindo … fiz três mudanças de casa em 2017 em dois países. Sendo que eu já mencionei em outro post que levo a casa toda.

Mudamos para o sul de Amsterdam, para não morar com ratos. Simples assim.

Meu antigo trabalho, de Londres, me chamou para voltar. Duas vezes por semana passo 3h45 no trem/metro para ir e voltar de Rotterdam.

Meu marido viaja uns 12dias por mês (essa parte vai piorar ano que vem) e chega do trabalho depois das 21h todos os dias.

Criei uma rotina de serviços domésticos super estruturada. A Thais megaaaaaaa me ajuda – seis horas de babá na semana (quando estou trabalhando) e seis horas de cleaner …

Eu moro na porta da escola, basta atravessar a rua e três minutos a pé do metro.

Depois dessa explicação toda, hoje, na Holanda, a minha vida é infinitamenteeeee ao cubo “menos perrengue” do que quando morava em Londres.

Tenho mais atribuições no trabalho agora do que antes, mas aprendi a me organizar para curtir mais as meninas, fazer playdates e almoçar cazamigas durante a semana. Também tenho tempo (pouco!) para ir a academia.

Consegui ter o equilíbrio que eu tanto buscava no lado profissional e pessoal  – mesmo ficando morta com farofa muitas vezes. É fodástico!

Sobre o país que eu mais amei morar.

Eu sou apaixonada pela Holanda, mas eu AMO Londres, você me entende?

Lá eu aprendi tanto.

Desde limpar o quintal até sobre fazer uma pausa em uma reunião porque meu colega de trabalho, mulçumano, tinha que rezar no tapete virado a Mecca.

Lá eu cresci tanto!

Lá eu tive minha filha, de parto normal, em um hospital público.

Lá a minha filha mais velha passou a maior parte da vida dela.

Lá era perrengue atrás de perrengue … e isso me fez valorizar tudo o que  já tive e tenho.

Sempre fui super agradecida na vida, mas fiquei muito e muito mais!

E vai saber o que ainda me espera de perrengue pelo mundo afora 🙂 …

Pai brasileiro X Pai europeu.

Querida amiga expatriada,

sempre que eu viajo com minhas amigas ou a trabalho, para outro país, alguém pergunta: “E as meninas ficam com quem?” Oxe, com o pai! Com quem deveriam ficar? E deixa eu te contar, ele NUNCA chamou a babá ou a família para ajudar.

Eu tenho uma visão de pais brasileiros totalmente diferente de pais europeus. Essa é a minha experiência, o que eu vejo por aqui há mais de cinco anos. A sua visão pode, e claro deve, ser diferente. Não existe certo ou errado. Existe o que funciona para a sua família.

Pai europeu.

Os pais europeus participam MUITO na vida da família.

Em Londres, sempre revezavam na escola. O pai levava e a mãe buscava. Nos parquinhos, muitos pais com os filhos. Aliás, em todos os lugares!

Na escola das minhas filhas tem alguns casos, onde a mãe trabalha full time e o pai fica com as crianças. Eu não vejo problema algum nisso, até porque eu cresci em uma familia assim. Sem traumas.

Aqui, na Holanda, alguns pais tiram um dia da semana para não trabalhar e ficar com os filhos. Normalmente é na quarta-feira, pois a escola funciona meio período. A empresa permite isso. Chama-se papadag.

Na Alemanha, a licença maternidade/paternidade pode ser dividida entre ambos.

É super normal na aula de natação, no final de semana, as crianças irem com os pais. Outro exemplo, na Holanda, todo sábado tem as competições esportivas pela manhã. Tem muito mais pais do que mães.

Os pais fazem compras, cozinham, limpam e lavam. Enfim, fazem muitos serviços domésticos. Tiveram esse exemplo, desde pequenos, na própria casa.

Aqui, as pessoas, não tem empregada ou diarista. Tem cleaner 3/4 horas na semana (se tiver!).

O conceito de babá é MUITO diferente do Brasil. A babá fica com as crianças quando os pais não estão, entendeu? Ela não vai ficar em casa, se voce está em casa. Os pais chegam, elas vão embora no mesmo minuto. Um dia fui explicar para o pessoal do meu trabalho o conceito de babá folguista, eles acharam surreal! Ninguém paga babá para dormir até mais tarde, porque cada hora do seu sono vai custar no mínimo 10 euros. Ninguém viaja com babá. A babá custa caro, muito caro! E mesmo se podem pagar, esse não é o conceito.

