Super hiper mega ultra qualidade de vida, bem-vinda a Holanda. 

Migs,

lendo esse título você achou que a minha vida está fácil assim, né? Rá! Deixa eu te contar que está bemmm longe disso. Esse post é para contar minha experiência, depois de quase três anos, nessa terra maravilhosa, a Holanda.

Pacote completo: cidade mais fotogênica ever evahhh + multinacionais + muito verde

Vamos falar sobre Amsterdam. Você conhece? Se não conhece, pode colocar na bucket list, porque essa cidade é apaixonante para quem visita e para quem mora. Com toda certeza do mundo! Eu não conheço nenhuma pessoa que tenha falado que não acha essa cidade linda.

Deixa eu te apresentar a cidade mais fotogênica do mundo, Amsterdam.

Parece uma casa de bonecas ao ar livre. Todas as pontes, com a vista dos canais, são lindas, e mesmo morando aqui depois de anos ainda paro para tirar 122mil fotos blogueirany. É apaixonante mesmo.

O Brexit ajudou muito a vinda de muitas empresas para a Holanda, principalmente Amsterdam, Rotterdam e Haia. Temos muitas áreas globais de multinacionais. É bom para a empresa em relação aos impostos, e principalmente para o expatriado, onde é possível aplicar para o 30% rule e usufruir desse benefício por 5 anos (eu e meu marido estamos nesse rolê!). Isso já torna um belo atrativo para quem quer morar aqui.

O custo de vida é alto, como qualquer  grande metrópole, por exemplo Londres e Paris, mas Amsterdam ainda tem aquele charme de cidade pequena. E espero que nunca perca isso, o que a torna muito especial.

Verde, sabe? Agora bota mais verde nisso. Muitos parques, árvores em todos caminhos e paisagens incríveis.

É muito bom para xóóóvens, idosos, solteiros, casados, enrolados e famílias.

Tem muita diversidade.

As pessoas são livres de verdade.

A língua é dutch mas TODO mundo fala inglês.

Tudo funciona.

Enfim, para mim, esse é o pacote completo para a …

Super hiper mega ultra qualidade de vida

Eu já morei em cinco países, e depois de toda essa bagagem não tenho a menor dúvida que aqui é onde eu tenho a melhor qualidade de vida ever evahhh. Não somente eu, mas toda minha família.

Para quem nunca teve uma experiência fora, fica um pouco difícil de explicar, mas vamos lá: qualidade de vida não é o que você pode financiar. Senão seria bem fácil para os rhycos, né? Pagar e ter, simples assim. Nope! A qualidade de vida é o que o governo proporciona para você ter uma vida melhor.

Sobre distância

Para começar, depois de morar 3 anos em Londres, foi bem impressionante esse lance da distância quando cheguei aqui. Lá eu não poderia ligar para uma amiga e falar para nos vermos daqui a pouco. Combinar em cima da hora, em Londres, não é possível. Tudo leva uma hora de metro AND tem que reservar qualquer boteco com muita mas muita antecedência.

Aqui tudo leva 20minutos. Seja de bike, trem, bondinho ou ônibus. Uber também.

A cidade é muito pequena, e o país tem a mesma quantidade de pessoas do que a capital de SP. É possível atravessar o país todo em 2h30 ou 3horas no máximo.

Eu, por exemplo, trabalho ou trabalhava (antes da pandemia) três vezes por semana em casa, e duas vezes por semana em Rotterdam, no sul da Holanda. E tudo bem essa locomoção porque os trens são maravilhosos. Mega estrutura, partem e chegam no horário.

A vida em cima de duas rodas

E essa vida em cima de duas rodas? É boa demais.

Os pais levam os filhos na bikefiets, aquela bicicleta cargo. Os filhos aprendem desde cedo a pedalar, pelo menos a Vic já aprendeu com 3 anos a andar de bike sem rodinhas. O vento na cara, as distâncias mais curtas e aquela poha da chuva que entra no útero incomodam, mas ainda o saldo é bem positivo.

Vida ao ar livre

A Holanda tem praia, lagos, diques, piscinão de ramos, parquinhos e muitos parques. Tem MUITA coisa ao ar livre. Muita mesmo! A vida é mais leve assim, com certeza. E o melhor? Isso tudo é de graça.

As crianças mais felizes do mundo!

Você pode confirmar nesse livro – The Happiest Kids in the World! 