Quando uma amiga do Brasil fala que quer morar fora, e está tirando passaporte para #partiumundo, eu realmente fico só imaginando o marido dela aqui. Migs, caia na realidade! Seu casamento vai acabar, porque vai ser tanta briga que não vai rolar. Tem que se organizar muito bem.

Migs, morar na Europa, sem família e sem ajuda, milagre não tem. Só com PAIZÃO!

Pai brasileiro.

Acho que a nossa geração cresceu diferente. Não existia celular ou ipad. No máximo, era Chaves e Chapolin na TV. Não tínhamos tantas “necessidades” do último lançamento do brinquedo. Brincávamos muito na rua. Tudo era mais simples. Andávamos no porta-malas do carro, sem reclamar, e ainda rindo quando passávamos na lombada. E, principalmente, o merthiolate ardia! 😁

Atualmente, as necessidades tem outras proporções …

O pai brasileiro acha que pagar babá ou empregada significa ajudar. Alô, Planeta Terra chamando!  O pai que não pode pagar babá ou empregada, escala as avós, tia, madrinha, enfim até o papagaio … mas não ajuda!

Querido papai, você não está ajudando. Está apenas exercendo a paternidade, seu papel, entendeu?  #ficaadica. 

Eu conto nos dedos de apenas uma mão os maridos das minhas amigas do Brasil que ajudam em casa. Elas sabem exatamente quem são. Não preciso listar aqui.

Falando sério, Migs. Você, mãe brasileira, deixa o pai fazer as coisas? Óbvio que ele não vai trocar a fralda como você, colocar para dormir como você ou escolher o saia neon-fluffly-tutu do dia como você. Ele vai fazer diferente, e muitas vezes, até melhor! PERMITA-SE. Deixa o pai fazer do jeito dele, em paz, e não fique “de bituca” para controlar se está tudo certinho.

Meu marido já esqueceu o carrinho na rua, em frente a escola, váriassssss vezes, em Londres. Já deixou a fralda de coco dentro da gaveta, da cômoda. Na hora eu dei piti, mas depois morri de rir! Vou fazer o que?

Ele é o responsável por todas as compras da minha casa há meses. Cozinha super bem (muito melhor do que eu!). Coloca roupas para lavar. Leva na escola. Arruma os caxinhos das meninas. Escolhe looks incríveis e mirabolantes. Leva as duas na natação todos os domingos de manhã. Ensina a andar de bike sem rodinhas. Faz as marmitas da escola. Faz special day (sair somente com uma filha). Leva ao cinema, museu, parquinho e fazendinha. Quando eu viajo, ele passa o final de semana fazendo 122mil atividades com elas, sem NENHUMA ajuda, e leva até para o cabelereiro (essa parte me deixa meio tensa)! Elas comem Mc Donalds em todas as refeições. Quando eu volto, Valentina sempre pergunta quando eu vou viajar de novo. 🙂

Ontem fui ao cinema cazamigas. A Vic estava com crise de asma. O que ele fez? Levou ao hospital, fez inalação, comprou remédio, resolveu tudo e NÃO me ligou. Eu só descobri quando cheguei em casa e vi a receita do hospital em cima da mesa. Ele é o pai tanto quanto eu sou a mãe. Esses e outros motivos me fazem ter a consciência tranquila e a certeza que ele é mesmo um homão da poha!

Thiago viaja 12 dias, no mínimo, por mês. Volta do trabalho muito tarde todos os dias, por volta das 21h. Quando não está, Meldels!!!! Eu fico exausta e morta com farofa. Como semana passada, por exemplo. Ele viajou segunda e voltou sábado. Aí eu vejo como ele participa, me ajuda e a falta que faz.

Querida amiga mãe expatriada, não adianta falar que ele trabalha e você não trabalha então tem que fazer tudo. Na na ni na não! Eu não trabalhei quando morávamos em Madrid e ele também exercia a paternidade.

Paixão, muito obrigada por tudo.  Principalmente por criar essas lembranças maravilhosas que as nossas filhas terão para sempre! ❤️

Passeio no parque!

No metro … enquanto eu estava na Polônia cazamigas.

No museu Van Gogh, enquanto eu estava trabalhando em Londres.