Eu li e recomendo.

Vida linear holandesa

Sim, aqui a vida é linear, aos nossos olhos, desde sempre e para sempre.

Vamos lá!

O bebezuco holandês nasce. Como? A mãe tem parte do parto em casa assistida pela midwife, e depois vai para o hospital público. Pode ser o parto todo completo no hospital e muito bem assistida. Se quiser ter parto natureba em casa, também é uma opção bem comum.

Nasceu. Vai para sua casita. Uma enfermeira – isso mesmo! – fica na sua casa durante cinco dias, mais ou menos, acompanhando e auxiliando a vida da sua famīlia com o novo bebezuco. Ela ensina a amamentar, arruma a cozinha, fala para o novo pai fazer tal coisa, a avó outra coisa e cuida do bebê por algumas horas por dia. É realmente incrível! Quem paga isso? O povo com o dinheiro dos impostos – os brasileiros nem sabem que isso é possível, porque não sabemos para onde vai o dinheiro dos nossos altíssimos impostos.

Aí vem o governo, que te direciona para tudo! É tipo um Big Brother. Migs, já leu o livro 1984 George Orwell? Então, mais ou menos nessa agenda.

A mocinha te liga e fala que você tem que levar a filha para pesar no lugar X, tomar vacina na idade Y e fazer outro consulta no dia Z.

O bebezuco cresceu.

Assim que faz 4 anos, no dia seguinte vai para a escola pública (sem adaptação mesmo, no meio do ano letivo). E tudo bem, porque a criança holandesa aprende a ser independente desde que nasce.

A escola não é como em Londres, onde a escola pública é boa depende do local que você mora. Por aqui, todas as escolas tem o mesmo nível. Não importa se fica no Norte ou Sul da Holanda. No bairro mais chiquetoso ou no bairro mais simples, claro que alguns bairros terão mais imigrantes do que outros mas o que eu quero explicar é que o nível de ensino é o mesmo.

Estuda. Estuda. Estuda.

Lá pelos 8 anos de idade já pode ir de bike sozinho para a escola.  Acho demais isso!

Aos 9 anos aprende inglês. Um inglês perfeito e sem sotaque para sempre. Eu fico passada como qualquer holandês fala inglês super bem. Milhões de vezes melhor do que nós, brasileiros. So sorry, mas é!

Agora vem o rolê diferente aos 12 anos (secondary school). A escola/ governo/ Big Brother ou sei lá como você queira chamar isso, decide o que você vai fazer da vida. Curso Técnico. Faculdade. Mestrado. Talvez Doutorado? Isso mesmo, Migs! Não é você quem escolhe o que fazer da vida, mas sim eles te orientam o que é melhor para seu perfil com base no seu desempenho até aquela idade. Por aqui é OK parte da população não ter faculdade e muito menos não ter ambição para isso. Tipo uma seleção natural de Darwin, digamos assim.

Eu não concordo com esse sistema, porque eu não fui uma boa aluna até essa idade. Por outro lado, eu acho muito correto TODO mundo ter oportunidade profissional nesse país, entende? Desde a pessoa que fez o curso técnico a quem tem mestrado. E não existe aquela cobrança dos pais esperarem que o filho seja o melhor. Sabe por quê? Porque eu acho que é uma questão de crescer na empatia do que na competição, como nos EUA. Pronto, falei.

Sistema público de saúde

No meio de tudo isso, a saúde é publica, mas tem que ter um seguro saúde que custa na média de 100 euros por mês, por adulto. Criança não paga. Eu sei, parece estranho ser público mas tem que pagar.

Não tem como simplesmente querer um médico particular, especialista em XPTO porque não vai rolar se o seu huisarts (médico da família) não aprovar.

Eu nunca tive problema com o sistema daqui. Obviamente não é o melhor do mundo para o brasileiro, porque a gente gosta mesmo é de fazer 122mil exames, pesquisar no google e dar o nosso próprio diagnóstico, né? Porém, quando é um problema grave, para eles, o governo dará toda assistência necessária. Para prevenção é como qualquer país na Europa, não tem mil exames.

Part Time Job

Mamadag e Papagad. Na quarta, normalmente, é dia do pai ou mãe ficarem com os filhos. A escola pública funciona até às 12h. Outros pais escolhem outro dia da semana. O salário é reduzido e tudo bem.

A maioria das mulheres trabalha 4 vezes na semana. O que chamamos de part time. Eu não faço, mas todas as mulheres da minha empresa fazem. Isso não quer dizer que elas se matam até tarde para compensar nos demais dias. Nope! Saem as 17h do escritório.

Burocracias

Tudo funciona perfeitamente.

Precisa ir a prefeitura? Deve ser no máximo 8 minutos da sua casa. Tudo novinho. Café do bom e de graça. Área para kids. Seu “problema” é resolvido em menos de uma hora.

Tem um plano de pensão bom.

A parcela de compra de uma casa é mais barata do que aluguel.

Os vizinhos “controlam” a vida dos outros. Se você está fazendo tudo correto. É um pouco invasivo no começo, mas depois voce aprende a responder/ dar um fora.

O imposto é super alto. Até 52% do seu salário.

Burn out

Vou começar do final para o começo … burn out.

Eu estava na casa de uma amiga indiana, a Natty.  Conheci duas médicas, uma indiana e outra americana, que vieram acompanhar os maridos e estudaram praticamente tudo de novo AND holandês para exercer a profissão aqui. Eu morro de orgulho dessas pessoas!

Enfim, conversa vai e vem. Ambas falaram que TEM que dar muito atestado de burn out.

Migs, o burn out é exaustão nível master. O fato é que ambas também falaram que tiveram que “aprender” o que era o significado dessa exaustão nível master para eles, holandeses, porque para elas não era.

Migs, claro e óbvio que tem burn out real mesmo. Uma amiga próxima já teve. Porém, aqui, a médica disse que é só o chefe pedir para ficar 1 horinha a mais e a pessoa já tem isso. É só ter uma pressão mínima no trabalho. E além do mais é muito mais difícil, pela Lei, a empresa despedir um colaborador.

Por quê tem muitas solicitações de atestados? Segundo as médicas que eu conversei, os holandeses tem uma vida perfeita demais. Quando algo é diferente ou sai do padrão deles já se torna um problema. Muito grave.

Sabe first world problem? 

Sabe esforço?

Sabe lutar?

Sabe começar do zero?

Sabe desigualdade social?

Sabe miséria?

Sabe passar perrengue fodástico? Então, não existe aqui! Eles não sabem que é isso.

Primeiro dos Primeiros Mundos, Migs!!!

Fórmula de Sucesso

Eu não estou aqui para julgar se esse modelo é certo ou errado. Quero apenas compartilhar essa visão depois de quase três anos de Holanda.

Para alguns (já escutei muito isso!), o holandês é preguiçoso, o famoso braço curto. Ele não está muito preocupado se não vai rolar emprego, porque ele sempre terá. Para outros, ele é grosseiro. Para muitos, ele leva uma vida entediada, onde tudo é perfeito e não tem problema grave.

Nessas horas que a gente percebe como morar fora do seu país, sair da sua casinha, dos pré-conceitos, experimentar novas culturas, sabores, e tentar entender uma outra mentalidade faz TODA diferença na vida. A gente cresce demais.

E eu só posso mesmo agradecer MUITO em aprender, com eles, tudo isso e ter cada dia mais certeza que esse país tem a melhor qualidade de vida mesmo!

Eu não estou partindo, mas eu agradeço muito e sempre. Obrigada Holanda por tanto!

 

 

 

Postado em EUROPA, Holanda, MORAR EM AMSTERDAM, VIAGENS e tageado .

Prazer, Nati. Mãe da Valentina(2012) e Victoria(2015). Casada com o Thiago Marchi, que me fez expatriar por amor. Moramos em SP(Brasil), Santiago(Chile), Londres(UK), Madrid (Espanha), e Amsterdam (Holanda) no últimos 12 anos. Trabalho em vendas de software, amo viajar (52 países and counting ...) e ler. Bem-vinda ao zero glamour de uma mãe expatriada!

4 Comments

  1. Amei o texto. Já tinha me apaixonado por Amsterdam em uma trip.. agora mais ainda sabendo de tudo isso!! Obrigada pelos textos excelentes 👏🏼

  2. Oi Nati, obrigado por compartilhar a sua opinião sobre morar na Holanda. Gostei muito. Me tira uma dúvida: – Você consegue ver os comentários que eu faço no seu blog? Beijos nas meninas. Saudades de vocês.

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